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domingo, 29 de outubro de 2023

Uma Travessura às Vésperas do Halloween

Uma frase que lembro ter lido na traseira da carroceria de um caminhão quando eu era adolescente nunca mais esqueci: "falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Somente mais tarde viria a conhecer a expressão "frase de para-choque de caminhão". E, só mais tarde ainda, entenderia que a lógica do 'curtir', 'comentar' e 'compartilhar' das redes sociais não se importa com o 'falem bem'. Não importa o que você diga e não importa se sua posição é contra ou a favor. O que vale é que o algoritmo conta a interação. Interagiu, seja para elogiar ou para criticar, seja com like ou deslike, você está favorecendo a popularidade do post. Isso explica muita coisa. Mas, deixemos esse papo de marketing do mundo das mídias sociais de lado por enquanto. 

O principal está claro: "falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Traduzindo para as 'redes': "elogiem ou critiquem, ataquem ou defendam, mas, interajam comigo". E, assim, muitos acabam não se dando conta que seus esforços nas redes podem estar a serviço daquilo que acham estar combatendo. 

Melhor é estar a serviço do Espírito divino do que do inimigo cuja missão é matar, roubar e destruir. Melhor é estar com a Verdade do que com o pai da mentira. Se podemos estar, mesmo que involuntariamente, à serviço de forças superiores, a qual força servimos? 

Em sua biografia de Martim Lutero, Lyndal Roper destaca algo interessante ao relatar como o reformador encarou a viralização de suas famosas 95 teses: "Como Lutero teve coragem de lançar tamanho ataque ao papado e aos valores fundamentais da Igreja? Mais tarde, ele disse que, naquela época, estava como um 'cavalo vendado', obrigado a usar antolhos para se manter na linha reta. E rezava: 'Se Deus quer começar com essa brincadeira me usando, ele devia se virar sozinho, sem meter a mim (isto é, minha erudição) no meio disso'. Descreveu um estado mental em que não tinha pleno controle de suas ações e transferia a responsabilidade a um poder mais alto. Mais tarde, usou várias vezes a palavra 'Spil', jogo ou brincadeira, termo que em alemão pode ter conotações de frivolidade, para descrever as circunstâncias que envolviam a publicação das teses — como se Deus o estivesse usando para fazer alguma travessura e ele não respondesse plenamente pelo que fazia. Um jogo é também uma atividade cujo resultado não se conhece" (ROPER, Lyndal. Martinho Lutero: renegado e profeta. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020). 

Sem doces, a travessura do monge naquela véspera do dia de todos os santos (A palavra Halloween é uma abreviação para a frase “All Hallows' Eve” ou “All Hallows' Evening” que – em inglês – significa a véspera de todos os santos) acabaria gerando consequências que mudaram a história. 

Cabe refletirmos sobre o que temos ajudado a propagar, seja voluntaria ou involuntariamente. A serviço de qual 'espírito' nos deixamos usar? Algumas 'travessuras' podem ser necessárias.

sábado, 7 de outubro de 2023

Reforma Protestante: ideias devem ser compartilhadas

No século XVI, a internet ainda não existia, muito menos sites e blogs. Na verdade, Johannes Gutenberg tinha acabado de inventar a imprensa de tipos móveis no século anterior. A partir daí, a publicação de livros em maior escala e a preços mais acessíveis mudou para sempre a estrutura da sociedade. Com a queda de até 400 vezes no preço dos livros, a vida intelectual deixou de ser monopolizada pela igreja e pela corte. A alfabetização tornou-se uma necessidade na vida urbana. Um grande número de escritores, músicos, políticos, religiosos, cientistas, médicos e exploradores pôde compartilhar seu conhecimento e inspiração.
Foi no século XVI que um monge se incomodou com vários erros na igreja e lutou por reformas. A igreja católica era a guardiã da cultura ocidental e, durante a Idade Média, acumulou riqueza e autoridade sem precedentes. Além do poder político, o papa detinha o maior poder - as chaves do paraíso e do inferno. Esse poder era mantido principalmente porque a igreja controlava a informação, especialmente a interpretação da Bíblia Sagrada. Desiludido com a rigidez e o controle da igreja, o monge Martinho Lutero começou a estudar profundamente as Escrituras e ousou questionar o sistema vigente. Seu profundo desejo de perdão levou Lutero a estudar a Bíblia, onde compreendeu que o justo viverá pela fé (Romanos 1. 17). Essa nova visão da graça levou Lutero a questionar especialmente a interpretação e o controle da igreja sobre as Escrituras. 

Uma das questões que mais incomodaram Lutero foi a venda de indulgências. Quem comprasse uma indulgência das mãos de John Tetzel adquiria a liberdade das consequências temporais e até eternas do pecado. Foi então que Martinho Lutero decidiu que era hora de um debate maior sobre essas questões. Ele escreveu suas 95 teses e, no dia 31 de outubro de 1517, afixou-as na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha. Essa era a maneira de apresentar os temas e iniciar uma discussão. Não se sabe quem, mas alguém imediatamente obteve uma cópia e traduziu as teses do latim para o alemão, publicando-as e distribuindo-as por todo o país. Em um mês, as teses de Lutero já estavam circulando por toda a Europa. Começava ali uma revolução que mudaria a história. Em uma época em que as informações eram controladas e manipuladas por uma única instituição, uma porta e uma imprensa se tornaram instrumentos de reforma. A porta de Wittenberg foi a rede social de Lutero para publicar suas ideias. A partir desse ponto, ninguém mais podia controlar a disseminação do texto e os debates que surgiam. Até hoje, nenhum post gerou tantos comentários e compartilhamentos!

domingo, 18 de abril de 2021

Sacerdócio Geral de Todos os Cristãos

O que significa testemunhar o Evangelho? 

A compreensão do testemunho do Evangelho costuma ser reduzida a falar diretamente de Deus, citar versos da Bíblia, até mesmo convidar pessoas para a programação da igreja. 

Felizmente, é muito mais do que isso. Quando nos referimos ao Evangelho, então, sim, é fundamental que utilizemos palavras. O Evangelho precisa ser anunciado, precisa se pregado para que as pessoas o conheçam em termos daquilo que Deus, por meio de Jesus Cristo, realizou. 

O testemunho cristão, no entanto, vai muito além de uma religiosidade que se manifesta esporadicamente na vida do crente. A presença da igreja no mundo consiste em que ela seja uma benção para todas as pessoas, para toda a criação de Deus. 

Em Martim Lutero encontraremos isso na formulação do sacerdócio geral de todos os cristãos. Trata-se de um preceito bíblico, coerente com a revelação das Escrituras.

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz

(1 Pedro 2.9)


Infelizmente, também o sacerdócio geral acabou, para muitos, sendo reduzido em seu significado. Assim, passou a ser compreendido como a possibilidade de membros da igreja participarem dos serviços religiosos no templo. Não somente os clérigos como pastores e padres ordenados, mas, todo e qualquer membro estaria autorizado a assumir tarefas na condução dos trabalhos e atividades da igreja. 

Diante de tal reducionismo carecemos de resgatar o verdadeiro sentido do sacerdócio geral bem como do chamado e missão da igreja para ser uma fiel testemunha enquanto povo de Deus neste mundo.

  Acompanhe um vídeo que fizemos a respeito do tema: