quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Pare de Sentir Pena de Si Mesmo!

Veja se isto ressoa com você: sente-se desestimulado diante de novos desafios? Falta motivação? Receia enfrentar certas situações? Os problemas parecem sempre maiores do que você pode lidar? Frequentemente, fica imobilizado por circunstâncias que surgem, a ponto de querer desaparecer? Parece que tudo está contra você? Isso é bastante comum.

Mas, e se eu disser que não tem que ser assim? Neste artigo, vamos discutir como deixar de nutrir o sentimento de sermos vítimas do mundo e assumir, de uma vez por todas, a responsabilidade por quem somos!

Você pratica exercícios físicos? Se sim, provavelmente entende o motivo: manter um corpo saudável, forte e pronto para os desafios cotidianos. Mas e a sua mente? Você se dedica a exercitá-la e mantê-la saudável? Além disso, em relação às suas emoções, você sabe como gerenciá-las para melhor administrar o conhecimento e controlar seus sentimentos? Muitas pessoas não sabem que o autoconhecimento e a capacidade de gerenciar as emoções podem simplificar a vida, melhorar o enfrentamento dos problemas diários e até mesmo revitalizar nosso ânimo perante a vida.

Existem diversas técnicas, livros, cursos e dicas que podem ajudar você a lidar melhor com você mesmo e com as suas emoções. 
Não adianta ter um super cérebro, um QI altíssimo, um cérebro que já nem cabe no crânio quando o peito tá vazio, quando o coração não tem vez.
Existe uma palavra de Sabedoria muito antiga que diz o seguinte:

Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Provérbios 4.23).

A Bíblia é um livro incrível que nos conta a mais importante de todas as histórias. Ela é um conjunto de diversas narrativas e personagens que fazem parte da Grande História.

Da mesma forma, somos seres únicos, experimentando momentos singulares e construindo relacionamentos exclusivos, enquanto vivemos entre muitas pessoas dentro de uma comunidade, formando o povo de Deus na Sua Grande História. E nesta caminhada, temos muito o que aprender com homens e mulheres cujas vidas foram transformadas e tocadas por Deus.

Frequentemente, somos induzidos a acreditar que ao nos tornarmos cristãos, tudo se transforma instantaneamente. De fato, muitas mudanças ocorrem, mas a conversão e o reconhecimento do amor de Jesus representam apenas o início.

Viver uma vida completa em Deus implica um processo conhecido como discipulado. O discipulado é, essencialmente, permitir que, na jornada com Jesus, sejamos transformados dia a dia, tanto em nosso caráter quanto em nossa maneira de agir, tendo Jesus como nosso exemplo.

Este processo de transformação implica em abandonar certas coisas. Coisas como vícios, hábitos, temperamentos, falhas morais e desvios de caráter. E uma das coisas que você deve deixar para trás é o sentimento de autopiedade. Você conhece alguém assim? Não é necessário responder; provavelmente já sei a resposta. No entanto, não quero que você seja um reflexo para o outro. Quero que você se concentre em si mesmo. 

Se você é uma pessoa que se faz de vítima, que sempre chora pelo leite derramado, que está sempre procurando alguém para culpar pelos seus fracassos, que fica remoendo o que os outros lhe fizeram: pare! Você precisa se libertar disso. Você precisa parar de sentir pena de si mesmo. Você não é uma vítima. Você não é a única pessoa injustiçada deste planeta, nem a mais injustiçada. Se o lamento, as desculpas, a pena que você sente por si mesmo estão te paralisando, então reaja. A situação extrapolou e você está deixando de viver todo o potencial que Deus tem para você.

Convido você a seguir a história de alguém que, apesar de ter todos os motivos para querer fugir e se esconder em seu quarto, permanecendo em posição fetal e lamentando sua má sorte, nunca o fez, mesmo diante de todas as adversidades e injustiças enfrentadas. Como ele conseguiu superar isso?

Acompanhe-me nesta narrativa que irá tocar seu coração e, mais do que isso, inspirá-lo a adotar uma nova postura frente aos desafios que a vida impõe.

