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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Um Estudo Sobre a Ressurreição

Por Rodomar Ricardo Ramlow

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Exploraremos um tema fundamental da fé cristã: a ressurreição. Entenderemos como ela forma nossa esperança para o futuro, o que ocorre entre a morte e a ressurreição, e a centralidade dessa crença em nossa fé. Permaneça até o final, pois o que compartilharemos pode transformar sua visão sobre a vida e a eternidade.


Não há cristianismo sem a esperança no futuro. De fato, a fé cristã é consensual em relação à expectativa de um futuro esperançoso.

Essa afirmação nos remete diretamente à realidade da ressurreição. A crença na ressurreição já fazia parte da fé judaica e se distinguia das concepções de vida após a morte presentes nas diversas formas de religiosidade pagã. O paganismo, de fato, rejeitava a ideia de ressurreição.

Para os primeiros cristãos, a "ressurreição" não implicava em um "status celeste e exaltado". No contexto da ressurreição de Jesus, o termo não se referia à "presença percebida" dele na vida diária da igreja. Não era uma questão de fé em um Jesus imaginado como vivo ou presente apenas na memória das pessoas. O que os primeiros cristãos compreendiam e proclamavam com a palavra "ressurreição" era a ressurreição física.

A crença na ressurreição do corpo tornou-se parte integrante do Credo Apostólico, uma das confissões de fé mais reconhecidas e significativas do cristianismo. Neste credo, professa-se que Jesus "foi crucificado, morto e sepultado, desceu à morada dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia" e conclui-se com "Creio [...] na ressurreição do corpo e na vida eterna". A esperança cristã futura repousa na convicção da salvação e ressurreição.

Isso se distingue significativamente de muitas outras crenças que pregam a reencarnação, que colocam sua fé em algum tipo de existência incorpórea e abençoada após a morte, ou que a morte é um portal para o descanso eterno no Sheol. Não está relacionado a nenhuma "ilha dos bem-aventurados" para onde os mortos são destinados, nem tem relação com se transformar em uma estrela a mais no céu ou em um anjo tocando harpa entre as nuvens.

Anteriormente, no judaísmo, a ressurreição era um conceito marginal, mas com o advento da fé cristã, ela se tornou central. Ao estudarmos a ressurreição e sua interpretação nas primeiras igrejas da era cristã, percebemos que o cristianismo nascente era essencialmente um movimento baseado na "ressurreição". A definição de "ressurreição" era clara para eles: significava transcender a morte e emergir para uma nova vida corpórea, um processo que ocorreria em duas fases, iniciando com Jesus e subsequente para todos os fiéis.

A crença na ressurreição é fundamental na tradição cristã, pois os primeiros seguidores de Cristo estavam plenamente convencidos de sua identidade. Assim, eles fundamentaram sua fé inabalável na ressurreição de Jesus de Nazaré dentre os mortos.

Isso se torna claro, por exemplo, nos escritos do apóstolo Paulo. Ele frequentemente discutia a esperança e, ao fazê-lo, referia-se à ressurreição. Ao contrário do que muitos acreditam, Paulo não sustentava a ideia de uma ressurreição puramente espiritual de Jesus.

Vamos considerar o que o apóstolo Paulo escreve em sua carta aos Tessalonicenses: "...e aguardar dos céus o seu Filho, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra da ira vindoura" (1 Tessalonicenses 1.10). Também em 1 Tessalonicenses, especificamente nos capítulos 4 e 5, Paulo aborda de maneira notável uma questão comum entre as pessoas: o que ocorre com os que falecem antes da volta do Senhor?

Você já se perguntou sobre isso? Ao ler 1 Tessalonicenses 4 e 5, encontramos várias questões fundamentais sobre as crenças de Paulo acerca da ressurreição. É essencial reconhecer que, ao interpretar a Bíblia, não devemos nunca desconsiderar que seus autores estavam imersos em um contexto social, cultural e religioso repleto de narrativas variadas e uma ampla gama de crenças sobre os mais diferentes temas.

Esta é, evidentemente, a realidade do mundo no qual o Apóstolo Paulo estava inserido e onde ele foi chamado para cumprir sua vocação. Como ele lidava com as diversas ofertas religiosas ao seu redor enquanto afirmava a esperança cristã fundamentada na ressurreição?

