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sábado, 16 de abril de 2022

Graciosidade


A essência do ensino de Jesus consistia em anunciar que o Reino de Deus havia chegado (Mateus 3.2; 5.3; 10.7; 18.4; etc...). 
Sua afirmação antes da ascensão não deixa dúvidas: 
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra” (Mateus 28.18)

Esse reino da era vindoura implica algo fundamental na vida daqueles que farão parte dele: 
Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mateus 22.37); “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22.39)

 Ainda assim, temos muitas dificuldades para compreendermos isso. Basta ver como as atitudes, palavras e decisões de tantos que se declaram cristãos revelam falta de amor e de misericórdia. As falas em redes sociais, então, destilam ressentimento, moralismo, egocentrismo e uma necessidade de sinalizar virtude, de alimentar um tipo de sensação de superioridade moral e um narcisismo doentio. 
É incrível como podemos facilmente cair na hipocrisia denunciada por Jesus nos religiosos fariseus. 

Sim. É verdade, o reino de Deus pede pessoas renovadas, com uma ética nova. Mas, convenhamos que esse não é o ponto de partida e nem o principal na obra de Cristo. A transformação não vem pelo ensino legalista de líderes religiosos, mas, pelo Evangelho. Uma coisa, portanto, que diferencia Jesus dos fariseus é a graciosidade!
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domingo, 29 de novembro de 2020

O 'Novo' Normal

Eu não sei se você é como eu, mas, costumo repugnar logo as 'tendências da moda'. Isso se aplica, inclusive, aos chavões que repetidamente surgem para denominar algo. O mais recente é o 'novo normal'. 


O conceito se tornou comum a partir da pandemia do novo coronavírus, em 2020, para se referir à realidade que surgirá após a pandemia. Para muitos analistas o impacto dessa pandemia será tão forte que causará transformações nas mais diversas áreas da realidade e da vida das pessoas. 

Se, por um lado, podemos admitir que sim, muitas coisas vão mudar, por outro, é certo também que sabemos menos do que gostaríamos. O frenesi causado pela pandemia, a ansiedade por estar vivendo um momento histórico, o desejo de fazer a melhor leitura da realidade e, consequentemente, as melhores previsões quanto ao futuro 'pós-pandemia' geraram muitas lives, entrevistas, artigos, posts, livros e etc. A realidade da igreja não foi diferente. 

Com esse texto estou utilizando a primeira vez o termo 'novo normal'. E, para dizer que não gosto dele! Ainda assim, pode render reflexões. Um fato que parece comum em nossos dias é que, cada vez menos, as pessoas gostam de perguntas. Queremos respostas. Preferimos as soluções. No entanto, desculpe, é inevitável. Vou perguntar: 
o que é 'normal' pra você?


A palavra 'normal' significa, basicamente, aquilo que está conforme a norma, uma regra. Portanto, seria mais coerente falarmos sobre o comum e o incomum (?). Assim, muitas coisas que as pessoas tem em comum, acaba como que se tornando uma norma. É normal que as pessoas busquem um trabalho para se sustentarem. É normal que as pessoas frequentem supermercados para comprar itens de primeira necessidade. É normal que as pessoas busquem segurança. E, assim por diante. 

Deu para perceber por que parece um exagero falar de um 'novo' ou um 'outro' normal? 

Dificilmente teremos tão grandes transformações naquilo que é comum aos seres humanos. Por outro lado, sim, é plausível esperar algumas mudanças. Mas, estas sempre ocorreram ao longo da história. 

Apenas para ficarmos nas últimas décadas, a ascensão da internet não trouxe um 'novo normal' para a vida das pessoas? 

Eventos históricos, sejam positivos ou negativos, sempre ocorreram e continuarão a ocorrer. E, nós estaremos sempre prontos a nos adaptarmos conforme a necessidade. Ainda assim, o básico pouco muda: carecemos de relacionamentos, afetividade, aceitação, alimento, segurança, descanso, lazer, trabalho, prazer. Embora tenhamos tudo isso em comum, a maneira como buscamos saciar nossa sede e a nossa fome de vida pode variar. 

Suspeito que no pós-pandemia as pessoas irão  praia, frequentarão barzinhos, farão festas, lerão livros, passearão com sua família, deitarão na grama em parques, irão aos estádios de futebol, enterrarão seus mortos, celebrarão um novo nascimento, irão às compras, jogarão em vídeo games, frequentarão igrejas em celebrações diversas, enfim, tudo 'normal'. 

Que muitas coisas serão diferentes não há dúvida. Mas, isso sempre foi assim. E, sempre tivemos que nos adaptar. Se, agora, existem mais opções 'online', seja de qual produto for, o básico permanece: atender a um desejo ou necessidade humana. Entre o vício e a virtude, continuaremos lutando com nossos instintos, nossos medos, nossos desejos, nossos sonhos. O 'velho normal'.

Assim, minha aversão não é pelo novo em termos daquilo que surge e muda. Mas, na utilização irrefletida de rótulos, chavões, termos que passamos a repetir como se fossem dotados de um misticismo capaz de, por si só, transformar algo. É como se vivêssemos em busca de um novo abracadabra a cada vez que nos cansamos do último. Por mais que estejamos vivenciando um misticismo semântico em várias frentes ideológicas, parece ingênuo achar que a mera utilização de determinados termos trará mudanças como que por encantamento ou alguma mágica!

Que venha o novo! E, não um qualquer. 

Aquele que estava assentado no trono disse: 
"Estou fazendo novas todas as coisas"