A quem me refiro? Falo de José, da Bíblia. Não do homem que se uniu a Maria, mãe de Jesus, mas de um José que viveu muito antes. Sua saga está documentada no Antigo Testamento, no livro de Gênesis.

Há diversas formas de interpretar a trajetória de José e extrair ensinamentos significativos. Neste vídeo, pretendo explorar a vida de José através das dificuldades que enfrentou, mostrando como ele superou cada uma delas e se reinventou.

Para começar, José era simplesmente um dos filhos de um dos três grandes patriarcas do povo de Israel. Isso já era significativo. Frequentemente pensamos que apenas os pobres, os anônimos, os humildes e aqueles sem perspectiva de vida sentem pena de si mesmos, mas isso não é verdade. 

José era um dos mais novos em uma família de 12 irmãos. Inicialmente, ele não tinha muitos motivos para se sentir inferior; de fato, não havia razão para que tivesse pena de si mesmo. Seu pai, Jacó, tinha uma preferência por ele e também por Benjamin, o mais novo. Jacó tinha mais afeição por esses dois porque eram seus filhos com Raquel, a mulher que ele verdadeiramente amou e por quem sempre lutou. Contudo, essa é uma história à parte.

José tinha outras razões para se sentir superior. Ele começou a ter sonhos nos quais era visto como uma pessoa de grande importância. Nos sonhos, as pessoas se inclinavam perante ele. Sua própria família, incluindo irmãos e pais, surgia nos sonhos prestando-lhe homenagens e reverências.

E você acredita que os irmãos gostaram de ouvir tais palavras vindas de José?

Pois bem. José orgulhosamente foi compartilhar esses sonhos com sua família. Os irmãos, especialmente os mais velhos, não apreciaram nem um pouco o que ouviram.
"Como assim nós vamos prestar reverência a você, garoto!?"
"Olha aqui, que história é essa!?"
"Está dizendo que nós, até mesmo o nosso pai, Jacó, vamos nos curvar diante de um moleque como você!?"
Certamente não foi um diálogo amigável, principalmente em uma cultura patriarcal, onde a sucessão favorecia sempre o irmão mais velho.
O velho Jacó não levou muito a sério, provavelmente lembrando-se das confusões que aconteceram quando ele próprio conseguiu usurpar a bênção do primogênito que era de Esaú.
Você está familiarizado com a história.

Mas voltemos ao jovem sonhador José. Seus irmãos ficaram extremamente irritados com ele. Eles estavam furiosos. É difícil imaginar o quanto os irmãos de José estavam enfurecidos com suas falas sobre sonhos de grandeza, vindo de um rapazote que ainda não estava preparado para o trabalho árduo, para enfrentar as tarefas de um homem adulto. Eles ficaram tão irados e indignados que, acreditem, começaram a expressar entre si, enquanto trabalhavam no campo, pastoreando as ovelhas, a ideia de eliminar o próprio irmão. Isso mesmo, eles não apenas pensaram, mas falaram e articularam um plano para matar... isso mesmo, assassinar o próprio irmão. Você tem noção do que isso significa?


É necessário muito rancor, muito ódio e uma profunda ferida na alma para desejar a morte do próprio irmão. E por quê? Apenas porque ele compartilhou alguns sonhos excêntricos? Isso justifica tal desejo? Atualmente, as pessoas têm menos filhos, não é? Aparentemente, apenas os muçulmanos ainda creem que povoar a terra é um mandamento divino. A maioria dos cristãos não segue mais essa premissa. Quando decidem ter filhos, é um ou no máximo dois. Preferem ser pais de animais de estimação.


