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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Pare de Sentir Pena de Si Mesmo!

Veja se isto ressoa com você: sente-se desestimulado diante de novos desafios? Falta motivação? Receia enfrentar certas situações? Os problemas parecem sempre maiores do que você pode lidar? Frequentemente, fica imobilizado por circunstâncias que surgem, a ponto de querer desaparecer? Parece que tudo está contra você? Isso é bastante comum.

Mas, e se eu disser que não tem que ser assim? Neste artigo, vamos discutir como deixar de nutrir o sentimento de sermos vítimas do mundo e assumir, de uma vez por todas, a responsabilidade por quem somos!

Você pratica exercícios físicos? Se sim, provavelmente entende o motivo: manter um corpo saudável, forte e pronto para os desafios cotidianos. Mas e a sua mente? Você se dedica a exercitá-la e mantê-la saudável? Além disso, em relação às suas emoções, você sabe como gerenciá-las para melhor administrar o conhecimento e controlar seus sentimentos? Muitas pessoas não sabem que o autoconhecimento e a capacidade de gerenciar as emoções podem simplificar a vida, melhorar o enfrentamento dos problemas diários e até mesmo revitalizar nosso ânimo perante a vida.

Existem diversas técnicas, livros, cursos e dicas que podem ajudar você a lidar melhor com você mesmo e com as suas emoções. 
Não adianta ter um super cérebro, um QI altíssimo, um cérebro que já nem cabe no crânio quando o peito tá vazio, quando o coração não tem vez.
Existe uma palavra de Sabedoria muito antiga que diz o seguinte:

Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Provérbios 4.23).

A Bíblia é um livro incrível que nos conta a mais importante de todas as histórias. Ela é um conjunto de diversas narrativas e personagens que fazem parte da Grande História.

Da mesma forma, somos seres únicos, experimentando momentos singulares e construindo relacionamentos exclusivos, enquanto vivemos entre muitas pessoas dentro de uma comunidade, formando o povo de Deus na Sua Grande História. E nesta caminhada, temos muito o que aprender com homens e mulheres cujas vidas foram transformadas e tocadas por Deus.

Frequentemente, somos induzidos a acreditar que ao nos tornarmos cristãos, tudo se transforma instantaneamente. De fato, muitas mudanças ocorrem, mas a conversão e o reconhecimento do amor de Jesus representam apenas o início.

Viver uma vida completa em Deus implica um processo conhecido como discipulado. O discipulado é, essencialmente, permitir que, na jornada com Jesus, sejamos transformados dia a dia, tanto em nosso caráter quanto em nossa maneira de agir, tendo Jesus como nosso exemplo.

Este processo de transformação implica em abandonar certas coisas. Coisas como vícios, hábitos, temperamentos, falhas morais e desvios de caráter. E uma das coisas que você deve deixar para trás é o sentimento de autopiedade. Você conhece alguém assim? Não é necessário responder; provavelmente já sei a resposta. No entanto, não quero que você seja um reflexo para o outro. Quero que você se concentre em si mesmo. 

Se você é uma pessoa que se faz de vítima, que sempre chora pelo leite derramado, que está sempre procurando alguém para culpar pelos seus fracassos, que fica remoendo o que os outros lhe fizeram: pare! Você precisa se libertar disso. Você precisa parar de sentir pena de si mesmo. Você não é uma vítima. Você não é a única pessoa injustiçada deste planeta, nem a mais injustiçada. Se o lamento, as desculpas, a pena que você sente por si mesmo estão te paralisando, então reaja. A situação extrapolou e você está deixando de viver todo o potencial que Deus tem para você.

Convido você a seguir a história de alguém que, apesar de ter todos os motivos para querer fugir e se esconder em seu quarto, permanecendo em posição fetal e lamentando sua má sorte, nunca o fez, mesmo diante de todas as adversidades e injustiças enfrentadas. Como ele conseguiu superar isso?

Acompanhe-me nesta narrativa que irá tocar seu coração e, mais do que isso, inspirá-lo a adotar uma nova postura frente aos desafios que a vida impõe.

A quem me refiro? Falo de José, da Bíblia. Não do homem que se uniu a Maria, mãe de Jesus, mas de um José que viveu muito antes. Sua saga está documentada no Antigo Testamento, no livro de Gênesis.

Há diversas formas de interpretar a trajetória de José e extrair ensinamentos significativos. Neste vídeo, pretendo explorar a vida de José através das dificuldades que enfrentou, mostrando como ele superou cada uma delas e se reinventou.

Para começar, José era simplesmente um dos filhos de um dos três grandes patriarcas do povo de Israel. Isso já era significativo. Frequentemente pensamos que apenas os pobres, os anônimos, os humildes e aqueles sem perspectiva de vida sentem pena de si mesmos, mas isso não é verdade. 

José era um dos mais novos em uma família de 12 irmãos. Inicialmente, ele não tinha muitos motivos para se sentir inferior; de fato, não havia razão para que tivesse pena de si mesmo. Seu pai, Jacó, tinha uma preferência por ele e também por Benjamin, o mais novo. Jacó tinha mais afeição por esses dois porque eram seus filhos com Raquel, a mulher que ele verdadeiramente amou e por quem sempre lutou. Contudo, essa é uma história à parte.

José tinha outras razões para se sentir superior. Ele começou a ter sonhos nos quais era visto como uma pessoa de grande importância. Nos sonhos, as pessoas se inclinavam perante ele. Sua própria família, incluindo irmãos e pais, surgia nos sonhos prestando-lhe homenagens e reverências.

E você acredita que os irmãos gostaram de ouvir tais palavras vindas de José?

