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quinta-feira, 11 de março de 2021

Pastor: [quase] tudo o que você precisa para continuar a pastorear a igreja em tempos de pandemia

Faz um ano que o Brasil parou. 

Nunca um ano passou tão rápido e, ao mesmo tempo, tão devagar. 

O sentimento é de um déjà vu. Março de 2021 ou março de 2020? Onde estamos? Que diferenças há?

Entramos o mês com aquela sensação de estarmos num grande 'looping'. 

A angústia de muitos pastores e líderes de ministério está em não poder realizar os programas rotineiros da igreja. Sem cultos, sem encontros, longe das pessoas. 

Talvez encontremos aqueles que estejam até felizes com isso. Mas, não vamos focar nestes. 

A saída logo encontrada foi o de seguir para a internet. Muitos investiram em equipamentos eletrônicos, outros precisaram contratar um plano de internet melhor, sem falar no desafio de falar para uma câmera ou um smartphone. Sem ver as pessoas, suas expressões e reações, o sentimento é de frustração. Ainda assim, há que se fazer algo. 

Não dá pra simplesmente esperar que as coisas voltem ao normal. Surgiram os cultos online, criou-se polêmica em torno da Santa Ceia virtual, logo a igreja estava na rede. 

Muitos pastores descobriram que este não é um mundo tão amistoso. A lógica comunicacional nas redes é um desafio à parte. Os membros já tinham suas preferências quando se tratava de mensagens e músicas via meios eletrônicos. Já havia aqueles ministérios e pastores pop que se utilizavam da internet, com textos em sites e blogs, vídeos em canais diversos, aplicativos variados. Tudo bem feito, com bastante empenho e profissionalismo. Por que agora esses membros deixariam estas opções para "consumirem" programas amadores, vídeos mal editados, áudios ruins, tudo feito em ambientes improvisados, em "estúdios" com luz deficitária? 

Difícil. 

Onde estaria o erro? 

Ouso dizer que o erro está na consciência da vocação pastoral. 

Pastor pastoreia

Se concordamos nisso precisaremos partir da pergunta correta: Como pastorear em tempos de distanciamento social? 

Boa parte do que conhecemos como o Novo Testamento, na Bíblia, são cartas de Paulo que procurava, de alguma maneira, pastorear e ensinar os cristãos nas pequenas comunidades que surgiam na época. Algumas dessas cartas, como Filemon, Filipenses, Colossenses e Efésios foram escritas enquanto o apóstolo encontra-se preso. 

Embora, diferentemente dos camponeses que acompanhavam Jesus, Paulo fosse um intelectual instruído pelos rabis, seu coração pastoral se revela como em passagens como esta: 

"Deus, a quem sirvo de todo o coração pregando o evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me lembro de vocês em minhas orações; e peço que agora, finalmente, pela vontade de Deus, seja-me aberto o caminho para que eu possa visitá-los" (Romanos 1.9-10) 

Nada substitui o encontro presencial, o abraço, o tom na voz, a expressão facial, o estar ali, por inteiro. Há circunstâncias, porém, que impedem que as coisas sejam sempre como nós gostaríamos que fossem. 

O equívoco, embora a motivação estivesse correta, talvez tenha sido, no caso de muitos, apostar tudo naquilo que os outros estavam fazendo. A busca por modelos frente a emergência de continuar, apesar do lockdown, fez com que muitos líderes e pastores se aventurassem num mundo que lhes era estranho. As referências existentes não estavam lá por causa de uma pandemia. Elas já estavam lá antes disso. Fazia parte de outro tipo de estratégia, outra leitura de realidade.
 

Cabe, portanto, a pergunta: 

Como pastorear em tempos de distanciamento social? 

Sem nos darmos conta, talvez, agimos motivados pelas perguntas erradas: 
O que fazer agora? 
Como mostrar serviço quando os templos estão fechados? 
Como continuar justificando a minha subsistência? 
O que fazer para não deixar os membros na mão? 