Mas para alguém como eu, que cresceu em uma família tradicional com quatro irmãos, é sabido que desafios são comuns. E a geração dos meus pais, que se assemelhava à família de Jacó com seus 12 filhos... nossa, quantas histórias para contar! Então, em um dia qualquer, os dez irmãos mais velhos de José estavam no campo, trabalhando, batendo papo, tramando, até que um deles teve a infeliz ideia: "E se a gente desse um fim nesse garoto?" Imagine o ambiente naquela família! Dez pessoas, dez irmãos conspirando para matar um dos mais novos. José tinha apenas 17 anos. Você levaria a sério o relato de um sonho de um adolescente de 17 anos? Chegaria ao ponto de matar seu próprio irmão por isso? "Olha lá. Ele está vindo, o sonhador! Vamos aproveitar que estamos longe de casa para resolver isso. Podemos sujar, rasgar suas roupas e manchá-las de sangue, depois levamos ao pai e dizemos que uma fera o atacou e nada restou dele". Que ideia genial. Então, um dos irmãos mais velhos, que tinha um pouco mais de sensatez, mas não muita, sugeriu outra coisa. ‘Será que precisamos matá-lo? Podemos vendê-lo como escravo. Em casa, diremos que uma fera selvagem o devorou e pronto. Não há necessidade de matar. É só pegar uma daquelas caravanas de estrangeiros que sempre passam por aqui. Eles levarão o menino e ninguém mais terá notícias dele... Olha, estão vindo uns ismaelitas. Se comprarem, vão levar José para tão longe que nunca mais ouviremos falar dele!’ E assim foi feito.


Você consegue se colocar no lugar de José?


A própria família! Os irmãos! É inacreditável! Sim, acontece em alguns casos. Quando as pessoas do ambiente onde você deveria se sentir mais seguro e protegido se voltam contra você... é muito difícil. E por quê? Só porque compartilhei alguns dos meus sonhos? Bem, provavelmente havia algo mais. Inveja, ciúmes, ser o queridinho do pai... Mas, sério, querer me matar, me vender como escravo? Me mandar para longe como se eu fosse uma mercadoria indesejável? Isso é demais. Meu mundo desabou. Todos estão contra mim. Ninguém me ama. Assim, fica difícil viver. Que sonhos posso ter agora?

A Bíblia não menciona que José se entregou à autopiedade. Pelo contrário, ele permanece silencioso. É levado como um cordeiro mudo e sem defesa. O texto não relata um murmúrio, um lamento sequer, nem uma única palavra amaldiçoando seu destino. Absolutamente nada que indique que José sentia pena de si mesmo. Quando a caravana chegou finalmente ao Egito, os ismaelitas que tinham comprado José o venderam a Potifar, "oficial do faraó e capitão da guarda" (Gênesis 37.36).


José poderia ter pensado: "Sabe de uma coisa? Vou ser o pior escravo que o Egito já viu. Farei apenas o essencial. Não escolhi estar aqui. Estou aqui à força, contra minha vontade. Vou adotar a lei do menor esforço e, na primeira oportunidade, eu fujo daqui." No entanto, José se empenha no trabalho que tem a fazer. E o faz com excelência. Em vez de lamentar a vida, as circunstâncias, ou de tramar vingança contra seus irmãos, ele encara o desafio, faz o que deve ser feito e o faz bem. E o resultado? José prospera e abençoa as pessoas ao seu redor. Então você pensa: ótimo, agora sim, só vem bênção, só vem vitória. Oh, Glória!


José estava indo tão bem que acabou sendo promovido e passou a morar na casa do capitão da guarda, ganhando mais responsabilidades. O texto bíblico relata que Potifar "ficou satisfeito com José e o fez administrador de sua casa, confiando-lhe todos os seus bens" (Gênesis 39.4). Para José, as coisas pareciam ir incrivelmente bem. Para um escravo? Um estrangeiro? Para alguém rejeitado pela própria família, cujos irmãos desejavam sua morte? Entretanto, surgiu outra armadilha. José, jovem e vigoroso, chamava a atenção das moças, mas não apenas das jovens egípcias. A esposa de seu patrão também começou a investir nele. Que complicação.


Como escapar de tal confusão? José resistiu. "Não, que isso, você é casada, eu sirvo ao seu marido, jamais poderia ter algo com você, mulher, sai fora!" Entretanto, a mulher persistiu. Quando José percebeu que a situação não terminaria bem, ele fugiu correndo. A mulher partiu para cima dele, agarrando-o, e José saiu em disparada... Porém, ela conseguiu agarrar a túnica de José, ficando com a peça de roupa em mãos. Para se vingar, acusou José de tê-la assediado. A quem você acha que as pessoas acreditaram? Em qual história você acha que Potifar acreditou? Na de José ou na da esposa?