Pois bem. José orgulhosamente foi compartilhar esses sonhos com sua família. Os irmãos, especialmente os mais velhos, não apreciaram nem um pouco o que ouviram.
"Como assim nós vamos prestar reverência a você, garoto!?"
"Olha aqui, que história é essa!?"
"Está dizendo que nós, até mesmo o nosso pai, Jacó, vamos nos curvar diante de um moleque como você!?"
Certamente não foi um diálogo amigável, principalmente em uma cultura patriarcal, onde a sucessão favorecia sempre o irmão mais velho.
O velho Jacó não levou muito a sério, provavelmente lembrando-se das confusões que aconteceram quando ele próprio conseguiu usurpar a bênção do primogênito que era de Esaú.
Você está familiarizado com a história.

Mas voltemos ao jovem sonhador José. Seus irmãos ficaram extremamente irritados com ele. Eles estavam furiosos. É difícil imaginar o quanto os irmãos de José estavam enfurecidos com suas falas sobre sonhos de grandeza, vindo de um rapazote que ainda não estava preparado para o trabalho árduo, para enfrentar as tarefas de um homem adulto. Eles ficaram tão irados e indignados que, acreditem, começaram a expressar entre si, enquanto trabalhavam no campo, pastoreando as ovelhas, a ideia de eliminar o próprio irmão. Isso mesmo, eles não apenas pensaram, mas falaram e articularam um plano para matar... isso mesmo, assassinar o próprio irmão. Você tem noção do que isso significa?


É necessário muito rancor, muito ódio e uma profunda ferida na alma para desejar a morte do próprio irmão. E por quê? Apenas porque ele compartilhou alguns sonhos excêntricos? Isso justifica tal desejo? Atualmente, as pessoas têm menos filhos, não é? Aparentemente, apenas os muçulmanos ainda creem que povoar a terra é um mandamento divino. A maioria dos cristãos não segue mais essa premissa. Quando decidem ter filhos, é um ou no máximo dois. Preferem ser pais de animais de estimação.


Mas para alguém como eu, que cresceu em uma família tradicional com quatro irmãos, é sabido que desafios são comuns. E a geração dos meus pais, que se assemelhava à família de Jacó com seus 12 filhos... nossa, quantas histórias para contar! Então, em um dia qualquer, os dez irmãos mais velhos de José estavam no campo, trabalhando, batendo papo, tramando, até que um deles teve a infeliz ideia: "E se a gente desse um fim nesse garoto?" Imagine o ambiente naquela família! Dez pessoas, dez irmãos conspirando para matar um dos mais novos. José tinha apenas 17 anos. Você levaria a sério o relato de um sonho de um adolescente de 17 anos? Chegaria ao ponto de matar seu próprio irmão por isso? "Olha lá. Ele está vindo, o sonhador! Vamos aproveitar que estamos longe de casa para resolver isso. Podemos sujar, rasgar suas roupas e manchá-las de sangue, depois levamos ao pai e dizemos que uma fera o atacou e nada restou dele". Que ideia genial. Então, um dos irmãos mais velhos, que tinha um pouco mais de sensatez, mas não muita, sugeriu outra coisa. ‘Será que precisamos matá-lo? Podemos vendê-lo como escravo. Em casa, diremos que uma fera selvagem o devorou e pronto. Não há necessidade de matar. É só pegar uma daquelas caravanas de estrangeiros que sempre passam por aqui. Eles levarão o menino e ninguém mais terá notícias dele... Olha, estão vindo uns ismaelitas. Se comprarem, vão levar José para tão longe que nunca mais ouviremos falar dele!’ E assim foi feito.


Você consegue se colocar no lugar de José?


A própria família! Os irmãos! É inacreditável! Sim, acontece em alguns casos. Quando as pessoas do ambiente onde você deveria se sentir mais seguro e protegido se voltam contra você... é muito difícil. E por quê? Só porque compartilhei alguns dos meus sonhos? Bem, provavelmente havia algo mais. Inveja, ciúmes, ser o queridinho do pai... Mas, sério, querer me matar, me vender como escravo? Me mandar para longe como se eu fosse uma mercadoria indesejável? Isso é demais. Meu mundo desabou. Todos estão contra mim. Ninguém me ama. Assim, fica difícil viver. Que sonhos posso ter agora?

A Bíblia não menciona que José se entregou à autopiedade. Pelo contrário, ele permanece silencioso. É levado como um cordeiro mudo e sem defesa. O texto não relata um murmúrio, um lamento sequer, nem uma única palavra amaldiçoando seu destino. Absolutamente nada que indique que José sentia pena de si mesmo. Quando a caravana chegou finalmente ao Egito, os ismaelitas que tinham comprado José o venderam a Potifar, "oficial do faraó e capitão da guarda" (Gênesis 37.36).


José poderia ter pensado: "Sabe de uma coisa? Vou ser o pior escravo que o Egito já viu. Farei apenas o essencial. Não escolhi estar aqui. Estou aqui à força, contra minha vontade. Vou adotar a lei do menor esforço e, na primeira oportunidade, eu fujo daqui." No entanto, José se empenha no trabalho que tem a fazer. E o faz com excelência. Em vez de lamentar a vida, as circunstâncias, ou de tramar vingança contra seus irmãos, ele encara o desafio, faz o que deve ser feito e o faz bem. E o resultado? José prospera e abençoa as pessoas ao seu redor. Então você pensa: ótimo, agora sim, só vem bênção, só vem vitória. Oh, Glória!


José estava indo tão bem que acabou sendo promovido e passou a morar na casa do capitão da guarda, ganhando mais responsabilidades. O texto bíblico relata que Potifar "ficou satisfeito com José e o fez administrador de sua casa, confiando-lhe todos os seus bens" (Gênesis 39.4). Para José, as coisas pareciam ir incrivelmente bem. Para um escravo? Um estrangeiro? Para alguém rejeitado pela própria família, cujos irmãos desejavam sua morte? Entretanto, surgiu outra armadilha. José, jovem e vigoroso, chamava a atenção das moças, mas não apenas das jovens egípcias. A esposa de seu patrão também começou a investir nele. Que complicação.


