sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Vinho, Café e Igreja

O desenvolvimento do paladar e o consumismo nos modelos de igreja

Bebidas como o vinho e o café possuem características em comum. Ambas podem ser encontradas numa variedade quase infinita. 

Eu cresci em meio aos cafezais. Estados como Minas Gerais e Espírito Santo são ricos nessa cultura que fascina tantas pessoas. Além das características dos diferentes cafés é possível falar também de variedade e qualidade. 

Hoje moro numa região de vinícolas. A serra gaúcha é famosa por seus parreirais, uvas, sucos e vinhos. Em minhas andanças pelo sul do nosso Brasil fui descobrindo que, assim como fazíamos no interior do estado do Espírito Santo, colhendo, secando, torrando, moendo e passando o nosso próprio café, também muitos pequenos produtores de uvas fazem o seu suco e o seu vinho artesanal. 

Relembrando aquela experiência com o café, uma coisa que hoje consigo discernir é que não havia muita preocupação em procurar fazer algo requintado, especial, diferenciado. As famílias simplesmente tomavam café. Era aquele único café: preto, puro, geralmente servido num copo americano. Especialmente o café do tipo arábica que, diziam, é mais próprio para se beber. Os gostos não estavam num refinamento que discerne as sutilezas do sabor de um 'bom' café. Podia variar na torra, se mais fraco ou mais forte, mais quente ou mais frio, com o sem açúcar. Geralmente ficava por aí! Assim, a maioria dos produtores de café, falando especialmente dos pequenos produtores, talvez ainda hoje jamais tenham provado aquilo que nos grandes centros se toma como um 'bom' café, os cafés finos e tal. Eles tomam café com pão, com  brote, com bolo, com língua (expressão utilizada quando a situação era precária e não havia o que comer - só tinha mesmo o cafezinho puro, sem nada pra comer ou acompanhar).

Especialistas concordam que o paladar do ser humano é treinado. Podemos desenvolver o gosto pelas coisas. Existe, inclusive, a expressão 'alfabetizar o paladar'. Quem nunca lutou contra a dificuldade de fazer as crianças comerem coisas saudáveis? 

Para não tornar essa introdução longa demais, fato é que se insistirmos em provar diferentes vinhos bem como diferentes cafés, notaremos que, com o tempo, não conseguiremos mais tomar aquelas bebidas feitas de qualquer jeito, ignorando as característica do fruto, a falta de cuidado no processo de produção, desatenção à qualidade da matéria prima. Diríamos agora que não mais tomamos café ou vinho. Somos apreciadores de um bom café ou um bom vinho. Nunca mais você conseguiu ir ao supermercado e sair de lá com um daqueles garrafões de vinho barato ou com uma lata de café solúvel. 

Se você ficou curioso para saber aonde pretendo seguir com essa conversa toda ou, o que isso tem a ver com esse blog, eu digo: muitas igrejas, com um desejo e um planejamento bem intencionado de serem missionais, contemporâneas, seguiram bons princípios que geraram crescimento da congregação, maior frequência aos cultos e programas da igreja. Assim como bons cafés e bons vinhos miram um público mais seleto, de gosto refinado, muitas igrejas também trataram de aprender com os Shopping Centers.

Aplicaram princípios que melhoraram a qualidade de suas instalações, oferecendo banheiros limpos e cheirosos, espaços amplos e confortáveis, estacionamentos próprios e seguros, espaços e programas excelentes para as crianças, uma pregação cativante, com temas inspiradores e atuais, músicos profissionais capazes de conduzir a uma experiencia de adoração envolvente, tudo com um planejamento de comunicação e marketing profissional, garantindo que a semana seguinte será ainda melhor. Nada disso é, em si, ruim. Assim como não há qualquer problema em querermos desfrutar de um bom vinho. O problema é que, assim como quem desenvolveu seu paladar para apreciar um bom café e um bom vinho não consegue mais tomar 'qualquer' café, 'qualquer' vinho, essa ênfase no crescimento da igreja, na igreja atraente, confortável e sofisticada, acaba focando um público seleto, um segmento classe média da sociedade já bastante acostumado com esse tratamento vip. Um pessoal exigente. Outros, que em termos de experiencia de igreja, foram mimados e tiveram seus 'paladar' eclesiástico alfabetizado nesses novos modelos, caso um dia se mudem, ou, se decepcionem e queiram procurar outra igreja, dificilmente se acostumarão novamente aos modelos, digamos, 'artesanais' ou, simplesmente, tradicionais de igreja. 