Infelizmente, pessoas com mais poder e status tendem a prevalecer com suas mentiras e narrativas. Instituições e indivíduos que detêm títulos e cargos de poder influenciam significativamente as pessoas. Potifar, como era de se esperar, acreditou na esposa, e José foi parar na prisão. Lamentavelmente, o mundo é assim, e a justiça nem sempre triunfa. José foi encarcerado. Ele não foi aprisionado por ter cometido algum erro, mas sim porque agiu corretamente. Às vezes penso que, como nunca fui preso, talvez esteja fazendo muita coisa errada 😕.


José está preso. Como será que ele se sente na prisão? Será que ele está chutando as paredes? Amaldiçoando os irmãos que o enviaram para aquele lugar horrível? Xingando a mulher do patrão por seduzi-lo e depois mentir? Maldizendo Potifar, pensando 'sempre fiz tudo por esse homem, fui leal, nunca menti. E ele me joga na prisão sem sequer considerar minha versão dos fatos?' "O mundo é tão injusto. Justo quando as coisas pareciam que iriam melhorar para mim. Estou desistindo. Sou mesmo um fracassado. Só me dou mal! Não é justo!"


José está preso, mas não se lamenta. Ele não se coloca como vítima da sociedade. A Bíblia sugere ser diferente. Não vemos um José abatido ou batendo nas paredes da cela. Ausentes estão as palavras de amargura ou anseios de vingança. Seria compreensível se José expressasse alguma reclamação ou frustração, mesmo que momentaneamente. Contudo, o que observamos na prisão é o mesmo José que foi escravo de Potifar. Rapidamente, ele conquista a confiança do carcereiro, que o coloca à frente de todos os prisioneiros, tornando-o responsável por tudo o que acontecia ali, conforme Gênesis 39:22.


"Acabei aqui injustamente, vou me dedicar à musculação, fazer tatuagens, causar impacto, aprender com os astutos daqui e, quando sair, todos verão, vou confrontar cada um!" Não, nada disso. José é o tipo mais "careta". Ele fará o que sabe. Vai gerenciar, estabelecer ordem, planejar. Vai se empenhar em melhorar o lugar, transformar o ambiente para o bem de todos ali. Inacreditável, mas é a realidade! Está tudo aqui, é só ler Gênesis!


O texto relata que o carcereiro não tinha preocupações na prisão, pois José gerenciava tudo. O carcereiro estava tranquilo, reconhecendo que José era uma pessoa comprometida e confiável. José não se entregava à autopiedade, nem se lamentava pelas injustiças passadas. Ele enfrentava os desafios de frente. Se o leite derramava, ele não hesitava em buscar a solução. José encontrava-se em uma prisão especial, destinada aos que infringiam as leis da alta corte egípcia. Foi lá que, em um determinado dia, chegaram dois homens acusados de ofender o próprio faraó. Eles eram funcionários de extrema confiança do faraó, especificamente o copeiro e o padeiro reais, responsáveis pela alimentação da corte. O caso ainda estava sendo investigado, e ambos foram detidos preventivamente até que se determinasse qual deles era realmente o culpado.


Num dia qualquer, José percebeu que seus companheiros estavam tristes, abatidos e desanimados, talvez se sentindo vítimas das circunstâncias. José, porém, não se juntou a eles para lamentar. Ele era atento e empático, sempre observando o que acontecia ao seu redor.


Os novos colegas de prisão estavam inquietos com os sonhos que tiveram na noite anterior. José encorajou-os a compartilhar seus sonhos e, em seguida, interpretou o significado de cada um. Ambos estavam presos, mas uma investigação estava em andamento para encontrar o verdadeiro culpado. Três dias após os sonhos, foram levados perante o rei. Conforme José havia interpretado, um foi condenado à morte e o outro foi libertado e restabelecido em seu cargo de copeiro real.

Parece que José passou vários anos encarcerado. Segundo o autor do Gênesis, aproximadamente dois anos depois do episódio em que interpretou os sonhos dos servidores do rei, o próprio Faraó foi assolado por sonhos enigmáticos. O Egito contava com seus magos e sábios, que foram chamados para decifrar os sonhos do soberano. Contudo, nenhum conseguiu oferecer uma explicação convincente. Foi nesse momento que o copeiro recordou-se de José e de sua habilidade precisa em interpretar sonhos anteriormente, e rapidamente o recomendou ao Faraó.


