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terça-feira, 7 de maio de 2024

Onde Está Deus na Tragédia?

Onde está Deus quando as tragédias acontecem? Por que Deus permite a dor e o sofrimento? Se Deus existe, porque tantas coisas ruins ocorrem? 

Tragédias como essa que se abate sobre o estado do Rio Grande do Sul em maio de 2024 são capazes de revelar o melhor e o pior do ser humano. Por um lado vemos pessoas politizando a catástrofe. Há quem diga tratar-se de um castigo merecido. Encontraremos aqueles que se aproveitam de momentos de escassez para faturar mais alto. bandidos aproveitam para saquear e assaltar enquanto tantos perecem. Por outro lado, uma grande rede de apoio e solidariedade se forma. Milhares de pessoas, a grande maioria de forma anônima, estão envolvidas em auxiliar, de algum modo, quem mais precisa. 
No momento da dor é legítimo que haja revolta, raiva, medo, angústia e dúvidas. De tudo que se pode questionar, nem mesmo Deus é poupado. 

O brasileiro, de modo geral, conhece uma divindade subserviente à vontade de sacerdotes que se apresentam como intermediários da benção. Um deus que estaria disponível para sempre abençoar e fazer prosperar aqueles que sabem cumprir o ritual sagrado, uma divindade a serviço de quem sabe manipular a melhor oração, e de quem conhece as artimanhas capazes de fazer a força divina agir a seu favor. O Deus cristão revelado na Bíblia, porém, não se deixa domesticar por discursos e práticas religiosas. Se Deus é Deus, Ele é quem é independentemente do que nós pensamos a seu respeito. 

A frustração que muitos podem experimentar diante de Deus quando as coisas não saem conforme o esperado, acontece não porque Deus deixou de ser Deus. Mas, porque o deus que nos foi apresentado é uma divindade idealizada para atender as nossas expectativas. Quando esse deus falha, nós o atacamos e, até mesmo, deixamos de crer nele. Na sua falta, acabamos atacando aqueles que dizem nele acreditar. 

Quando nós atrelamos a ocorrência de uma tragédia, seja ela pessoal ou mais ampla, envolvendo milhares de pessoas, à existência de Deus, devemos lembrar que a Bíblia jamais deixou de relatar as suas próprias tragédias. Em Gênesis temos o relato do dilúvio. Depois o povo de Deus passou anos e anos escravo no Egito. Mais adiante, esse povo sofreu no exílio e conheceu a opressão sob o jugo de nações estrangeiras. O Antigo Testamento também revela o emblemático caso de Jó. Enfim, o próprio Jesus foi preso, torturado, humilhado e condenado à pior das mortes daquele tempo.

Portanto, não, o Deus dos cristãos não é um Deus à serviço dos caprichos humanos, gostemos disso ou não. A nossa tragédia não é uma exclusividade nossa. Se aprendemos que a fé em Deus serve para nos livrar dos perigos e dos sofrimentos do mundo, sinto informar que nos ensinaram errado. A jornada do povo de Deus e dos cristãos ao longo da história sempre foi de um povo que mantinha sua fidelidade a Deus apesar de toda dificuldade. A fé não é sobre levar uma boa vida, mas, sobre reconhecer a Deus nos maus e nos bons momentos e saber que apesar dos pesares, é Ele quem tem a palavra final. 

A fé não é sobre templos lotados ou sobre forças espirituais à serviço da prosperidade humana. É mais sobre confiança, mesmo quando atravessamos o vale da sombra da morte. A fé que se baseia numa relação de confiança com Deus nos permite conhecer um Deus que é capaz de suportar a nossa dúvida, nossos questionamentos, nossa indignação, nosso grito de desespero. Mais uma vez encontraremos na Bíblia diversos personagens que direcionaram a Deus a sua dor, a sua pergunta, a sua indignação e até mesmo a sua incredulidade: “Será que quem fez o ouvido não ouve? Será que quem formou o olho não vê?” (Salmo 94.9). 

Em vista disso, não se intimide. Expresse tudo diante de Deus, acredite você nele ou não, seja ele quem você acha que é. Derrame tudo o que se passa em seu coração. Deixe extravasar tudo. Pois se Deus realmente existe, ele é capaz de suportar qualquer coisa vinda de alguém que sofre. O amor e a compaixão são da natureza de Deus. Ele acolhe, inclusive, o nosso silêncio. 