Paulo refere-se à "ressurreição" como um evento futuro no qual os que morreram serão levantados da morte. Ele assegura que, assim como Jesus morreu e ressuscitou, Deus também trará, por meio de Jesus, aqueles que faleceram na fé. "Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus trará com Jesus aqueles que nele adormeceram" (1 Tessalonicenses 4.14).

Não há dúvidas, portanto, de que Paulo crê na ressurreição corpórea e que essa ressurreição está reservada ao futuro, quando Jesus retornará.

Mas, e quanto ao estado intermediário? O que Paulo tem a dizer a respeito da realidade daqueles que estão mortos e aguardam o dia da ressurreição? Onde e como ficam aqueles que morrem e estão mortos, aguardando o grande dia da ressurreição? Onde e como estão os mortos, afinal?

Paulo emprega termos que merecem atenção. Se há um período entre a morte física e a ressurreição, é válido questionar a natureza desse intervalo. O apóstolo usa a metáfora do sono para descrever pessoas que "dormem" agora, mas que despertarão no futuro. Isso levanta a questão: estaria ele se referindo ao que alguns denominam 'sono da alma'? Paulo sugere que, após a morte, entramos em um estado de inconsciência, como se estivéssemos dormindo, até a ressurreição? Ou ele fala apenas do sono físico do corpo?

O especialista em Novo Testamento e teologia paulina, N. T. Wright, afirma: 

"Paulo emprega a linguagem de dormir e acordar para contrastar uma fase de inatividade temporária, que não implica necessariamente inconsciência, com uma fase subsequente de atividade revigorada".

Recordando a Jesus, Ele não ressuscitou imediatamente após sua morte. Nem Paulo nem o Credo dos Apóstolos mencionam que Jesus estivesse dormindo no período entre sua morte e ressurreição.

No judaísmo, há indícios de uma crença em vida após a morte, considerada um estado intermediário entre a morte e a ressurreição. No entanto, é difícil encontrar materiais que detalhem onde e como essa existência ocorreria. Há especulações de que os mortos possam viver como anjos ou espíritos aguardando a ressurreição, embora a Bíblia não forneça evidências que sustentem essa noção.

Muitos equívocos podem surgir devido à interpretação precipitada de uma passagem em que Jesus compara os mortos aos anjos. Refiro-me ao episódio em que saduceus, que não acreditavam na ressurreição, desafiaram Jesus com uma questão sobre uma mulher que havia se casado com sete irmãos. No texto de Mateus 22, eles estavam testando Jesus, curiosos sobre como ele responderia. Jesus disse: “Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em casamento; são como os anjos no céu” [Mateus 22.30].

Esse entendimento é o que faz muitos acreditarem que as pessoas que falecem se transformam em anjos. Contudo, essa não é a mensagem de Jesus. Ele faz uma comparação diferente: da mesma forma que os anjos não se casam, os seres humanos também não se casarão após a ressurreição.

Jesus não apresenta os anjos como um exemplo completo do que as pessoas serão, mas destaca apenas um aspecto de sua existência, especificamente o fato de não se casarem, para responder à indagação feita pelos saduceus.

No caso do Apóstolo Paulo, suas palavras deixam claro que aqueles que morrem e esperam pelo dia da ressurreição estão com Deus. Sejam conscientes ou não, estão com Cristo, aguardando o dia glorioso em que os justos serão ressuscitados.

Paulo acredita que as pessoas em tal estado intermediário serão felizes e contentes. Afinal, estarão com o Messias. “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor. Por isso, temos o propósito de lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos” [2 Coríntios 5.8-9]

Quando as Escrituras mencionam estar 'nos céus', isso é entendido como estar na presença de Deus. No entanto, isso não implica que alguém que faleceu e está no céu ficará lá eternamente. Deus criou a Terra para a humanidade, e é aqui que habitaremos após a ressurreição. Da mesma forma que seremos restaurados para viver em corpos novos e glorificados, toda a criação de Deus será renovada e liberta da escravidão do pecado.

O equívoco de que o céu é um lugar além da vida terrena é comum na imaginação popular. Contudo, tal lugar não existe como destino final dos fiéis ou dos redimidos. O céu é simplesmente onde se manifesta a presença de Deus. O local destinado à humanidade é a Criação divina, descrita nas Escrituras, e é nela que já habitamos atualmente.

Da mesma forma que o pecado corrompeu o ser humano, ele também desvirtuou o curso das coisas na perfeita criação de Deus. Portanto, assim como a ressurreição representa a completa restauração do ser humano, a Criação de Deus em sua totalidade será renovada para que possamos viver eternamente com Deus.