A pergunta correta é: como pastorear em tempos de distanciamento social? 
Como continuar presente na vida das pessoas, ouvindo suas dores, aconselhando em momentos de crise, orando com elas e por elas? 
Como continuar capacitando ou preparando "os santos para a obra do ministério"? (Efésios 4.12). 

Sim, pastorear é a palavra chave. Se você preferir, pode assumir também o pastorear na dimensão do cuidado: como cuidar de pessoas em tempos de crise e de isolamento social? 

Permitam-me começar a responder esta questão lembrando o desafio da empatia. Colocar-se no lugar dos membros da igreja pode ser de grande auxílio. 
O que eles já tem a sua disposição, independentemente da pandemia e do isolamento social? 
Internet, conteúdos diversos, computadores, smartphones. Tudo isso já estava e continua presente sem qualquer interferência. O que a pandemia pode ter causado é o acesso a novos conteúdos. Mas, não vamos nos iludir, nossas mensagens e 'cultos online' não representaram nenhuma novidade para a maioria deles. Para aqueles de nós que só, agora, às pressas, tivemos que desbravar este mundo virtual, entramos numa concorrência pra lá de desleal. 

A pergunta, portanto, precisa ser pelo que os membros não tem neste momento. Aquele membro que escuta e, talvez, auxilia financeiramente, algum pastor ou ministério que ele acompanha pela televisão ou pela internet, quando precisa de uma visita, um aconselhamento, uma palavra de esperança para o momento de luto, a quem ele recorre? 
Será que aquilo que falta aos membros nesse momento de crise não é a mesma coisa que já faltava antes? 
Se você é um pastor diligente, independentemente da crise do novo coronavírus, já tinha o endereço, número de telefone e de WhatsApp dos membros da tua igreja local. Com um ano de paralisações, quantas vezes você já ligou para cada um dos membros que você tem sob os teus cuidados? 

Escutar a voz do pastor, ouvir uma palavra direta, um contato exclusivo, tem muito valor. Talvez a pessoa até se surpreenda. Você, então, começará a conversa de modo bem natural: "Eu liguei para saber como vocês estão!"

A maioria de tudo aquilo que os pastores e as igrejas tem produzido para suprir a necessidade ministerial pressupõe ouvidos atentos. Como emprestar nossos ouvidos à escuta 'de lá pra cá' é o verdadeiro desafio!

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Tendências na Igreja Pós Pandemia (4)

 4. Crescimento das micro igrejas

Não é nenhuma novidade que desde os tempos bíblicos a igreja se reuniu em casas de cristãos para compartilharem da sua fé, orarem e aprenderem sobre Jesus. Com o passar do tempo, a Igreja foi criando instituições e, acelerando o vídeo da história, chegamos às mega igrejas, com templos enormes e capacidade para milhares de pessoas. 


Toda essa compreensão da igreja envolvendo a sua organização, forma e programas sempre foi desafiada pela organicidade da Igreja de Jesus. A Igreja como o corpo de Cristo é, antes de qualquer outra coisa, formada por pessoas. São estas pessoas que criam estruturas, instituições, templos e programas. 

O problema começa quando essas estruturas passam a ocupar o centro dos esforços e da atenção, relegando o Evangelho e a missão de Deus para segundo plano. Uma igreja consciente, porém, que permanece focada na missão de Deus, sempre se perguntará pelas melhores estruturas à serviço da missão em sua própria época e contexto. 

O movimento da Reforma Protestante nos legou a máxima 'Igreja Reformada Sempre Reformando'. Mudanças são inevitáveis. Quando falamos da Igreja de Jesus Cristo, a mensagem, a partir da revelação de Deus, é uma essência imutável, inegociável. Tudo o mais, no entanto, é recipiente que pode ter suas variadas formas. 

O mundo vem revelando um crescimento das micro igrejas, ou seja, pequenos grupos de cristãos que se reúnem nos mais diversos lugares: casas, clubes, praças, saguões de hotel, Cafés, restaurantes, cinemas, parques e etc. O movimento da igreja em 'células' ou em pequenos grupos também não representa nenhuma novidade. 

De que nós estamos realmente falando, aqui, então? 

