segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Anatomia da Demissão de um Pastor

Este artigo é uma tradução do original "Anatomy of the Firing of a Pastor" publicado no Church Answers, por Thom S. Rainer. Tradução e publicação autorizada.

Anatomia da Demissão de um Pastor

Por favor, leia estas primeiras frases antes de olhar os subtítulos. Quero deixar alguns pontos claros.

Primeiro, alguns pastores são demitidos por falha moral. Este artigo não aborda essa categoria de demissão. Segundo, meu artigo coloca alguns membros da igreja como os "vilões". Quero deixar claro que eles são a exceção, e não a regra. Terceiro, sei que cada demissão tem suas características únicas. O que você vai ler é um padrão típico, não uma sequência fixa de eventos para cada demissão de pastor.

Este artigo reflete sobre sete fases da demissão de um pastor. Trabalhei com inúmeros pastores que compartilharam suas histórias comigo. Essas fases são comuns em muitas delas. Além disso, usarei uma conversa recente para fornecer uma narrativa real de um pastor real em uma igreja real. Fiz alguns ajustes leves para proteger as identidades do pastor e da igreja.


Fase 1: O Pastor Tomou uma Decisão que um “Poderoso” da Igreja Não Gostou.

Essa fase pode começar com um indivíduo ou com um pequeno grupo de membros. Podem ser decisões acumulativas ou uma única decisão. A igreja que estou usando como estudo de caso começou com uma pessoa que tinha influência significativa na igreja. O pastor se recusou a recomendar o parente desse membro influente para a posição de ministro de louvor.

Fase 2: O Poderoso Forma uma Coalizão Negativa Contra o Pastor.

Neste ponto, o pastor não faz ideia de que aquele membro influente está trabalhando contra ele. O pastor ignora que existe alguma oposição. O membro influente nunca se encontra com o pastor. Em vez disso, ele vai diretamente ao conselho ou presbitério da igreja. É uma jogada estratégica. Ele tem considerável influência sobre cinco dos sete membros. Os outros dois são fracos e não questionarão aquele membro influente. Além disso, o presbitério atua como supervisor do pastor.

Fase 3: A Coalizão Negativa Reúne “Falsas Evidências” Contra o Pastor.

O influente nunca menciona o problema de seu parente não ter sido recomendado para a posição de ministro de louvor. Em vez disso, ele leva vários membros do conselho a criar uma narrativa falsa sobre o pastor. “Ele não visitou Jane no hospital quando ela fez cirurgia.” “Ele falou rudemente com Marion.” “Ele tomou algumas decisões sem ter autoridade.” “As pessoas estão dizendo que o pastor quase nunca trabalha.” “As pessoas estão dizendo que ele não é amigável com ninguém.” “As pessoas estão dizendo que todos os novos membros que se juntaram à igreja durante seu período estão causando problemas.”

Fase 4: A Coalizão Negativa Pede uma Reunião com o Pastor.

O pastor é pego de surpresa pela reunião solicitada e não agendada com a liderança da igreja. O pastor entrou em contato comigo (Thom) para perguntar se deveria se preocupar. Eu disse que estava preocupado e que ele deveria estar preparado, embora ele não conseguisse pensar em nenhum motivo para haver um problema. As expressões e a linguagem corporal dos líderes imediatamente comunicaram uma situação ruim ao pastor quando ele chegou à reunião, especialmente porque ele pensava que a maioria deles era sua amiga.

Fase 5: A Coalizão Negativa Apresenta as Preocupações ao Pastor e Pede sua Renúncia.

Todas as preocupações eram falsas e foram precedidas por essas três palavras covardes: “As pessoas estão dizendo.” O primeiro pensamento do pastor é lutar contra as acusações, pois sabe que são falsas, mas o membro influente faz um comentário sinistro sem explicação: “Se você não renunciar, sua família vai sofrer.” O pastor aceita os quatro meses de indenização oferecidos e assina um acordo de confidencialidade. O acordo estipula claramente que, se ele disser algo negativo sobre a igreja, perderá sua indenização.

Fase 6: O Pastor Anuncia sua Renúncia no Domingo Seguinte Durante o Culto.

