Mostrando postagens com marcador Missão Transcultural. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Missão Transcultural. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Missão Não é Pra Mim!

Existem três maneiras de você se envolver com a missão: 

indo, orando e contribuindo.

Você também já escutou essa frase?

Preciso confessar que ela sempre me incomodou. No entanto, demorou um tempo até que eu realmente conseguisse perceber o problema.

Muitos cristãos apaixonados pela evangelização, empolgados com a missão e que se alegram em ver vidas sendo transformadas sentem-se como se a missão não fosse para elas.

Eventos com o tema 'missão' acontecem aos milhares todos os anos. O foco, geralmente, é algum país ou região distantes. A palestra fica com o missionário que está servindo em algum lugar exótico do planeta. Então, ele compartilha das suas aventuras no campo missionário.

A platéia fica maravilhada. Muitos sentem o desejo de participar daquilo que Deus está fazendo. O desafio acontece. Como você se envolverá com a missão?

Ao final, a sensação que fica é que tudo não passou de um evento de marketing e propaganda. O objetivo era fazer a igreja se sentir desconfortável e, até mesmo culpada por não orar mais, não contribuir mais e, especialmente, viver sua vida 'normal' num lugar confortável.

Por mais que este reflita um paradigma superado, ainda é a realidade em muitos igrejas.

Algumas igrejas locais, para apaziguar a consciência dos mais entusiasmados, criam grupos, secretarias, departamentos, agências missionárias. Se você não pode ir, seja por falta de vocação ou por medo, pode se envolver localmente. Como? Orando e contribuindo financeiramente para sustentar os missionários de verdade que se arriscam em lugares distantes.

Se você também sente certo desconforto com tudo isso, saiba que não está só.

O que há de errado nesse sistema?

Seria um erro orar pela missão e pelos missionários? Certamente que não.

Seria errado, então, auxiliar financeiramente pessoas que se dedicam à missão em outros lugares? Não. Nada de errado nisso.

O problema está no reducionismo que esse paradigma assume. Leva muitas pessoas, cerca de 99% das igrejas locais, a acreditarem que missão é coisa para alguns poucos especialistas. Restaria para essa ampla maioria se contentar em orar e contribuir. E, vamos ser sinceros, quantas pessoas realmente oram e contribuem?

Se o missiólogo David Bosch estiver certo e, como ele disse, “toda a existência cristã deve ser caracterizada como existência missionária”, o que haveria além de ir, orar e contribuir? 

 Convido você a assistir esse breve vídeo que produzimos abordando a diferença entre Missão e Missões:


quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Envia o Estagiário!

Antioquia é uma cidade estratégica a ser estudada enquanto exemplo para nos ensinar sobre a missão cristã a partir da igreja primitiva. Terceira maior cidade do mundo antigo. Primeira cidade onde o cristianismo fincou pé. Uma igreja constituída de judeus e gentios.

Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, quando o encontrou, levou-o para Antioquia. Assim, durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos” (Atos 11:25,26)

Nas palavras do missiólogo David Bosch, “...ao passo que os hebreus encontravam sua identidade no passado de Israel e de Jesus, os helenistas entendiam-se como o elo com o futuro, não só como arautos de um Israel renovado, mas como vanguarda de uma nova humanidade”.

Há, sem dúvidas, diversas lições que poderíamos tirar da igreja de Antioquia para o ser igreja em missão nos dias de hoje. Destaco, no entanto, um fator que chama a atenção pelo contraste com a realidade atual. Em Atos lemos que “na igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. Enquanto adoravam ao Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: "Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado" (Atos 13:1,2).

Está se formando ali, naquela primeira grande comunidade cristã urbana e miscigenada, um movimento missionário com olhar para além de si mesmos (Atos 13.4). Onde estaria o contraste com a realidade de nossas igrejas e agências missionárias de hoje? Quando a igreja de Antioquia decide que vai enviar missionários para plantar igrejas em novos lugares, eles “incumbiram seus dois líderes mais talentosos e experientes para ir”, nos lembra Bosch e os versículos de Atos 13.

Salvo raras exceções, nossas igrejas hoje desejam obter sucesso no empreendimento missionário enviando jovens, recém-formados, inexperientes e imaturos na fé para este grande desafio. Enquanto isso, os mais experientes e talentosos acabam fazendo carreira em instituições eclesiásticas e agências burocráticas, quando não disputando igrejas grandes e consolidadas, em busca de status e poder.

Não admira que tantos missionários voltem quebrados, frustrados e doentes dos campos missionários! Missão transcultural é assunto sério e requer experiência e muito preparo!