Existe uma forte tendência que leva a uma nova onda, um impulso no movimento de micro igrejas. As pessoas vão preferir algo consistente, próximo, mais autêntico. A igreja pequena permite um senso comunitário que os grandes eventos não são capazes de suprir. As aglomerações são artificiais em termos de contato pessoal verdadeiro. 

Isso não significa que as mega igrejas e os grandes eventos serão imediatamente extintos. Mas, certamente, quem insistir em apostar aí todas as suas fichas se verá fortemente desafiado. As pequenas igrejas também representarão grande desafio. Os pastores em tempo integral serão cada vez mais raros. A formação teológica tende a ser mais diluída, precária e sincrética. Nada, porém, tão diferente do que vivido pela igreja primitiva.


Nosso Site: www.teologiamissional.com.br

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Tendências na Igreja Pós Pandemia (2)

 2. Aceleração do Declínio das Denominações Tradicionais 

Quando falamos em tendências, é isso: uma inclinação, uma provável direção para onde as coisas podem se mover. Quer dizer que há indícios de que as coisas parecem concorrer para aquela determinada direção. Porém, não se trata de nenhum exercício de adivinhação ou de futurologia.


Com relação a este segundo caso, pode ser que haja uma aceleração no declínio de denominações cristãs históricas. Como já colocado na tendência anterior, uma eventual diminuição na frequência de membros aos programas da igreja, reforçaria aquilo que, agora, dizemos aqui. 

Não estamos falando do declínio da Igreja de Jesus Cristo. Sequer dos movimentos locais dessa igreja. Estamos nos referindo às denominações históricas tradicionais. Não é nenhuma novidade que estas já vem demonstrando seu declínio há algum tempo. 

Grandes instituições, com seu legado histórico e também grande peso burocrático, encontram maior resistência e são menos ágeis diante da necessidade de mudanças. E, se há uma realidade de rápidas mudanças ocorrendo, esta época é agora. 

Já não bastasse o avanço natural na tecnologia, a pandemia veio para acelerar tudo isso de um modo jamais visto. Não há dúvidas de que um decréscimo na participação das pessoas aos programas da igreja inevitavelmente levará também à diminuição de receitas. O quanto as organizações estão preparadas para lidarem com isso e se readequarem? 

A exemplo do estado, muitas denominações se organizaram em estruturas pesadas, burocráticas, caras e ineficientes. A crise da hora pode ser uma oportunidade ou, simplesmente, mais um golpe sobre denominações decadentes. Talvez, para algumas, um golpe de misericórdia fatal!

A oportunidade também pode estar se apresentando. Muitas pessoas estão cansadas de mensagens rasas, com propostas de igrejas personalistas e que abusam da fé dos seus fiéis. Como aproveitar o que resta de um legado de seriedade e sobriedade que ainda é reconhecido por alguns quando o assunto é uma igreja histórica? 

A realidade mostra também que abrem inúmeras igrejas independentes enquanto que, por outro lado, congregações ligadas a denominações histórias vem fechando as portas. Como lidar com esta tendência mais orgânica, informal e que se organiza em redes frente a herança institucional, de paróquias e ocupação geográfica? 

Aos líderes e pastores cabe a reflexão e o planejamento. O que teremos daí só o tempo dirá!

domingo, 10 de janeiro de 2021

Tendências na Igreja Pós Pandemia (1)

1. Diminuição na frequência aos Cultos 

Por razões diversas, pessoas que antes participavam regularmente do culto numa igreja local não retornarão para essa rotina quando a pandemia passar. 
Entre as razões podemos conjecturar que essas pessoas encontraram outro local para congregar. A diversidade de programações online levou muitos cristãos a conhecerem diferentes igrejas, pastores e estilos de pregação. 

Outra razão, pode ser, que simplesmente a pessoa não acredite mais que faz alguma diferença frequentar os cultos numa igreja local. Seja porque simplesmente acha irrelevante e não pretende mais fazê-lo, ou, porque passou a acreditar que basta consumir os programas online que continuarão a ser ofertados. 