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

DIETRICH BONHOEFFER E O CASAMENTO: um 'sim' para o mundo de Deus

Embora ainda não fosse algo público, quando Dietrich Bonhoeffer foi preso ele estava noivo de uma garota de dezoito anos chamada Maria von Wedemeyer. Apesar dos sonhos de casamento entre os dois, a união nunca chegou a se concretizar. O namoro se resumiu a cartas trocadas entre eles e a dezessete visitas que Maria pode fazer à prisão. Numa dessas cartas Bonhoeffer expressou sua ideia a respeito do casamento como um 'sim' para o mundo de Deus. 
Essa ideia sobre o matrimônio não se resumia ao seu futuro casamento em particular, mas, para o casamento como ato de fé e esperança. Bonhoeffer expressou algo nesse sentido para dois amigos quando estes compartilharam seus próprios planos de casamento. Numa carta à Maria, Bonhoeffer diz:

"Nosso casamento deve ser um ‘sim’ ao mundo de Deus. Tem de fortalecer nossa resolução de realizar e concluir algo na terra. Temo que aquele que se aventura a manter-se no mundo sob uma única perna permanecerá numa única perna também no paraíso". 

Na mesma época em que estava preso, uma sobrinha de Bonhoeffer estava de casamento marcado com Eberhard Bethge, seu melhor amigo e biógrafo. Bonhoeffer chegou a trabalhar num sermão que pretendia usar nesse casamento:

"Ao acrescentar o 'sim' dele ao 'sim' de vocês, ao confirmar a vontade dele com a sua vontade, e ao permitir e aprovar o seu triunfo e regozijo e orgulho, Deus os transforma ao mesmo tempo em instrumentos da vontade e do propósito dele tanto para vocês mesmos quanto para os outros. Em sua condescendência insondável, Deus acrescenta o 'sim' dele; mas, ao fazê-lo, ele cria, do amor de vocês, algo novo — o bem sagrado do matrimônio". 

Dietrich Bonhoeffer revelou que mantinha uma ideia bastante elevada a respeito do casamento. Para ele o matrimônio era “mais do que o amor mútuo”, trata-se de algo que “possui força e dignidades superiores, pois é ordenança sagrada de Deus, por meio da qual ele quer perpetuar a raça humana até o fim dos tempos”. 

Uma frase memorável resultou dessa reflexão tão profunda de Bonhoeffer a respeito do casamento:

"Não é o amor de vocês que sustenta o casamento, mas de agora em diante é o casamento que sustenta o amor de vocês”. 

O amor de Bonhoeffer por Maria e sua fé em Deus o sustentaram naqueles meses que antecederam sua fatídica condenação. As cartas entre Dietrich e Maria revelam uma faceta pouco conhecida da história do mártir alemão.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

As verdadeiras Transformações Dependem de Indivíduos Transformados: Lutero e a Reforma

Um homem, uma palavra e um dia na história. O dia 31 de outubro do ano de 1517 ficou marcado como o dia da Reforma. Nesse dia, um monge irrequieto afixou noventa e cinco teses na porta da Catedral do castelo de Wittenberg, desencadeando um debate sobre práticas da igreja. Martim Lutero, o reformador do século 16, é uma figura que ecoa na história para aqueles que se interessam por história, igreja, teologia e cultura ocidental. 


A luta de Lutero com a igreja começou com inquietações profundas em sua alma. Sua batalha envolveu não apenas adversidades externas, mas principalmente seus próprios medos, dúvidas e pecados. Lutero questionava a salvação pessoal e a justificação diante de um Deus santo. Como poderia um Deus santo aceitar um ser humano pecador? 

A vida de Lutero revela que essa luta não é exclusiva dele, mas compartilhada por todos nós, pecadores que resistem à graça de Deus. Somos confrontados pela presença amorosa e redentora de Deus, mas muitas vezes confiamos em nossos próprios méritos, o que nos deixa dependurados em nossas fraquezas. 

Lutero também aprendeu que grandes instituições podem se corromper devido à fraqueza humana. Quanto maior uma instituição, maior seu poder e influência, tornando-se um terreno fértil para a corrupção. O poder e o dinheiro despertam cobiça, e a ambição por títulos e status atrai oportunistas. Lutero corajosamente desafiou essa corrupção e buscou respostas para suas perguntas mais profundas.

Nascido em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha, Lutero cresceu em uma família de classe média e mostrou interesse precoce pela educação e pelo estudo da lei. Ele ingressou na Universidade de Erfurt para estudar filosofia e direito, seguindo a tradição escolástica da época. 