O acordo assinado o impediu de dizer qualquer coisa além de que a demissão não foi devido a falha moral. A igreja fica chocada. A ausência de qualquer explicação faz com que a fábrica de boatos crie várias narrativas falsas.

Fase 7: Ninguém Defende o Pastor.

Essa igreja é congregacional em sua estrutura de governo. O comitê de pessoal não tem autoridade para demitir um pastor sem uma votação congregacional. Essa é a razão pela qual a liderança exigiu sua renúncia. Qualquer membro da igreja poderia ter se reunido com o conselho e exigido transparência. Mas ninguém estava disposto a “agitar o barco”. Os pastores geralmente me dizem que essa fase é a mais dolorosa. Um pastor a chamou de “o silêncio pecaminoso da maioria”.

Neste caso específico, o pastor conseguiu um convite para outra igreja assim que a indenização acabou. A maioria dos pastores não tem essa sorte. Muitos pastores nunca retornam ao ministério vocacional após um evento tão traumático. O pastor e sua família ficam traumatizados.

Na maioria dos casos, a igreja que demite o pastor também sofre, às vezes por anos. Um membro da igreja mencionada na minha história me disse: “Vou me arrepender para sempre de não ter me manifestado. Demorei um ano para pedir perdão ao meu ex-pastor. Desde que o evento maligno aconteceu, parece que uma nuvem de escuridão paira sobre nossa igreja. Me pergunto se isso algum dia vai desaparecer.”

É uma história triste. É uma história trágica.

Infelizmente, é uma história que é muito comum.

sábado, 16 de novembro de 2024

Fé Cristã e Ciência: um diálogo possível e necessário

 Você já se perguntou se é possível conciliar fé e ciência? Será que acreditar em Deus e explorar os mistérios do universo podem caminhar lado a lado? Muitas pessoas acham que esses dois mundos são opostos, mas a verdade é que eles podem se complementar de maneiras surpreendentes. No Brasil, existe uma organização dedicada justamente a esse diálogo tão importante e fascinante: a ABC² (Associação Brasileira de Cristãos na Ciência). Se você é curioso sobre como a fé cristã pode enriquecer o entendimento científico – e vice-versa – convidamos você para conhecer a ABC² e como esta iniciativa está unindo mentes e corações nesse debate transformador.





ABC²: Promovendo o Diálogo Entre Fé Cristã e Ciência no Brasil

A ABC² (Associação Brasileira de Cristãos na Ciência) é uma organização que busca mostrar que fé cristã e ciência não precisam ser vistas como opostas. Pelo contrário, elas podem coexistir de forma harmoniosa e contribuir mutuamente para uma compreensão mais rica da realidade.

Fundada com o propósito de integrar a fé cristã com o conhecimento científico, a ABC² oferece uma ampla gama de recursos para quem deseja explorar como esses dois campos podem caminhar juntos.


O Que a ABC² Oferece?

Se você visitar o site da ABC², encontrará um verdadeiro tesouro de conteúdos, incluindo:

  • Artigos e publicações sobre temas variados, como a relação entre ciência e teologia, ecoteologia e inteligência artificial.
  • Vídeos e podcasts, ideais para aprender de forma prática e dinâmica.
  • Cursos online, que mergulham profundamente em questões complexas envolvendo fé e ciência.

Além disso, a associação organiza eventos e grupos de estudo presenciais e online. Esses encontros criam um espaço ideal para debates significativos e troca de conhecimentos, conectando pessoas que compartilham do mesmo interesse.


Temas de Destaque

A ABC² aborda uma grande variedade de assuntos que despertam curiosidade e reflexões profundas.

Alguns exemplos incluem:

  • Ecoteologia: O que a Bíblia diz sobre o cuidado com o meio ambiente?
  • Tecnologia e Virtude: Como a fé cristã pode moldar nosso uso da tecnologia?
  • Origem do Universo e da Vida: Existe conflito entre ciência e o relato bíblico da criação?

Para quem está começando a explorar esses temas, a ABC² também oferece uma série de recomendações de leitura e vídeos básicos, tornando o aprendizado acessível e inclusivo.


Quem Está Por Trás da ABC²?