O faraó ordenou que lhe trouxessem o prisioneiro que interpretava sonhos. Para ser breve: José interpretou o sonho do Faraó e, além disso, ofereceu um plano completo para o governo lidar com a situação. O sonho previa sete anos de abundância seguidos por sete anos de escassez. A fome afetaria não apenas o Egito, mas também as regiões vizinhas, resultando em uma crise sem precedentes. José disse: "Veja, seu sonho indica que haverá esta sequência de eventos. No entanto, existe uma solução, e eu posso compartilhá-la se me permitir." José não só interpretou o sonho para o rei, mas também sugeriu uma estratégia que não estava implícita no sonho.


Eu insistirei em mostrar para você exatamente como está na Bíblia. Veja o que José disse ao Faraó do Egito:

"Que o Faraó procure um homem sábio e prudente e o coloque no comando do Egito. O Faraó deve também designar supervisores para arrecadar um quinto das colheitas do Egito durante os sete anos de abundância. Eles deverão juntar o máximo possível durante os anos prósperos que se aproximam e acumular trigo, que será guardado sob a autoridade do Faraó nas cidades. Esse armazenamento servirá como reserva para os sete anos de escassez que se abaterão sobre o Egito, para que a terra não seja devastada pela fome" (Gênesis 41.33-36).


José não apenas relatou o problema, mas também apresentou imediatamente uma solução viável. Ele tinha um plano, uma estratégia para superar a adversidade iminente. Não apenas o Faraó, mas todos os seus conselheiros ficaram impressionados e reconheceram que José tinha um plano sólido. Ele realmente é impressionante!

Se fosse outra pessoa, poderia ter arruinado tudo. Se fosse alguém que se sentisse injustiçado, poderia ter confrontado o faraó dizendo: "Ó rei, antes de tudo, preciso dizer algo. Você está ciente de que estou preso sem justa causa, não está? E agora vocês, da elite capitalista opressora, querem se aproveitar de mim, querem minha ajuda, certo?"

Não, quem se apresenta diante do faraó não é o refém de um coitadismo revolucionário ressentido.

Quem se apresenta é um homem decidido, determinado, comprometido em realmente contribuir para a melhoria de todos.

Acompanhado de seus conselheiros, o poderoso rei do Egito se volta novamente para o prisioneiro há anos esquecido: "Já que Deus lhe revelou tudo isso, não existe ninguém tão prudente e sábio quanto você. Você governará meu palácio, e todo o meu povo obedecerá às suas ordens. Apenas em relação ao trono serei superior a você". E o faraó declarou: "Concedo-lhe agora o governo de toda a terra do Egito" (Gênesis 41.39-41). Quem imaginaria, José!? Quase morto, vendido como escravo pelos próprios irmãos, injustiçado, preso, esquecido. Resumindo a história, José salvou o Egito da fome. E não apenas o Egito; povos das regiões vizinhas, ao saberem que o Egito tinha reservas de alimento, dirigiam-se para lá em busca de socorro. E, vejam só: até sua própria família, seus irmãos, foram ao Egito em busca de comida.


E então acontece algo extraordinário. José reconhece seus irmãos, mas eles não o reconhecem. José envelheceu e se tornou o primeiro-ministro do Egito, um homem de grande poder. Quem diria que o jovem vendido como escravo alcançaria tal posição? José se vê diante da oportunidade perfeita para se vingar. O que ele fará? Ele elabora um plano para que seus irmãos retornem ao lar e tragam todos, inclusive o idoso pai Jacó, ao Egito. José se revela e todos choram; é uma catarse coletiva repleta de surpresa, alegria, medo e alívio. E José perdoa sua família, perdoando os irmãos por tudo o que fizeram.


José pratica um princípio central da fé cristã, essencial para reparar relações entre as pessoas: o perdão. Ele emprega a ferramenta mais poderosa que existe: perdoar. Não há solução mais eficaz para resolver conflitos e se desvencilhar das correntes do passado do que perdoar. José perdoava, e por isso, não se deixava aprisionar pelo ressentimento, pelas mágoas ou pela sensação de injustiça; ele não dispunha de tempo para autocomiseração.