Não é a Igreja que sobe para algum tipo de céu como realidade espiritual superior. Mas, como lemos no livro de Apocalipse, é “a cidade santa, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido” [Apocalipse 21.2].

Nesse mesmo livro de Apocalipse lemos que “Aquele que estava assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’” [Apocalipse 21.5]. Todas as coisas… isso mesmo, toda a criação. Não apenas nossos corpos serão renovados! A redenção restaura tudo.

João relata no capítulo 21 do Apocalipse que não testemunhou apenas um céu renovado, mas um novo céu e uma nova terra. Essa compreensão torna a ressurreição muito mais significativa. Assim, transcendemos a ideia de um 'estado intermediário' de repouso ou existência espiritual em um além, para nos concentrarmos em uma vida autêntica, com o ápice do que Deus reservou para sua criação e para a humanidade.

Além disso, podemos começar a desfrutar dessa realidade agora, pois já temos conhecimento dela. Jesus ressuscitou e nós, que cremos, também ressuscitaremos. É possível viver no presente com essa visão renovada e esperançosa. Nossa alegria e satisfação não são expectativas incertas adiadas para um futuro nebuloso, mas sim realidades concretas e tangíveis das quais podemos gozar desde já.

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Rodomar Ricardo Ramlow
Teólogo e professor de filosofia.
Autor do livro Vocação e do Canal Teologia Missional.
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Em seu livro "A Ressurreição do Filho de Deus", N. T. Wright vira a mesa da erudição bíblica contemporânea ao demonstrar que os autores do Novo Testamento acreditavam em uma ressurreição corporal literal de Jesus Cristo, e não numa ressureição meramente "espiritual" inventada posteriormente.
Se você é um estudioso das Escrituras e busca aprofundar o seu conhecimento no tema da ressurreição, então este é um livro indispensável.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Páscoa: a afirmação do Absoluto sobre os poderes do mundo

É do conhecimento de todos que a Páscoa envolve a história de Jesus, que foi condenado à morte numa cruz e, depois, ressuscitou dos mortos. A Páscoa cristã celebra essa ressurreição, um evento central na fé cristã. Mas, se a ressurreição é o foco da Páscoa cristã, o que o povo judeu celebrava antes disso? Afinal, eles já tinham uma Páscoa, com uma história e significado próprios. 

A cruz não conseguiu vencê-lo!
A cruz não conseguiu vencê-lo!

Sim, o povo judeu celebrava a Páscoa como a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, na história de Moisés. Jesus, de certa forma, representa a continuidade dessa história. Tudo se inicia com o relato da criação do mundo e de todas as coisas, incluindo as plantas, os animais, os seres humanos e, claro, a origem do mal. 

O último verso do primeiro capítulo da Bíblia afirma que, ao criar as coisas, "Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom" (Gênesis 1:31). No entanto, se Deus criou um verdadeiro paraíso e tudo era perfeito, de onde surge o mal? Por que existem a dor, o sofrimento, a injustiça, a poluição, a corrupção? De onde vem a violência que leva pessoas a se unirem para pregar outras numa cruz?

A Bíblia é mais realista do que muitos imaginam. Logo no início, encontramos a observação de que “a perversidade humana tinha aumentado na terra” (Gênesis 6:5) e que toda “terra se corrompera” (Gênesis 6:12). A Bíblia e a tradição cristã explicam isso como o resultado do ser humano negar sua origem e buscar se afirmar autonomamente sobre a terra.

Quando nos afastamos de nossa herança cristã, datas como a Páscoa e o Natal se reduzem a celebrações comerciais. Restam apenas tradições vazias, destituídas de significado. Deus é visto como inexistente ou como um poder impessoal, uma força ou energia imprecisa e distante. O absoluto se perde. 

Somente quando reconhecemos um poder superior e absoluto seremos capazes de aceitar nossa condição relativa. Essa aceitação nos leva à humildade necessária para ver o outro como o próximo e também sermos o próximo do outro. Estaremos livres para uma condição de humildade que nos permite ceder, perdoar, dialogar, cooperar e servir.

Sempre que atacamos, negamos ou ignoramos a figura central maior do Universo, a tendência é acharmos que nós mesmos ou algum outro elemento do Cosmo é capaz de assumir esse papel de absoluto. Esse caminho leva, inevitavelmente, ao totalitarismo, à tirania, à violência e a todo tipo de consequências que o ego e a vaidade exacerbada são capazes de produzir.