A ABC² é composta por um time de profissionais e acadêmicos altamente capacitados, apaixonados por criar um diálogo significativo entre a ciência e a fé cristã. Eles trabalham continuamente para produzir conteúdo de qualidade, fomentar um ambiente de aprendizado contínuo e mostrar que não é necessário escolher entre ser cristão e admirar o conhecimento científico.


Como Começar?

Se você tem interesse em entender melhor como a fé cristã pode dialogar com a ciência, a ABC² é um excelente ponto de partida. Acesse o site oficial para explorar todos os recursos disponíveis e não deixe de:

  • Assinar a newsletter: Receba conteúdos exclusivos diretamente no seu e-mail.
  • Participar de eventos ou grupos de estudo: Conecte-se com pessoas que compartilham do mesmo interesse.

Descubra como a fé e a ciência podem andar lado a lado e enriquecer sua compreensão do mundo!


A ABC² é uma comunidade que acredita que a fé cristã e a ciência podem dialogar e trazer respostas profundas para questões da vida. Explore os recursos, participe das discussões e aprofunde-se nesse universo de aprendizado!

Acesse o site oficial da ABC² e embarque nessa jornada de integração entre fé e ciência.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Frases de Martim Lutero [arte para redes sociais]

"Enquanto houver mundo, deve haver governos e autoridades. Mas, Deus não tolerará por muito tempo aqueles que, abusando de seu poder e autoridade, infligem injustiça e violência"



"O verdadeiro tesouro da igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus"



 "Somente Cristo é o meio, a vida e o espelho pelo qual vemos a Deus e conhecemos a sua vontade"



"...é certo que não podemos apropriar-nos da justiça de Cristo mediante nossas obras, porque isso está fora do nosso alcance e nos é estranho"



segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Um Estudo Sobre a Ressurreição

Por Rodomar Ricardo Ramlow

-------------------------------------

Exploraremos um tema fundamental da fé cristã: a ressurreição. Entenderemos como ela forma nossa esperança para o futuro, o que ocorre entre a morte e a ressurreição, e a centralidade dessa crença em nossa fé. Permaneça até o final, pois o que compartilharemos pode transformar sua visão sobre a vida e a eternidade.


Não há cristianismo sem a esperança no futuro. De fato, a fé cristã é consensual em relação à expectativa de um futuro esperançoso.

Essa afirmação nos remete diretamente à realidade da ressurreição. A crença na ressurreição já fazia parte da fé judaica e se distinguia das concepções de vida após a morte presentes nas diversas formas de religiosidade pagã. O paganismo, de fato, rejeitava a ideia de ressurreição.

Para os primeiros cristãos, a "ressurreição" não implicava em um "status celeste e exaltado". No contexto da ressurreição de Jesus, o termo não se referia à "presença percebida" dele na vida diária da igreja. Não era uma questão de fé em um Jesus imaginado como vivo ou presente apenas na memória das pessoas. O que os primeiros cristãos compreendiam e proclamavam com a palavra "ressurreição" era a ressurreição física.

A crença na ressurreição do corpo tornou-se parte integrante do Credo Apostólico, uma das confissões de fé mais reconhecidas e significativas do cristianismo. Neste credo, professa-se que Jesus "foi crucificado, morto e sepultado, desceu à morada dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia" e conclui-se com "Creio [...] na ressurreição do corpo e na vida eterna". A esperança cristã futura repousa na convicção da salvação e ressurreição.

Isso se distingue significativamente de muitas outras crenças que pregam a reencarnação, que colocam sua fé em algum tipo de existência incorpórea e abençoada após a morte, ou que a morte é um portal para o descanso eterno no Sheol. Não está relacionado a nenhuma "ilha dos bem-aventurados" para onde os mortos são destinados, nem tem relação com se transformar em uma estrela a mais no céu ou em um anjo tocando harpa entre as nuvens.

Anteriormente, no judaísmo, a ressurreição era um conceito marginal, mas com o advento da fé cristã, ela se tornou central. Ao estudarmos a ressurreição e sua interpretação nas primeiras igrejas da era cristã, percebemos que o cristianismo nascente era essencialmente um movimento baseado na "ressurreição". A definição de "ressurreição" era clara para eles: significava transcender a morte e emergir para uma nova vida corpórea, um processo que ocorreria em duas fases, iniciando com Jesus e subsequente para todos os fiéis.