Como escapar de tal confusão? José resistiu. "Não, que isso, você é casada, eu sirvo ao seu marido, jamais poderia ter algo com você, mulher, sai fora!" Entretanto, a mulher persistiu. Quando José percebeu que a situação não terminaria bem, ele fugiu correndo. A mulher partiu para cima dele, agarrando-o, e José saiu em disparada... Porém, ela conseguiu agarrar a túnica de José, ficando com a peça de roupa em mãos. Para se vingar, acusou José de tê-la assediado. A quem você acha que as pessoas acreditaram? Em qual história você acha que Potifar acreditou? Na de José ou na da esposa?


Infelizmente, pessoas com mais poder e status tendem a prevalecer com suas mentiras e narrativas. Instituições e indivíduos que detêm títulos e cargos de poder influenciam significativamente as pessoas. Potifar, como era de se esperar, acreditou na esposa, e José foi parar na prisão. Lamentavelmente, o mundo é assim, e a justiça nem sempre triunfa. José foi encarcerado. Ele não foi aprisionado por ter cometido algum erro, mas sim porque agiu corretamente. Às vezes penso que, como nunca fui preso, talvez esteja fazendo muita coisa errada 😕.


José está preso. Como será que ele se sente na prisão? Será que ele está chutando as paredes? Amaldiçoando os irmãos que o enviaram para aquele lugar horrível? Xingando a mulher do patrão por seduzi-lo e depois mentir? Maldizendo Potifar, pensando 'sempre fiz tudo por esse homem, fui leal, nunca menti. E ele me joga na prisão sem sequer considerar minha versão dos fatos?' "O mundo é tão injusto. Justo quando as coisas pareciam que iriam melhorar para mim. Estou desistindo. Sou mesmo um fracassado. Só me dou mal! Não é justo!"


José está preso, mas não se lamenta. Ele não se coloca como vítima da sociedade. A Bíblia sugere ser diferente. Não vemos um José abatido ou batendo nas paredes da cela. Ausentes estão as palavras de amargura ou anseios de vingança. Seria compreensível se José expressasse alguma reclamação ou frustração, mesmo que momentaneamente. Contudo, o que observamos na prisão é o mesmo José que foi escravo de Potifar. Rapidamente, ele conquista a confiança do carcereiro, que o coloca à frente de todos os prisioneiros, tornando-o responsável por tudo o que acontecia ali, conforme Gênesis 39:22.


"Acabei aqui injustamente, vou me dedicar à musculação, fazer tatuagens, causar impacto, aprender com os astutos daqui e, quando sair, todos verão, vou confrontar cada um!" Não, nada disso. José é o tipo mais "careta". Ele fará o que sabe. Vai gerenciar, estabelecer ordem, planejar. Vai se empenhar em melhorar o lugar, transformar o ambiente para o bem de todos ali. Inacreditável, mas é a realidade! Está tudo aqui, é só ler Gênesis!


O texto relata que o carcereiro não tinha preocupações na prisão, pois José gerenciava tudo. O carcereiro estava tranquilo, reconhecendo que José era uma pessoa comprometida e confiável. José não se entregava à autopiedade, nem se lamentava pelas injustiças passadas. Ele enfrentava os desafios de frente. Se o leite derramava, ele não hesitava em buscar a solução. José encontrava-se em uma prisão especial, destinada aos que infringiam as leis da alta corte egípcia. Foi lá que, em um determinado dia, chegaram dois homens acusados de ofender o próprio faraó. Eles eram funcionários de extrema confiança do faraó, especificamente o copeiro e o padeiro reais, responsáveis pela alimentação da corte. O caso ainda estava sendo investigado, e ambos foram detidos preventivamente até que se determinasse qual deles era realmente o culpado.


Num dia qualquer, José percebeu que seus companheiros estavam tristes, abatidos e desanimados, talvez se sentindo vítimas das circunstâncias. José, porém, não se juntou a eles para lamentar. Ele era atento e empático, sempre observando o que acontecia ao seu redor.


Os novos colegas de prisão estavam inquietos com os sonhos que tiveram na noite anterior. José encorajou-os a compartilhar seus sonhos e, em seguida, interpretou o significado de cada um. Ambos estavam presos, mas uma investigação estava em andamento para encontrar o verdadeiro culpado. Três dias após os sonhos, foram levados perante o rei. Conforme José havia interpretado, um foi condenado à morte e o outro foi libertado e restabelecido em seu cargo de copeiro real.

Parece que José passou vários anos encarcerado. Segundo o autor do Gênesis, aproximadamente dois anos depois do episódio em que interpretou os sonhos dos servidores do rei, o próprio Faraó foi assolado por sonhos enigmáticos. O Egito contava com seus magos e sábios, que foram chamados para decifrar os sonhos do soberano. Contudo, nenhum conseguiu oferecer uma explicação convincente. Foi nesse momento que o copeiro recordou-se de José e de sua habilidade precisa em interpretar sonhos anteriormente, e rapidamente o recomendou ao Faraó.


O faraó ordenou que lhe trouxessem o prisioneiro que interpretava sonhos. Para ser breve: José interpretou o sonho do Faraó e, além disso, ofereceu um plano completo para o governo lidar com a situação. O sonho previa sete anos de abundância seguidos por sete anos de escassez. A fome afetaria não apenas o Egito, mas também as regiões vizinhas, resultando em uma crise sem precedentes. José disse: "Veja, seu sonho indica que haverá esta sequência de eventos. No entanto, existe uma solução, e eu posso compartilhá-la se me permitir." José não só interpretou o sonho para o rei, mas também sugeriu uma estratégia que não estava implícita no sonho.