E, assim, está aberto o caminho para que inúmeros candidatos a assumir o lugar de Deus saiam por aí para impor sobre os outros a sua vontade. Para isso, instrumentalizam tudo aquilo que têm como recurso disponível: a ciência, a educação, as instituições, o dinheiro, a política, a comunicação e, claro, a religião. Nada mais é instrumento a serviço do mundo e das pessoas, mas, tão somente um meio para tentar se impor, se projetar, conquistar e controlar. Este é um cenário visto em toda a história mundial. Por isso, Jesus é fundamental. Nele, Deus vem ao mundo numa demonstração de entrega, de serviço e de amor.

Os poderosos do mundo não podem aceitar o verdadeiro absoluto, que demonstra o quanto são relativos, contingentes e limitados. O Estado e a Religião se unem para pregar na cruz a mais poderosa demonstração de humildade e serviço que o mundo já viu. Desde então, a cruz, um instrumento de tortura e de condenação à morte, foi assumida como símbolo de esperança: a esperança que transcende a cruz e deixa para trás um túmulo vazio. Os poderes da morte e da maldade não têm a última palavra na história!

sábado, 8 de julho de 2023

O Novo Testamento não diz o que a maioria das pessoas pensa sobre o Céu*

O Novo Testamento não diz o que a maioria das pessoas pensa sobre o Céu Por: N. T. Wright**

Uma das histórias centrais da Bíblia, muitas pessoas acreditam, é que existe um céu e uma terra e que as almas humanas foram exiladas do céu e estão cumprindo seu tempo aqui na terra até poderem retornar. De fato, para a maioria dos cristãos modernos, a ideia de "ir para o céu quando você morrer" não é apenas uma crença entre outras, mas aquela que parece dar sentido a tudo.

Mas as pessoas que acreditavam nesse tipo de "céu" quando o Novo Testamento foi escrito não eram os primeiros cristãos. Eram os "Platonistas Médios" - pessoas como Plutarco (um contemporâneo mais jovem de São Paulo, filósofo, biógrafo, ensaísta e sacerdote pagão em Delfos). Para entender o que os primeiros seguidores de Jesus acreditavam sobre o que acontece após a morte, precisamos ler o Novo Testamento em seu próprio mundo - o mundo da esperança judaica, do imperialismo romano e do pensamento grego.

Os seguidores do movimento de Jesus que surgiram nesse ambiente complexo viam "céu" e "terra" - o espaço de Deus e o nosso, por assim dizer - como as duas metades da boa criação de Deus. Em vez de resgatar as pessoas desta última para alcançar a primeira, o Deus criador finalmente uniria o céu e a terra em um grande ato de nova criação, completando o propósito criativo original ao curar todo o cosmos de seus males antigos. Eles acreditavam que Deus então ressuscitaria seu povo dos mortos, para compartilhar - e, de fato, compartilhar a administração - desta criação resgatada e renovada. E eles acreditavam em tudo isso por causa de Jesus. Eles acreditavam que, com a ressurreição de Jesus, essa nova criação já havia sido lançada. Jesus incorporou em si mesmo a perfeita fusão do "céu" e da "terra". Em Jesus, portanto, a antiga esperança judaica se tornou realidade finalmente. O ponto não era para nós "ir para o céu", mas para a vida do céu chegar à terra. Jesus ensinou seus seguidores a orarem: "Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu." Desde o século III, alguns professores cristãos tentaram mesclar isso com tipos de crença platônica, gerando a ideia de "deixar a terra e ir para o céu", que se tornou comum na Idade Média. Mas os primeiros seguidores de Jesus nunca seguiram por esse caminho.

As escrituras de Israel há muito tempo prometiam que Deus voltaria pessoalmente para habitar com seu povo para sempre. Os primeiros cristãos compreenderam isso: "O Verbo se fez carne", declara João [1:14], "e habitou entre nós." A palavra "habitou" significa, literalmente, "armar sua tenda" - aludindo à "tenda" do deserto nos tempos de Moisés e ao Templo construído por Salomão. O estudo histórico do Novo Testamento, em seu próprio mundo (em oposição a espremê-lo e torcê-lo para se adequar às nossas próprias expectativas), mostra que os primeiros cristãos acreditavam não que "iriam para o céu quando morressem", mas que, em Jesus, Deus havia vindo habitar com eles.