A crença na ressurreição é fundamental na tradição cristã, pois os primeiros seguidores de Cristo estavam plenamente convencidos de sua identidade. Assim, eles fundamentaram sua fé inabalável na ressurreição de Jesus de Nazaré dentre os mortos.

Isso se torna claro, por exemplo, nos escritos do apóstolo Paulo. Ele frequentemente discutia a esperança e, ao fazê-lo, referia-se à ressurreição. Ao contrário do que muitos acreditam, Paulo não sustentava a ideia de uma ressurreição puramente espiritual de Jesus.

Vamos considerar o que o apóstolo Paulo escreve em sua carta aos Tessalonicenses: "...e aguardar dos céus o seu Filho, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra da ira vindoura" (1 Tessalonicenses 1.10). Também em 1 Tessalonicenses, especificamente nos capítulos 4 e 5, Paulo aborda de maneira notável uma questão comum entre as pessoas: o que ocorre com os que falecem antes da volta do Senhor?

Você já se perguntou sobre isso? Ao ler 1 Tessalonicenses 4 e 5, encontramos várias questões fundamentais sobre as crenças de Paulo acerca da ressurreição. É essencial reconhecer que, ao interpretar a Bíblia, não devemos nunca desconsiderar que seus autores estavam imersos em um contexto social, cultural e religioso repleto de narrativas variadas e uma ampla gama de crenças sobre os mais diferentes temas.

Esta é, evidentemente, a realidade do mundo no qual o Apóstolo Paulo estava inserido e onde ele foi chamado para cumprir sua vocação. Como ele lidava com as diversas ofertas religiosas ao seu redor enquanto afirmava a esperança cristã fundamentada na ressurreição?

Paulo refere-se à "ressurreição" como um evento futuro no qual os que morreram serão levantados da morte. Ele assegura que, assim como Jesus morreu e ressuscitou, Deus também trará, por meio de Jesus, aqueles que faleceram na fé. "Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus trará com Jesus aqueles que nele adormeceram" (1 Tessalonicenses 4.14).

Não há dúvidas, portanto, de que Paulo crê na ressurreição corpórea e que essa ressurreição está reservada ao futuro, quando Jesus retornará.

Mas, e quanto ao estado intermediário? O que Paulo tem a dizer a respeito da realidade daqueles que estão mortos e aguardam o dia da ressurreição? Onde e como ficam aqueles que morrem e estão mortos, aguardando o grande dia da ressurreição? Onde e como estão os mortos, afinal?

Paulo emprega termos que merecem atenção. Se há um período entre a morte física e a ressurreição, é válido questionar a natureza desse intervalo. O apóstolo usa a metáfora do sono para descrever pessoas que "dormem" agora, mas que despertarão no futuro. Isso levanta a questão: estaria ele se referindo ao que alguns denominam 'sono da alma'? Paulo sugere que, após a morte, entramos em um estado de inconsciência, como se estivéssemos dormindo, até a ressurreição? Ou ele fala apenas do sono físico do corpo?

O especialista em Novo Testamento e teologia paulina, N. T. Wright, afirma: 

"Paulo emprega a linguagem de dormir e acordar para contrastar uma fase de inatividade temporária, que não implica necessariamente inconsciência, com uma fase subsequente de atividade revigorada".

Recordando a Jesus, Ele não ressuscitou imediatamente após sua morte. Nem Paulo nem o Credo dos Apóstolos mencionam que Jesus estivesse dormindo no período entre sua morte e ressurreição.

No judaísmo, há indícios de uma crença em vida após a morte, considerada um estado intermediário entre a morte e a ressurreição. No entanto, é difícil encontrar materiais que detalhem onde e como essa existência ocorreria. Há especulações de que os mortos possam viver como anjos ou espíritos aguardando a ressurreição, embora a Bíblia não forneça evidências que sustentem essa noção.