Fato é que os pastores devem estar preparados para uma diminuição na frequência de seus cultos. Esta será uma tendência mais comum nas igrejas maiores. Em congregações menores a recuperação poderá se notar com mais rapidez. 

Fica o desafio para que pastores e lideranças pensem como pretendem lidar com esta situação.

domingo, 29 de novembro de 2020

O 'Novo' Normal

Eu não sei se você é como eu, mas, costumo repugnar logo as 'tendências da moda'. Isso se aplica, inclusive, aos chavões que repetidamente surgem para denominar algo. O mais recente é o 'novo normal'. 


O conceito se tornou comum a partir da pandemia do novo coronavírus, em 2020, para se referir à realidade que surgirá após a pandemia. Para muitos analistas o impacto dessa pandemia será tão forte que causará transformações nas mais diversas áreas da realidade e da vida das pessoas. 

Se, por um lado, podemos admitir que sim, muitas coisas vão mudar, por outro, é certo também que sabemos menos do que gostaríamos. O frenesi causado pela pandemia, a ansiedade por estar vivendo um momento histórico, o desejo de fazer a melhor leitura da realidade e, consequentemente, as melhores previsões quanto ao futuro 'pós-pandemia' geraram muitas lives, entrevistas, artigos, posts, livros e etc. A realidade da igreja não foi diferente. 

Com esse texto estou utilizando a primeira vez o termo 'novo normal'. E, para dizer que não gosto dele! Ainda assim, pode render reflexões. Um fato que parece comum em nossos dias é que, cada vez menos, as pessoas gostam de perguntas. Queremos respostas. Preferimos as soluções. No entanto, desculpe, é inevitável. Vou perguntar: 
o que é 'normal' pra você?


A palavra 'normal' significa, basicamente, aquilo que está conforme a norma, uma regra. Portanto, seria mais coerente falarmos sobre o comum e o incomum (?). Assim, muitas coisas que as pessoas tem em comum, acaba como que se tornando uma norma. É normal que as pessoas busquem um trabalho para se sustentarem. É normal que as pessoas frequentem supermercados para comprar itens de primeira necessidade. É normal que as pessoas busquem segurança. E, assim por diante. 

Deu para perceber por que parece um exagero falar de um 'novo' ou um 'outro' normal? 

Dificilmente teremos tão grandes transformações naquilo que é comum aos seres humanos. Por outro lado, sim, é plausível esperar algumas mudanças. Mas, estas sempre ocorreram ao longo da história. 

Apenas para ficarmos nas últimas décadas, a ascensão da internet não trouxe um 'novo normal' para a vida das pessoas? 

Eventos históricos, sejam positivos ou negativos, sempre ocorreram e continuarão a ocorrer. E, nós estaremos sempre prontos a nos adaptarmos conforme a necessidade. Ainda assim, o básico pouco muda: carecemos de relacionamentos, afetividade, aceitação, alimento, segurança, descanso, lazer, trabalho, prazer. Embora tenhamos tudo isso em comum, a maneira como buscamos saciar nossa sede e a nossa fome de vida pode variar. 

Suspeito que no pós-pandemia as pessoas irão  praia, frequentarão barzinhos, farão festas, lerão livros, passearão com sua família, deitarão na grama em parques, irão aos estádios de futebol, enterrarão seus mortos, celebrarão um novo nascimento, irão às compras, jogarão em vídeo games, frequentarão igrejas em celebrações diversas, enfim, tudo 'normal'. 

Que muitas coisas serão diferentes não há dúvida. Mas, isso sempre foi assim. E, sempre tivemos que nos adaptar. Se, agora, existem mais opções 'online', seja de qual produto for, o básico permanece: atender a um desejo ou necessidade humana. Entre o vício e a virtude, continuaremos lutando com nossos instintos, nossos medos, nossos desejos, nossos sonhos. O 'velho normal'.