Foi por meio dessa lente que eles enxergaram a esperança do mundo. O livro do Apocalipse termina, não com almas subindo para o céu, mas com a Nova Jerusalém descendo à terra, para que "a morada de Deus esteja com os humanos". Toda a criação, declara São Paulo, será libertada de sua escravidão à corrupção, para desfrutar da liberdade pretendida por Deus. Então Deus será "tudo em todos". É difícil para nós, modernos, compreendermos isso: tantos hinos, orações e sermões ainda falam de nós "indo para o céu". Mas faz sentido histórico e lança luz sobre tudo o mais.

Então, qual era a esperança pessoal dos seguidores de Jesus? Ressurreição - um corpo físico novo e imortal na nova criação de Deus. Mas, após a morte e antes dessa realidade final, um período de descanso tranquilo. "Hoje", diz Jesus ao criminoso ao seu lado, "você estará comigo no Paraíso". "Meu desejo", diz São Paulo, enfrentando uma possível execução, "é partir e estar com o Messias, o que é muito melhor". "Na casa de meu Pai", Jesus assegurou seus seguidores, "há muitas moradas". Estas não são o destino final. Elas são o local temporário de descanso, antes da nova criação final.

O estudo histórico - ler o Novo Testamento em seu próprio mundo - traz surpresas que também podem impactar o cristianismo moderno. Talvez o mais importante seja uma nova, ou melhor, uma maneira muito antiga de ver a missão cristã. Se o único objetivo é salvar almas do naufrágio do mundo, para que possam deixar esta terra e ir para o céu, por que se preocupar em tornar este mundo um lugar melhor? Mas se Deus vai fazer pelo mundo inteiro o que ele fez por Jesus em sua ressurreição - trazê-los de volta, aqui na terra - então aqueles que foram resgatados pelo evangelho são chamados a desempenhar um papel, agora mesmo, no avanço da renovação do mundo.

Deus colocará o mundo inteiro em ordem, diz essa visão de mundo, e na "justificação" ele coloca as pessoas no lugar certo, pelo evangelho, para fazer parte do seu projeto de colocar as coisas no lugar certo para o mundo. A missão cristã inclui trazer sinais reais do avanço da nova criação para o mundo presente: na cura, na justiça, na beleza, na celebração da nova criação e no lamento pela dor contínua do antigo. As Escrituras sempre prometeram que quando a vida do céu viesse à terra por meio do trabalho do Messias de Israel, os fracos e vulneráveis receberiam cuidado e proteção especiais, e o deserto floresceria como a rosa. O cuidado com os pobres e o planeta torna-se então central, não periférico, para aqueles que pretendem viver na fé e na esperança, pelo Espírito, entre a ressurreição de Jesus e a vindoura renovação de todas as coisas.

*O texto é uma tradução do original publicado AQUI
** O Prof. N. T. Wright é atualmente Professor Emérito de Pesquisa do Novo Testamento e Cristianismo Primitivo no St Mary's College, da Universidade de St Andrews, e Pesquisador Sênior do Wycliffe Hall, Oxford.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O Mistério do Túmulo Vazio: a Ressurreição de Jesus Cristo!


A Ressurreição de Jesus: 

Uma Jornada Histórica de Impacto Transformador

Introdução

Muitas pessoas já saíram em busca das evidências que sustentam a ressurreição de Jesus Cristo. Neste artigo, indicaremos alguns fatos e testemunhos que desafiam nossas concepções tradicionais. Prepare-se para ser cativado por revelações emocionantes e descobrir como essa narrativa histórica tem o poder de transformar nossa visão sobre a vida e a fé.

Ao longo deste artigo, abordaremos as principais evidências que sustentam a ressurreição de Jesus, levando em consideração relatos bíblicos, testemunhos oculares e documentação histórica. Nossa jornada nos conduzirá por um caminho fascinante, onde encontraremos peças de um quebra-cabeça histórico intrigante.

Contextualização Histórica

Para entender a grandiosidade da ressurreição de Jesus, é essencial situá-la em seu contexto histórico. Os evangelhos do Novo Testamento, como os escritos de Mateus, Marcos, Lucas e João, fornecem relatos detalhados da vida, morte e ressurreição de Jesus, estabelecendo uma base sólida para desvendar os mistérios que envolvem esse evento incrível[1].