Muitos equívocos podem surgir devido à interpretação precipitada de uma passagem em que Jesus compara os mortos aos anjos. Refiro-me ao episódio em que saduceus, que não acreditavam na ressurreição, desafiaram Jesus com uma questão sobre uma mulher que havia se casado com sete irmãos. No texto de Mateus 22, eles estavam testando Jesus, curiosos sobre como ele responderia. Jesus disse: “Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em casamento; são como os anjos no céu” [Mateus 22.30].

Esse entendimento é o que faz muitos acreditarem que as pessoas que falecem se transformam em anjos. Contudo, essa não é a mensagem de Jesus. Ele faz uma comparação diferente: da mesma forma que os anjos não se casam, os seres humanos também não se casarão após a ressurreição.

Jesus não apresenta os anjos como um exemplo completo do que as pessoas serão, mas destaca apenas um aspecto de sua existência, especificamente o fato de não se casarem, para responder à indagação feita pelos saduceus.

No caso do Apóstolo Paulo, suas palavras deixam claro que aqueles que morrem e esperam pelo dia da ressurreição estão com Deus. Sejam conscientes ou não, estão com Cristo, aguardando o dia glorioso em que os justos serão ressuscitados.

Paulo acredita que as pessoas em tal estado intermediário serão felizes e contentes. Afinal, estarão com o Messias. “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor. Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos” [2 Coríntios 5.8-9]

Quando as Escrituras mencionam estar 'nos céus', isso é entendido como estar na presença de Deus. No entanto, isso não implica que alguém que faleceu e está no céu ficará lá eternamente. Deus criou a Terra para a humanidade, e é aqui que habitaremos após a ressurreição. Da mesma forma que seremos restaurados para viver em corpos novos e glorificados, toda a criação de Deus será renovada e liberta da escravidão do pecado.

O equívoco de que o céu é um lugar além da vida terrena é comum na imaginação popular. Contudo, tal lugar não existe como destino final dos fiéis ou dos redimidos. O céu é simplesmente onde se manifesta a presença de Deus. O local destinado à humanidade é a Criação divina, descrita nas Escrituras, e é nela que já habitamos atualmente.

Da mesma forma que o pecado corrompeu o ser humano, ele também desvirtuou o curso das coisas na perfeita criação de Deus. Portanto, assim como a ressurreição representa a completa restauração do ser humano, a Criação de Deus em sua totalidade será renovada para que possamos viver eternamente com Deus.

Não é a Igreja que sobe para algum tipo de céu como realidade espiritual superior. Mas, como lemos no livro de Apocalipse, é “a cidade santa, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido” [Apocalipse 21.2].

Nesse mesmo livro de Apocalipse lemos que “Aquele que estava assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’” [Apocalipse 21.5]. Todas as coisas… isso mesmo, toda a criação. Não apenas nossos corpos serão renovados! A redenção restaura tudo.

João relata no capítulo 21 do Apocalipse que não testemunhou apenas um céu renovado, mas um novo céu e uma nova terra. Essa compreensão torna a ressurreição muito mais significativa. Assim, transcendemos a ideia de um 'estado intermediário' de repouso ou existência espiritual em um além, para nos concentrarmos em uma vida autêntica, com o ápice do que Deus reservou para sua criação e para a humanidade.

Além disso, podemos começar a desfrutar dessa realidade agora, pois já temos conhecimento dela. Jesus ressuscitou e nós, que cremos, também ressuscitaremos. É possível viver no presente com essa visão renovada e esperançosa. Nossa alegria e satisfação não são expectativas incertas adiadas para um futuro nebuloso, mas sim realidades concretas e tangíveis das quais podemos gozar desde já.

-----------

Rodomar Ricardo Ramlow
Teólogo e professor de filosofia.
Autor do livro Vocação e do Canal Teologia Missional.
--------------------------------------------------------------------

Em seu livro "A Ressurreição do Filho de Deus", N. T. Wright vira a mesa da erudição bíblica contemporânea ao demonstrar que os autores do Novo Testamento acreditavam em uma ressurreição corporal literal de Jesus Cristo, e não numa ressureição meramente "espiritual" inventada posteriormente.
Se você é um estudioso das Escrituras e busca aprofundar o seu conhecimento no tema da ressurreição, então este é um livro indispensável.