Assim, minha aversão não é pelo novo em termos daquilo que surge e muda. Mas, na utilização irrefletida de rótulos, chavões, termos que passamos a repetir como se fossem dotados de um misticismo capaz de, por si só, transformar algo. É como se vivêssemos em busca de um novo abracadabra a cada vez que nos cansamos do último. Por mais que estejamos vivenciando um misticismo semântico em várias frentes ideológicas, parece ingênuo achar que a mera utilização de determinados termos trará mudanças como que por encantamento ou alguma mágica!

Que venha o novo! E, não um qualquer. 

Aquele que estava assentado no trono disse: 
"Estou fazendo novas todas as coisas"

domingo, 12 de julho de 2020

Os Cristãos Discordam Sobre Quando Retomar as Atividades Presenciais da Igreja


Em conversas e manifestações nas redes sociais é fácil notar que, entre os cristãos, não existe unanimidade a respeito de quando as igrejas locais deveriam retomar as atividades presenciais. As razões para esta discordância podem ser as mais diversas. Abaixo listamos algumas delas. 

1. Existem pessoas mais introvertidas e outras mais extrovertidas. Aquelas pessoas mais introvertidas, que gostam de ficar sozinhas e não se importam de passar dias em casa, provavelmente não terão nenhuma pressa para que as atividades sociais retornem. Já os extrovertidos, aqueles que se alimentam dos relacionamentos, que gostam de estar entre pessoas, já não aguentam mais o isolamento. A discussão, portanto, pode estar fundamentada nessa diferença de temperamento e de personalidade dos cristãos. 

2. Entre os membros da igreja existem diferentes opiniões a respeito do coronavírus. As informações são as mais diversas. Alguns ouvem mais a família. Outros não desligam dos noticiários. Há quem prefira as informações mais cientificamente embasadas. Tudo isso faz com que as pessoas formulem diferentes opiniões e visões até mesmo a respeito da gravidade da doença causada pelo vírus. 

3. Idade e situação familiar. O novo coronavírus representa maior risco para grupos específicos da sociedade. Logo, as opiniões vão divergir dependendo da idade e da situação familiar. Jovens podem ser mais propensos ao retorno das atividades. Pessoas idosas talvez prefiram aguardar um pouco mais. A avaliação tende a partir de uma situação pessoal e familiar específica. 

4. Posturas com relação às mudanças. Na sociedade existem pessoas mais e menos propensas às mudanças. No caso da igreja, aquelas pessoas mais resistentes às mudanças tendem a querer esperar, pois imaginam que para um retorno das atividades enquanto ainda existe o risco da pandemia a igreja terá que fazer adaptações. Logo, preferem aguardar até que as coisas realmente possam voltar ao "normal". Por outro lado, as pessoas receptivas às mudanças podem estar ansiosas por experimentar a nova realidade da igreja. Estão ansiosas por novas abordagens, novas idéias e perspectivas suscitadas pela crise. 

Ninguém melhor que um pastor para saber que é impossível agradar a todos. Importante, então, perceber as diferentes motivações que impulsiona as pessoas. Escute os conselheiros e ore por sabedoria e discernimento. Há uma responsabilidade com a saúde pública a ser levada em consideração. 

Que o bom Deus oriente a todos para as melhores decisões!

terça-feira, 30 de junho de 2020

Igreja Digital


Qual igreja surgirá após a quarentena? 

Das lives e dos textos disponíveis muitos se fazem esta pergunta. O que podemos dizer mesmo é que ninguém tem essa resposta. Podemos, no máximo, arriscar algumas tendências. Ainda assim, a igreja de Jesus possui características que nenhuma pandemia seria capaz de alterar. 

Um assunto sobre o qual muito se fala é da igreja digital. A quarentena fez com que líderes e pastores tivessem que mergulhar no mundo das tecnologias da comunicação. As empresas e desenvolvedores dessas tecnologias também se mexeram. Nunca se viu tantos recursos disponíveis e acessíveis a baixo custo. Aquilo que até poucos meses estava disponível apenas para grandes e ricas organizações, hoje está ao alcance de todos. 