Eu insistirei em mostrar para você exatamente como está na Bíblia. Veja o que José disse ao Faraó do Egito:

"Que o Faraó procure um homem sábio e prudente e o coloque no comando do Egito. O Faraó deve também designar supervisores para arrecadar um quinto das colheitas do Egito durante os sete anos de abundância. Eles deverão juntar o máximo possível durante os anos prósperos que se aproximam e acumular trigo, que será guardado sob a autoridade do Faraó nas cidades. Esse armazenamento servirá como reserva para os sete anos de escassez que se abaterão sobre o Egito, para que a terra não seja devastada pela fome" (Gênesis 41.33-36).


José não apenas relatou o problema, mas também apresentou imediatamente uma solução viável. Ele tinha um plano, uma estratégia para superar a adversidade iminente. Não apenas o Faraó, mas todos os seus conselheiros ficaram impressionados e reconheceram que José tinha um plano sólido. Ele realmente é impressionante!

Se fosse outra pessoa, poderia ter arruinado tudo. Se fosse alguém que se sentisse injustiçado, poderia ter confrontado o faraó dizendo: "Ó rei, antes de tudo, preciso dizer algo. Você está ciente de que estou preso sem justa causa, não está? E agora vocês, da elite capitalista opressora, querem se aproveitar de mim, querem minha ajuda, certo?"

Não, quem se apresenta diante do faraó não é o refém de um coitadismo revolucionário ressentido.

Quem se apresenta é um homem decidido, determinado, comprometido em realmente contribuir para a melhoria de todos.

Acompanhado de seus conselheiros, o poderoso rei do Egito se volta novamente para o prisioneiro há anos esquecido: "Já que Deus lhe revelou tudo isso, não existe ninguém tão prudente e sábio quanto você. Você governará meu palácio, e todo o meu povo obedecerá às suas ordens. Apenas em relação ao trono serei superior a você". E o faraó declarou: "Concedo-lhe agora o governo de toda a terra do Egito" (Gênesis 41.39-41). Quem imaginaria, José!? Quase morto, vendido como escravo pelos próprios irmãos, injustiçado, preso, esquecido. Resumindo a história, José salvou o Egito da fome. E não apenas o Egito; povos das regiões vizinhas, ao saberem que o Egito tinha reservas de alimento, dirigiam-se para lá em busca de socorro. E, vejam só: até sua própria família, seus irmãos, foram ao Egito em busca de comida.


E então acontece algo extraordinário. José reconhece seus irmãos, mas eles não o reconhecem. José envelheceu e se tornou o primeiro-ministro do Egito, um homem de grande poder. Quem diria que o jovem vendido como escravo alcançaria tal posição? José se vê diante da oportunidade perfeita para se vingar. O que ele fará? Ele elabora um plano para que seus irmãos retornem ao lar e tragam todos, inclusive o idoso pai Jacó, ao Egito. José se revela e todos choram; é uma catarse coletiva repleta de surpresa, alegria, medo e alívio. E José perdoa sua família, perdoando os irmãos por tudo o que fizeram.


José pratica um princípio central da fé cristã, essencial para reparar relações entre as pessoas: o perdão. Ele emprega a ferramenta mais poderosa que existe: perdoar. Não há solução mais eficaz para resolver conflitos e se desvencilhar das correntes do passado do que perdoar. José perdoava, e por isso, não se deixava aprisionar pelo ressentimento, pelas mágoas ou pela sensação de injustiça; ele não dispunha de tempo para autocomiseração.


Com sua atitude, ele auxiliou muitos, incluindo sua própria família. A história de José, conforme narrada em Gênesis, mostra que Deus o acompanhava. E foi a forma como ele confiou e enfrentou cada adversidade que permitiu a Deus realizar feitos ainda maiores através de sua vida.

José, além de realizar um excelente trabalho em todo o Egito, teve esposa e filhos. Veja como ele nomeou seus filhos: 

"Ao primeiro, José chamou de Manassés, dizendo: 'Deus me fez esquecer de todas as minhas aflições e da casa de meu pai'. Ao segundo, deu o nome de Efraim, pois 'Deus me fez prosperar na terra do meu sofrimento'" (Gênesis 41.51,52).


Em hebraico, Manassés significa "esquecimento".
Embora o texto nunca mostre José como alguém que murmura, ressentido ou que se lamenta como vítima da sociedade, isso não implica que ele não tenha experimentado momentos de raiva, medo, angústia e sofrimento.
A questão é: como ele lidou com isso?
O nome do segundo filho, Efraim, significa "frutífero", "fértil", "aquele que multiplica".
Mesmo que o texto não mostre José como alguém que se queixa ou reclama dos problemas, essa passagem evidencia sua consciência de tudo o que enfrentou. José foi uma bênção por onde passou. Como administrador de confiança do faraó, seu trabalho gerou bênçãos que se estenderam para além das fronteiras do Egito.

Para que não pense que esta é apenas uma linda história de autoajuda, de alguém inspirador e resiliente que confiava em si mesmo, leia a parte em que José se revela à sua família. É crucial entender isso para evitar mal-entendidos:

"Eu sou José, o irmão que vocês venderam para o Egito! Não se angustiem nem se culpem por me terem vendido, pois foi para salvar vidas que Deus me enviou à frente de vocês. Já se passaram dois anos de fome na terra, e nos próximos cinco anos não haverá plantio nem colheita. Mas Deus me enviou antes de vocês para preservar um remanescente na terra e para salvar suas vidas por meio de um grande livramento. Portanto, não foram vocês que me enviaram para cá, mas sim Deus. Ele me fez governador do Faraó, administrador de seu palácio e regente de todo o Egito. Retornem rapidamente ao meu pai e digam-lhe: 'Assim diz seu filho José: Deus me fez senhor de todo o Egito. Venha até mim sem demora'" (Gênesis 45.4-9).