O Túmulo Vazio: Um Enigma Desafiador

Um dos aspectos mais intrigantes é o túmulo vazio de Jesus. Os relatos bíblicos mencionam a descoberta do sepulcro vazio, um acontecimento fundamental nesse quebra-cabeça histórico. Diversas teorias têm sido propostas para explicar esse enigma, mas nenhuma delas oferece uma resposta satisfatória. Mergulhe nos Evangelhos e explore esse mistério que desafia nossa compreensão convencional[2].

Testemunhos Oculares: Encontros Transformadores

A ressurreição de Jesus é apoiada por testemunhos oculares poderosos e comoventes. Ouviremos os relatos emocionantes de discípulos, seguidores e até mesmo céticos que afirmam ter visto Jesus vivo após sua crucificação. Essas experiências transformadoras deixaram marcas profundas naqueles que as testemunharam, desafiando qualquer explicação racional. Mergulhe nessas experiências e refleta sobre seu significado[3][4].

Documentação Histórica: Corroborando os Relatos

Além dos evangelhos, encontramos fontes históricas que corroboram os eventos relacionados à ressurreição de Jesus. O historiador romano Flávio Josefo e o historiador romano Tácito fazem referências à crucificação de Jesus, trazendo um respaldo adicional a esses acontecimentos extraordinários[5][6]. Ao examinarmos essas fontes, descobrimos como a história confirma os relatos presentes nos evangelhos.

Aparições Pós-Ressurreição: Experiências Além do Comum

Outra evidência impactante são as aparições de Jesus a seus seguidores após sua ressurreição. Testemunhamos encontros que transcendem as limitações da vida e da morte, desafiando nossa compreensão humana. Essas experiências deixaram marcas indeléveis nos discípulos e naqueles que tiveram o privilégio de testemunhá-las. São histórias inspiradoras que ecoam ao longo dos séculos[7][8].

Impacto na História: Um Legado Transformador

O impacto da ressurreição de Jesus na história e na cultura é inegável. Seu legado continua a moldar a arte, a literatura, a filosofia e a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. A fé cristã transformou vidas, inspirou movimentos e estabeleceu a base do cristianismo, tornando-se um marco divisor na história da humanidade.

Conclusão

Ao final dessa jornada pela ressurreição de Jesus, somos desafiados a confrontar nossas próprias crenças e a refletir sobre o poder transformador desses eventos históricos. Que essas evidências cativantes nos incentivem a explorar mais a fundo o significado da fé, despertando uma nova compreensão e conexão com a história e a mensagem de Jesus Cristo.

Referências:

  1. Evangelho de Mateus
  2. Evangelho de Marcos
  3. Evangelho de Lucas
  4. Evangelho de João
  5. Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, Livro 18, Capítulo 3, Seção 3
  6. Tácito, Anais, Livro 15, Capítulo 44
  7. Evangelho de Lucas 24:36-53
  8. Evangelho de João 21:1-14

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Expectativas e Falsas Esperanças

Falsas expectativas resultam em frustração. 
Abatidos, tristes, frustrados, confusos. Era este o estado de ânimo de duas pessoas que caminhavam pela estrada de Emaús. A promessa de revolucionário que eles seguiam e em quem depositavam suas esperanças estava morta com um corpo inerte colocado em um túmulo frio. 

 ‘...nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção, mas, o crucificaram’ (Lucas 24.20,21).

‘Nós esperávamos’. Quantas frustrações não passam de resultado de falsas esperanças? 

O que é falso engana facilmente porque se assemelha ao verdadeiro. Existe algo, mas, que está incompleto. O ‘estranho’ que se aproxima precisa ajudar aqueles desiludidos discípulos e tirarem o foco de si mesmos e de suas expectativas frustradas para verem o todo. 

E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras” (Lucas 24.27). 

Não basta conhecer parte das Escrituras. Não é suficiente acreditar em algumas coisas que a Bíblia diz. Existe algo que só pode ser compreendido quando se enxerga o todo. 

Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito” (Lucas 24.44) 

Para aqueles discípulos, que aguardavam um messias, as esperanças foram frustradas pela crucificação. Jesus junta-se a eles, expõe-lhes as Escrituras, revela-se no partir do pão para demonstrar que a cruz, é, na verdade, a esperança realizada. É onde os discípulos veem derrota que Jesus afirma estar a vitória. 

Para enxergarmos a ação de Deus na história precisamos redirecionar o foco. Isso acontece na exposição da Palavra e no partir do pão, na manifestação do Cristo vivo, a esperança realizada.