Durante seus estudos filosóficos, Lutero foi profundamente influenciado pela filosofia escolástica, que buscava harmonizar razão e fé. No entanto, sua experiência pessoal e estudo das Escrituras o levaram a questionar as doutrinas e práticas da Igreja Católica Romana. Sua publicação das "95 Teses" desencadeou a Reforma Protestante, questionando a autoridade papal e enfatizando Jesus, as Escrituras, a fé e a graça de Deus. 

Lutero desenvolveu uma teologia reformada, destacando a justificação pela fé, defendendo que a salvação não depende de obras, mas da fé em Jesus Cristo como Salvador. 

Sua nova perspectiva representou uma ameaça e uma libertação. Rompeu com a autoridade de Roma e afirmou a autoridade de Cristo nas Escrituras, dando acesso a elas para todas as pessoas. Apresentou o Deus da graça, aceitação e perdão incondicional. 

A história de Martim Lutero nos inspira a enfrentar dúvidas, estudar as Escrituras com diligência e buscar uma fé autêntica. Podemos desafiar estruturas estabelecidas em busca da verdade e do crescimento espiritual. Que sua coragem e legado nos encorajem a enfrentar nossas próprias batalhas, confiando no poder transformador do evangelho. 

Que assim como no século dezesseis, vidas transformadas pelo Evangelho continuem a impactar o mundo a partir de verdadeiros discípulos, sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-14).

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Revitalizando a Igreja Por Meio da Caminhada em Oração

Revitalizar uma igreja é um desafio que muitos líderes enfrentam. Pode-se pensar que uma revitalização deve começar com um grande planejamento e ações sofisticadas. Mas você sabia que existe uma prática poderosa que pode transformar completamente o ambiente espiritual da sua igreja? Estamos falando da caminhada em oração, uma estratégia muitas vezes negligenciada, mas com resultados incríveis. Neste artigo, vamos explorar como a caminhada em oração pode impactar positivamente sua igreja e como você pode implementá-la de forma eficaz.

O que é a caminhada em oração?

A caminhada em oração é um simples ato de caminhar por um bairro ou comunidade com o propósito de orar pelas pessoas que vivem ali. Durante essa caminhada, você terá a oportunidade de interagir com os vizinhos e descobrir suas necessidades de oração específicas. Essa prática pode ser realizada individualmente ou em grupo, e sua simplicidade a torna acessível a todos.

A origem da caminhada em oração

Embora não se saiba exatamente onde a caminhada em oração teve início, podemos traçar suas raízes até os tempos bíblicos. Jesus, nosso maior exemplo, frequentemente caminhava e orava. Embora não seja mencionada especificamente na Bíblia, a caminhada em oração reflete o chamado para "orar sem cessar" e seguir os passos de Jesus.



Os benefícios da caminhada em oração para a revitalização da igreja

  1. Foco externo: Igrejas saudáveis são aquelas que estão focadas em impactar a comunidade ao seu redor. A caminhada em oração direciona os membros da igreja para fora das quatro paredes, aumentando sua conscientização sobre o campo missionário e as necessidades das pessoas ao seu redor.
  2. Fortalecimento da base: A oração é o alicerce do ministério. Ao unir a prática da oração com a ação física de caminhar pela comunidade, fortalecemos tanto nosso relacionamento com Deus quanto nossa conexão com as pessoas.
  3. Construção de relacionamentos: Durante a caminhada em oração, você terá a oportunidade de conhecer seus vizinhos, estabelecendo relacionamentos significativos. Essa proximidade permitirá que você entenda melhor as necessidades das pessoas e as convide para participar da sua igreja.
  4. Unidade geracional: A caminhada em oração pode ser realizada por pessoas de todas as idades. Ao envolver toda a família e grupos pequenos, a igreja se torna mais unida e fortalecida.

Como implementar a caminhada em oração na sua igreja

  1. Promova a conscientização: Explique os benefícios da caminhada em oração para os membros da igreja e incentive-os a participar dessa prática transformadora.
  2. Organize grupos de caminhada em oração: Crie grupos de pessoas interessadas em se envolver nessa atividade. Estabeleça horários regulares e rotas específicas para que todos possam participar.
  3. Esteja preparado para interagir com os vizinhos: Durante a caminhada, esteja aberto para conhecer as pessoas ao redor e perguntar sobre suas necessidades de oração. Construa relacionamentos genuínos e convide-as a participar das atividades da igreja.

A caminhada em oração pode ser a chave para revitalizar sua igreja e impactar sua comunidade de maneira significativa. Ao colocar em prática essa disciplina espiritual simples, você estará fortalecendo os laços da sua igreja e cumprindo o chamado de levar a mensagem de esperança e amor às pessoas. Comece hoje mesmo e veja a transformação acontecer!