Observem como José interpretou sua própria história. Ele poderia ter adotado uma narrativa de vitimização, de injustiçado, de azarado, ou de alguém que acredita que o mundo está contra ele. No entanto, José não fez isso!
José redefiniu sua história sob a ótica do que Deus estava realizando. Ele não aponta os irmãos como culpados, nem se exalta.
Ele não se deixa levar por sentimentos de vingança, nem espera adulação dos outros.

José não compreendeu sua trajetória focando no mal que experimentou, mas sim na bênção que Deus proporcionaria a muitos.

Pessoas que buscam e encontram força em Deus, que se detêm para refletir sobre os eventos da vida e permitem que Deus examine seus sentimentos, não permanecem imóveis, lamentando-se ou remoendo o tratamento recebido dos outros. Elas avançam, conscientes de que Deus tem mais à frente, novas bênçãos preparadas!

É natural ficar triste, chorar ou sentir raiva. Somos seres frágeis e temos nossos momentos de vulnerabilidade. Contudo, não permita que esses sentimentos o prendam. Supere-os, e evite desperdiçar tempo e energia com o que não pode ser alterado.

Observe que, embora José tenha encontrado pessoas que lhe causaram dano, ele também encontrou muitas que lhe estenderam a mão. Não se concentre somente naqueles que desejam o mal. Há muitas pessoas dispostas a ajudar por aí!

Derramou o leite? Não se abale, vá atrás da vaca. A fonte é abundante.

As situações estão difíceis, tudo parece complicado? Recorde-se de quem está acima de tudo, transcendendo as circunstâncias. Confie naquele que é o Senhor da História!














quarta-feira, 20 de março de 2024

O que deixa sua igreja mais animada?

Através do poder das perguntas, podemos desvendar o que realmente move uma comunidade de fé. Algumas perguntas geram silêncio, outras reflexão, mas há uma que se destaca por gerar um diálogo vibrante: 

"O que mais te anima em relação à nossa igreja?"


Se existe um segredo dos grandes líderes, então, certamente deve ser a arte de fazer perguntas que inspiram. E entre todas elas, uma se destaca por abrir as portas para um diálogo rico e revelador: "O que mais te anima em relação à nossa igreja?"

O poder dessa pergunta reside em sua simplicidade e positividade. Ela convida as pessoas a compartilharem o que as entusiasma, sem qualquer tipo de julgamento. Ao mesmo tempo, direciona o foco para o que realmente importa: a paixão que move a igreja. A resposta se torna um resumo vívido do que nutre a fé de cada membro.

A resposta à pergunta é uma janela para a alma da igreja. A palavra "animação" traduz o entusiasmo que pulsa no coração dos membros. Através de suas respostas, descobrimos o que os motiva e inspira. As respostas variam amplamente, abrangendo desde a teologia e os programas até a missão, a pregação e a estrutura física da igreja. Raramente encontramos negatividade, pois as pessoas se concentram no que as motiva e as conecta à comunidade.

O que nos anima geralmente se torna uma prioridade em nossas vidas. Aquilo que desperta paixão na igreja também é elevado a um lugar de destaque.

A resposta à pergunta também revela a perspectiva da pessoa em relação à igreja. O entusiasmo está enraizado no passado, vibrante no presente ou direcionado para o futuro? A animação em relação ao passado pode indicar uma nostalgia pela tradição, enquanto a empolgação com o futuro sugere esperança em um caminho positivo ou a expectativa de mudanças positivas.

A resposta à pergunta nos permite desvendar a alma da igreja, revelando sua personalidade única. Cada comunidade de fé possui características distintas, expressas em seus membros. Algumas igrejas exalam extroversão, acolhendo com entusiasmo novos rostos. Outras se inclinam para a reflexão, nutrindo um ambiente propício ao cuidado mútuo. Já outras transbordam generosidade, inspirando seus membros a contribuir com alegria para o reino de Deus. A animação da igreja, portanto, é um reflexo de sua própria essência. 

É importante lembrar que uma única pergunta não revela todos os segredos de uma igreja. No entanto, questionar sobre o que anima as pessoas abre um diálogo rico e revelador, sem qualquer tipo de constrangimento. Essa é uma das perguntas que pastores e líderes podem incorporar em suas conversas e reuniões de equipe, pois permite ouvir diferentes perspectivas e participar de conversas positivas e inspiradoras.


Convido você a fazer o mesmo: pergunte a algumas pessoas da sua igreja "O que mais te anima em relação à nossa igreja?". Tenho certeza de que se surpreenderá com a riqueza de respostas e insights que receberá. Essa é uma oportunidade para se conectar com sua comunidade, fortalecer laços e construir um futuro ainda mais vibrante para a fé.

sábado, 21 de agosto de 2021

Qual é a Sua Desculpa?

Os textos anteriores nos conduziram ao tema do discipulado. Sem dúvida um assunto recorrente na igreja. Existe um texto bíblico que nos apresenta algumas questões importantes na reflexão a respeito do tema do discipulado. Estou falando de Lucas 9. 57-62. 

Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: "Eu te seguirei por onde quer que fores". Jesus respondeu: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça". A outro disse: "Siga-me". Mas o homem respondeu: "Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai". Jesus lhe disse: "Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus". Ainda outro disse: "Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e me despedir da minha família". Jesus respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". 

Jesus está, como de costume, envolvido pela multidão. Acontecem, então, algumas conversas de alguns destes personagens com Jesus. Esta conversa ocorre ao longo do caminho. Jesus havia manifestado que seu destino nessa caminhada era Jerusalém (Lucas 9.51). Um imbróglio envolvendo os samaritanos fez com que se dirigissem a outro povoado. Ao longo desse caminho é que Jesus é interpelado por três candidatos ao discipulado. 