Com sua atitude, ele auxiliou muitos, incluindo sua própria família. A história de José, conforme narrada em Gênesis, mostra que Deus o acompanhava. E foi a forma como ele confiou e enfrentou cada adversidade que permitiu a Deus realizar feitos ainda maiores através de sua vida.

José, além de realizar um excelente trabalho em todo o Egito, teve esposa e filhos. Veja como ele nomeou seus filhos: 

"Ao primeiro, José chamou de Manassés, dizendo: 'Deus me fez esquecer de todas as minhas aflições e da casa de meu pai'. Ao segundo, deu o nome de Efraim, pois 'Deus me fez prosperar na terra do meu sofrimento'" (Gênesis 41.51,52).


Em hebraico, Manassés significa "esquecimento".
Embora o texto nunca mostre José como alguém que murmura, ressentido ou que se lamenta como vítima da sociedade, isso não implica que ele não tenha experimentado momentos de raiva, medo, angústia e sofrimento.
A questão é: como ele lidou com isso?
O nome do segundo filho, Efraim, significa "frutífero", "fértil", "aquele que multiplica".
Mesmo que o texto não mostre José como alguém que se queixa ou reclama dos problemas, essa passagem evidencia sua consciência de tudo o que enfrentou. José foi uma bênção por onde passou. Como administrador de confiança do faraó, seu trabalho gerou bênçãos que se estenderam para além das fronteiras do Egito.

Para que não pense que esta é apenas uma linda história de autoajuda, de alguém inspirador e resiliente que confiava em si mesmo, leia a parte em que José se revela à sua família. É crucial entender isso para evitar mal-entendidos:

"Eu sou José, o irmão que vocês venderam para o Egito! Não se angustiem nem se culpem por me terem vendido, pois foi para salvar vidas que Deus me enviou à frente de vocês. Já se passaram dois anos de fome na terra, e nos próximos cinco anos não haverá plantio nem colheita. Mas Deus me enviou antes de vocês para preservar um remanescente na terra e para salvar suas vidas por meio de um grande livramento. Portanto, não foram vocês que me enviaram para cá, mas sim Deus. Ele me fez governador do Faraó, administrador de seu palácio e regente de todo o Egito. Retornem rapidamente ao meu pai e digam-lhe: 'Assim diz seu filho José: Deus me fez senhor de todo o Egito. Venha até mim sem demora'" (Gênesis 45.4-9).

Observem como José interpretou sua própria história. Ele poderia ter adotado uma narrativa de vitimização, de injustiçado, de azarado, ou de alguém que acredita que o mundo está contra ele. No entanto, José não fez isso!
José redefiniu sua história sob a ótica do que Deus estava realizando. Ele não aponta os irmãos como culpados, nem se exalta.
Ele não se deixa levar por sentimentos de vingança, nem espera adulação dos outros.

José não compreendeu sua trajetória focando no mal que experimentou, mas sim na bênção que Deus proporcionaria a muitos.

Pessoas que buscam e encontram força em Deus, que se detêm para refletir sobre os eventos da vida e permitem que Deus examine seus sentimentos, não permanecem imóveis, lamentando-se ou remoendo o tratamento recebido dos outros. Elas avançam, conscientes de que Deus tem mais à frente, novas bênçãos preparadas!

É natural ficar triste, chorar ou sentir raiva. Somos seres frágeis e temos nossos momentos de vulnerabilidade. Contudo, não permita que esses sentimentos o prendam. Supere-os, e evite desperdiçar tempo e energia com o que não pode ser alterado.

Observe que, embora José tenha encontrado pessoas que lhe causaram dano, ele também encontrou muitas que lhe estenderam a mão. Não se concentre somente naqueles que desejam o mal. Há muitas pessoas dispostas a ajudar por aí!

Derramou o leite? Não se abale, vá atrás da vaca. A fonte é abundante.

As situações estão difíceis, tudo parece complicado? Recorde-se de quem está acima de tudo, transcendendo as circunstâncias. Confie naquele que é o Senhor da História!














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