Os garrafões toscos, as garrafas pet, as latas e vidros de solúvel, foram feitos para as massas. É o simples e barato que não atrai mais. Minha coleção de rolhas revela que aprendi a apreciar as coisas finas!

Essas pessoas peregrinarão em busca, não do Evangelho, mas, de uma experiencia de consumo satisfatória para elas. É o que Alan Hirsch chama de modelo de igreja alternativa que, geralmente, se apresentam como espaços atraentes ao cliente que busca por espiritualidade e experiência religiosa. O problema é que esse tipo de proposta sempre poderá ser superada por outra. E, o consumidor tende a optar por aquele que lhe oferece maiores vantagens ou, algo mais ao seu 'gosto'. Não surpreende termos um público que se declara cristão ao mesmo tempo que não consegue se encontrar em nenhuma comunidade local. 

O mercado de consumo forma consumidores ávidos pela novidade, pela próxima degustação, de preferência, grátis! 

O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho em uma festa. E, ao que tudo indica, foi um bom vinho. Não há nenhum problema em aprendermos a apreciar e a desenvolver coisas boas. Deus criou o mundo e na sua avaliação tudo era bom, muito bom. Nossos ambientes, programas e estruturas não precisam ser algo precário, sujo, remendado, escorado, desconfortável. Jamais. 

No entanto, cabe o desafio de refletirmos se estamos conseguindo desafiar as pessoas com o Evangelho de Jesus Cristo, atuando para formar comunidades de fé, ou, simplesmente temos investido tempo, recursos e energias para satisfazer um ímpeto consumista que confunde a fé com produtos bem embalados em mensagens de auto ajuda. Uma coisa é satisfazer consumidores. Outra é fazer discípulos. O que Jesus pediu é o segundo. Nas palavras de Alan Hirsch, "o consumo é prejudicial ao discipulado". 

Por mais que possamos desenvolver o nosso paladar para as boas coisas da vida, o indispensável continuará sendo aquilo que nutre, matando a sede e a fome todos os dias.

Você já conhece o nosso site?

www.teologiamissional.com.br

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

A Igreja Missional na Bíblia

 Para você que se interessa pelo tema da Igreja Missional, sugerimos este excelente livro de Michael Goheen. Trata-se de uma abordagem prática e objetiva, perpassando pela Bíblia em busca da compreensão missional. CLIQUE AQUI para adquirir.

O autor é um dos maiores especialistas sobre o tema. O texto é dinâmico e a leitura é agradável!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

As Parábolas de Jesus

 Você também é um admirador das parábolas que Jesus contou?

Nos Evangelhos nós encontraremos quase 40 parábolas contadas pelo mestre ao longo de seu ministério. Em nosso Canal no Youtube comentamos algumas delas. 

Nesta primeira temporada da série nós escolhemos 10 parábolas de Jesus para comentar e, assim, oferecer a essência da mensagem destas parábolas pra você. 

CLIQUE AQUI para acessar a Playlist. 

Tem mais! Estamos disponibilizando um curso sobre as Parábolas. Interpretar bem o texto bíblico é fundamental para todo e qualquer cristão. Ainda mais para pastores, pregadores, líderes de pequenos grupos e estudantes de teologia. 

INSCREVA-SE no curso As Parábolas de Jesus AQUI.