O que chama a atenção nesta passagem é que todos os três homens estavam entre a multidão em torno de Jesus. E, em algum momento, todos se viram face a face com Jesus Cristo. Até aquele momento, talvez, tivessem ouvido falar de Jesus..., quem sabe o tivessem visto de longe...! Pode ser que até já tivessem conversado com alguém outro mais chegado de Jesus! Eles, certamente, já nutriam admiração por aquele jovem galileu! No entanto, chegou o momento de um confronto para valer! Aquele momento de deixar a multidão e tornar-se um discípulo de verdade. 

Para o teólogo e mártir luterano Dietrich Bonhoeffer, “cristianismo sem discipulado é sempre cristianismo sem Jesus Cristo”. Portanto, o discipulado implica num encontro e um confronto com a pessoa de Jesus. As consequências desse encontro são inevitáveis! Estar diante de Jesus implica mudanças radicais. Será que estamos dispostos?

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

E Se Seguissem Você!?

Por volta de 2014, quando meus filhos tinham 3 e 6 anos de idade, estávamos residindo em Curitiba. Eu saía com as crianças no portão e, chegando à rua, algo chamou a atenção delas. Duas pessoas estavam passando. Estas pessoas trajavam roupas idênticas e, até mesmo a mochila que carregavam era semelhante. Ambas também ostentavam um crachá no peito. Tratava-se de uma dupla de missionários da Igreja dos Santos dos últimos Dias (Mórmons), comum na maioria das cidades brasileiras. 

Por alguma razão, aqueles dois jovens despertaram a curiosidade, especialmente da Sophia. Ela perguntou o que eram aquelas pessoas. Eu, então, tentei explicar para ela. Disse que eram pessoas que saíam por aí falando do Deus no qual eles acreditam. Ingenuamente imaginei que uma criança, naquela idade, talvez ficaria satisfeita com esse tipo de resposta. Afinal, desde bebês, elas convivem com pais que confessam a Deus, possuem livros e Bíblias em casa, contam histórias sobre Deus, frequentam e as levam a igreja e etc.. 

Mas, a Sophia não se deu por satisfeita. Perguntou se o Deus daquelas pessoas era o mesmo Deus que a gente acredita. Eu comecei a perceber que estava numa enrascada. Procurei responder com algo do tipo: bem, eles não acreditam exatamente como a gente, há algumas diferenças... E, antes mesmo que eu pudesse continuar ela interrompe: o deus deles é uma estátua? Lá estava eu, me contorcendo para tentar explicar: não exatamente, Sophia... Foi então que o Henrique, até aquele momento calado, mas não desligado da conversa, percebendo meu malabarismo e toda a dificuldades para oferecer uma resposta satisfatória, interrompeu abruptamente com uma sugestão brilhante: Pai, por que a gente não segue eles, daí a gente vai ver o deus deles!? 

Eu já contei esse episódio algumas vezes e quase sempre fica como mais uma dessas curiosidades engraçadas da relação pais e filhos, especialmente filhos pequenos que vivem a aventura de descobrir o mundo. Como cristão, no entanto, eu jamais pude evitar de lembrar repetidas vezes da palavra de Jesus a respeito das crianças. Uma interpretação possível é que Jesus lembra aos adultos de que, além de ensinarmos, devemos prestar atenção a elas, as crianças, pois também tem muito a nos ensinar, aos adultos. 
Hoje, já passados sete anos daquele episódio, eu costumo me lembrar especialmente da sugestão do Henrique, então uma criança com pouco mais de 3 anos de idade: “Pai, por que a gente não segue eles, daí a gente vai ver o deus deles!?” Eu não explorei com o Henrique, na época, o que exatamente ele tinha em mente ao propor aquilo. Talvez tenhamos dado algumas risadas e seguimos nosso caminho. Os dois estavam mais interessados no parquinho para onde nos dirigíamos. 

A imaginação de uma criança é algo realmente incrível! Mas, hoje, quando me pego refletindo sobre algumas coisas das Escrituras, especialmente sobre o discipulado, uma pergunta me assalta: Que tipo de Deus as pessoas descobririam se resolvessem me seguir?

domingo, 18 de julho de 2021

Você é um Líder Atencioso ou Apenas Curioso?

É realmente difícil imaginar um ser humano que não seja curioso. A curiosidade é boa. Nos impulsiona a querer saber e descobrir coisas novas. Fazer perguntas está entre as principais características da comunicação humana. 

Outro dia deparei-me com um texto do pastor Sam Rainer, da West Bradenton Baptist Church no Estados Unidos. Ele falava sobre a diferença entre pastores atenciosos e pastores curiosos. Seu argumento é de que é melhor ser atencioso. Não é difícil concordar com Sam nesse sentido. Vejamos algumas de suas principais colocações. 

As pessoas fazem perguntas. No caso, tanto pastores curiosos quanto atenciosos fazem perguntas sobre a sua equipe de trabalho e também a respeito dos membros da igreja. Especialmente quando parece que algo estranho se apresenta. De repente alguém 'desaparece', ouve-se de algum caso de doença, rumores de divórcio, e, assim por diante. Problemas com membros da igreja certamente devem receber a atenção do líder da igreja local. 

Fazer perguntas, portanto, é fundamental para obter informações que servirão de subsídio para uma boa liderança, planejamento e gestão da igreja. Fazer perguntas faz parte das boas qualidades de um líder. 

Um pastor apático ou indiferente certamente será taxado de um pastor ruim. Mas, qual seria a diferença entre uma investigação curiosa e uma investigação cuidadosa? 

Sabemos que quanto maior uma igreja ou organização tanto mais difícil será para a liderança acompanhar individualmente cada pessoa que faz parte dela. A questão não estaria tanto no quanto um líder ou pastor é capaz de investir a sua atenção em cada indivíduo, mas, na sua postura geral. 

Enquanto um líder atencioso deseja ouvir, o líder curioso quer apenas obter informações. 

O pastor atencioso busca compreender o membro para melhor servi-lo. O pastor curioso se interessa pelas informações que lhe digam se uma pessoa pode ou não servir em algum ministério da igreja. 

Enquanto o pastor atencioso se preocupa com a pessoa, o curioso pode estar preocupado apenas com a gestão da organização. 

Líderes atenciosos se preocupam e carregam um fardo autêntico por se interessarem pela vida de seus membros. Por outro lado, um pastor curioso deseja apenas saber o que está acontecendo. A diferença está na preocupação em "como eu posso ajudar" para "me dê as informações para que eu possa tomar a melhor decisão". 

Um líder atencioso acompanha seu membro ou colaborador de perto para ajudá-lo a melhorar. Um líder curioso, por sua vez, pode acompanhar a equipe de perto apenas com foco nas decisões operacionais. 

O pastor Sam Rainer destaca algo que é preciso considerar nesse tipo de abordagem. A curiosidade é um traço importante de toda a liderança. Cabe ao pastor, líderes e gestores manterem a capacidade de fazer perguntas. Liderar uma organização requer tomada de decisões e estar bem informado é fundamental nesse processo. A curiosidade é importante. 

O ponto é que há uma diferença entre pastorear vidas e simplesmente gerir uma instituição. Uma pessoa pode fazer as duas coisas. Nesse caso, deverá manter um equilíbrio saudável entre atenção e curiosidade. 

As pessoas começam logo a perceber se o seu pastor realmente se importa com elas ou se está apenas interessado em usá-las para objetivos operacionais na igreja e no ministério. Nas palavras de Sam Rainer, 

"bons líderes se preocupam tanto com a organização quanto com os indivíduos dessa organização". 

Encontrar esse equilíbrio é um desafio constante a que todo pastor deve permanecer atento. A organização e a gestão devem estar à serviço do rebanho de Cristo.

domingo, 20 de setembro de 2020

Sobre Pastores Que Estão Prestes a Desistir

É difícil saber quem são as pessoas que leem textos como este aqui. Cristão em geral, imagino. Também líderes e pastores.

O tempo de pandemia gerou muita reflexão. Também na igreja, é claro. Muitas pessoas pararam para refletir sobre a vida, as prioridades, as coisas que realmente importam.

Recentemente uma famosa jornalista surpreendeu muita gente ao anunciar mudanças em sua vida. Ao deixar uma grande emissora focada em notícias ela afirmou que deseja priorizar seus propósitos daqui pra frente.

O exemplo serve para alertar a igreja sobre seus pastores. Em seu blog, o consultor de igrejas Thom S. Rainer afirma que tem se comunicado com muitas equipes pastorais durante o período da quarentena devido ao COVID-19. Sua constatação é que muitos desses pastores estariam demonstrando um forte desejo por deixar o ministério. 

Embora Rainer seja conhecido também em círculos internacionais, provavelmente ele esteja baseando suas informações mais ao contexto norte americano. Ainda assim, não nos parece difícil deduzir que pode ser, sim, uma tendência mais geral. Períodos como este que passamos não são comuns. A parada forçada certamente levou muitos de nós a refletir e repensar. O quanto tudo isso será capaz de gerar impulsos para mudanças mais radicais ainda está para ser constatado. 

No entanto, embora o caráter específico de muitas mudanças ainda não estejam tão evidentes, de uma coisa poucos parecem duvidar: haverá mudanças. No caso de pastores demonstrando o desejo de deixar o ministério para focar em outras carreiras, Thom Rainer afirma se tratar de uma tendência que a crise do COVID-19 apenas exacerbou. A mudança já era latente. 

Há um detalhe importante aqui. Rainer não afirma que esses pastores estejam tão somente frustrados e desejosos por abandonar o ministério. Certamente há, entre eles, alguns assim. Mas, acontece que há um desejo por novos modelos frente às igrejas negativas e apáticas que vem caracterizando parte do segmento cristão. 

Entre os motivos listados por Rainer, pastores estariam desejando mudanças em seu ministério porque também eles estão cansados com a pandemia. Pastores, geralmente, gostam de pessoas. E, estão sentindo falta do contato, dos relacionamentos, de pastorear. Tiveram tempo para refletir sobre tudo isso. E, se perguntam se uma retomada na rotina significa, de fato, poderem dar prioridade a sua verdadeira vocação. 

Tantos pastores também estariam cansados da politização que se fez em torno da pandemia. Veem suas igrejas divididas politicamente, fazendo das máscaras, do isolamento, do ter ou não ter eventos públicos muito mais uma bandeira política do que uma genuína preocupação com a segurança geral. 

Embora nem tudo se resuma a números, existe muita pressão sobre os pastores nessa área. O número de membros e a arrecadação financeira das igrejas recaem sobre os pastores. Muitos vivem a insegurança de como será daqui pra frente: os membros retornarão? A igreja conseguirá seguir em frente? Haverá recursos suficientes? Haverá necessidade de cortes? Será possível continuar apoiando todos os ministérios como antes? O futuro financeiro nebuloso gera ansiedade e medo. 

Muitos pastores estariam experimentando um crescimento no número de críticas recebidas depois da pandemia. Os motivos podem ser diversos. É evidente que os membros das igrejas também estejam cansados e angustiados. Para muitos, o alvo mais evidente das críticas é o pastor. Sem falar da pressão de membros que exigem posicionamentos públicos de seus pastores frente a temas políticos e ideológicos diante dos quais é difícil se posicionar sem se comprometer com algum segmento e, consequentemente, desagradar ainda mais. 

Há ainda muitos pastores que experimentaram aumento na carga de trabalho. Embora muitas pessoas vejam o trabalho pastoral meramente como executar e coordenar programas, a realidade é que o serviço pastoral vai muito além disso. A realidade de pandemia obrigou a muitos a se adequarem para continuarem parecendo relevantes. O desafio da realidade digital levou a novos aprendizados, mais esforço, novas atividades. Tudo isso aliado ao fato de que a demanda por atendimento pastoral cresceu durante a pandemia. 

Enfim, pastores também sentem se esgotados, pressionados e desanimados. 

Talvez nem todos sintam-se encorajados a declarar suas intenções. Mas, não será surpresa se você também ouvir de seu pastor que ele está desejando mudar.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

15 Perguntas que Todo Pastor Deve Ser Capaz de Responder Sobre a Sua Igreja Local


Você tem consciência da igreja local onde congrega? 

Esta é uma pergunta que torna-se ainda mais fundamental se você é um líder ou um pastor na igreja.

Impressiona como muitos pastores e líderes não são capazes de responder questões básicas sobre a realidade envolvendo a sua igreja local. Isso, certamente, causa impactos enormes sobre estilo de liderança, autoridade e estratégias de ação. 

O consultor de igrejas Chuck Lawless lista 15 perguntas que um líder e pastor deveria ser capaz de responder a respeito da igreja. Como você responderia a este questionário? 

1. Quais é a declaração de visão e de missão de sua igreja local? 
2. Quantas pessoas vivem num raio de 7 a 10 quilômetros em torno da sede da sua igreja local? 
3. Quais são os nomes das autoridades governamentais em sua cidade (Prefeito, vereadores, juízes, etc.)? 
4. Sua igreja local está crescendo? Em que taxa? 
5. Qual é a proporção entre novos membros que chegam por batismo e os que chegam por conversão em sua igreja? 
6. Qual é a capacidade física, de infraestrutura, de sua igreja local (vagas de estacionamento, classe para crianças, banheiros, etc.)? 
7. Em sua equipe de líderes e funcionários, quais são os nomes de seus filhos e cônjuges? 
8. Você sabe qual é o testemunho que a sua equipe de líderes tem dado em sua família, trabalho e na cidade? 
9. Você está por dentro do orçamento da sua igreja? 
10. Dos participantes das programações em sua igreja local, quais são as estatísticas quanto à faixa etária (por idade, crianças, adolescentes, jovens, idosos, etc)? 
11. Quantos plantadores de igrejas, missionários e pastores sua igreja enviou durante seu ministério/liderança/pastorado? 
12. Qual porcentagem dos membros ativos em sua igreja estão participando de um pequeno grupo? 
13. Os líderes da igreja estão cientes e comprometidos com a base doutrinária e confessional dessa igreja? 
14. Quantas viagens missionárias a sua igreja patrocinou no último ano e a quais lugares estão indo? 
15. Qual é a sua visão para a igreja daqui a cinco anos? 

Agora, imagine que cada questão vale 6,5 pontos. Como foi a sua pontuação considerando aquelas perguntas que você conseguiu responder claramente? 

O trabalho de um líder, um pastor, passa por conhecer bem a realidade onde está atuando. Se você acha que não se saiu muito bem ao responder esse questionário, o tempo para se dedicar nessas questões é agora.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Você Convida Pessoas de Fora Para a Sua Igreja?

Será que é mesmo importante incentivar os membros da igreja local a convidarem pessoas de fora? 

Por quais razões deveríamos convidar outras pessoas para a igreja?

Se a minha igreja ainda está passando por um processo de revitalização, será que é saudável convidar "estranhos" para virem participar das programações?

Talvez pastores e líderes que servem em igrejas que claramente necessitam de um processo de revitalização se deparem com essas dúvidas.São questões honestas que precisamos encarar como igreja.

Quem já não ficou em dúvida sobre se deveria ou não convidar aquele amigo, um vizinho, aquela família do amigo dos filhos para virem até a igreja? E se eles não gostarem? E se o pastor falar sobre dízimo, dinheiro e contribuição? E se acharem nosso templo e nossa liturgia muito antiguados? Quem nunca viveu dilemas assim?

Se você é pastor, como tem agido? Você costuma incentivar os membros a convidarem outras pessoas para a igreja?

Inicialmente diríamos que o simples fato de nossa igreja local estar passando por um processo de revitalização não nos deveria intimidar de convidar e trazer outros. Afinal, um processo de revitalização passa por pessoas. E, quem sabe, essa pessoa pode ser você.

Qual melhor maneira de revitalizar do que despertar para aqueles à nossa volta e que ainda não foram alcançados pelo Evangelho?

Ao convidar outras pessoas para a igreja você não está apenas pensando em acrescentar números aos frequentadores do culto, mas, em convidar pessoas a conhecerem a graça de Deus e a se juntarem na missão desse Deus.

Outro benefício para a igreja local, quando novas pessoas chegam, é despertar os membros para o mundo lá fora. Nenhuma igreja deveria perder esta perspectiva. Se a sua igreja local está centrada por demais em si mesma, então, traga gente nova e ajude os membros a focarem para além de seus próprios umbigos.

Toda igreja local tem problemas, é verdade. Mas, ninguém segue adiante focando apenas os problemas. Erguer os olhos e contemplar os campos prontos para a colheita é necessário. Isso nos impulsiona para frente.

Aponte para as possibilidades. Os membros da igreja precisam ser desafiados a se engajarem na missão de Deus que consiste em abençoar as nações do mundo inteiro.

Revitalize! Convide! Incentive os membros a trazerem seus amigos. E, deixe que Deus faça uma bagunça em sua igreja local. Não existe reforma sem incômodos. Não há revitalização sem mudar algumas coisas. E, às vezes, não é bem como gostaríamos. Mas, se é da vontade de Deus, aquilo que nos deixa mais confortável não importa!