A exposição aberta na internet implica riscos e oportunidades. Assim como milhões de pessoas em potencial poderão conhecer o pastor, a igreja, a teologia de determinada comunidade cristã e sentir-se atraída, também existe a possibilidade da exposição negativa. Muita coisa vem sendo feita às pressas, de forma improvisada, sem planejamento. Aqueles que já estavam nesse meio antes da Pandemia estão à frente, com um nível de profissionalização que lhes garante uma vitrine mais atraente. 

Fato é que há muita coisa acontecendo. Muitas perguntas vem surgindo. Milhões de pessoas estão consumindo os produtos digitais que as igrejas estão produzindo. Das dúvidas que surgem, alguém poderia legitimamente perguntar: seria essa participação virtual das pessoas nas programações da igreja a mesma coisa que uma presença e participação física? 

A realidade da igreja antes da Pandemia já revelava um público rotativo. Aquelas pessoas que circulam, sem se vincularem a nenhuma igreja local específica. Agora, com tantas ofertas na internet, esse público não tende a aumentar e se solidificar? São tantas opções! Afinal, qual seria a razão para me vincular se posso buscar o melhor de cada oferta conforme o meu agrado? Quando a quarentena terminar, teremos aumento ou declínio no comparecimento dos programas presenciais? 

Outro ponto que levanta dúvidas diz respeito às ofertas e contribuições. Sabemos que as igrejas são sustentadas por ofertas voluntárias. Como ficará essa realidade após a Pandemia? As pessoas continuarão contribuindo para uma igreja local ou direcionarão suas doações para os líderes mais carismáticos e sedutores do mundo digital? As facilidades das doações via cartão de crédito, transferências com débito em conta e outros deixarão espaço para velhas práticas que pedem dinheiro vivo em cestas, envelopes e carnês? 

Ainda uma última questão muito séria diz respeito ao desafio geracional. Talvez você já tenha ouvido referências que falam do 'virtual' como oposição ao 'real'. É um engano que as novas gerações não cometem. Pois para estes o mundo digital é real. Uma comunidade virtual é real. Eles se sentem plenamente envolvidos e atuantes nas redes sociais e no universo da internet. Eles simplesmente não entendem a razão de uma igreja local precisar se resumir apenas em eventos presenciais. Esta geração não procura por uma igreja em placas, listas telefônicas, programas de rádio, murais ou coisas assim! Logo, reproduzir pura e simplesmente na internet aquilo que já acontece num evento presencial não será suficiente para alcançar esta geração.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Apocalipse: uma mensagem para a Igreja

O conteúdo de qualquer correspondência revela algo de seu remetente.

Muitas vezes, a maneira como vemos o livro de Apocalipse, no final da Bíblia, parece revelar que estamos com um Deus diferente em mente do que aquele que enviou Jesus Cristo ao mundo.

Quem é o verdadeiro remetente da carta de Apocalipse!?

Um dos trechos mais conhecidos do livro de Apocalipse é conhecido como carta às sete igrejas. O número sete ocorre com frequência no livro de Apocalipse. Representa inteireza, plenitude, perfeição espiritual. A palavra hebraica para sete significa 'ser cheio', 'estar satisfeito', 'ter o suficiente'.

Os capítulos 2 e 3 do livro trazem uma mensagem específica para sete diferentes comunidades: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Cada comunidade é identificada pelo nome da cidade onde se encontra.

Com isso, o próprio Apocalipse revela o significado dos sete candelabros ou candeeiros mencionados no primeiro capítulo "Este é o mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas"(Apocalipse 1. 20).

Ao lermos os capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, costumamos dizer que são as cartas às sete igrejas. No entanto, todo o livro de Apocalipse é uma carta às igrejas da Ásia Menor onde se encontram as sete igrejas. O que acontece nos capítulos 2 e 3 é uma menção específica para cada uma daquelas comunidades. Trata-se de uma demonstração de como Deus conhece cada comunidade e como Ele se dirige especificamente a cada uma delas. No entanto, os princípios ali encontrados servem para toda e qualquer comunidade cristã, seja daquele tempo ou dos dias atuais. Afinal, de acordo com o significado do número sete na Bíblia, uma mensagem enviada às sete igrejas pode ser interpretado como sendo uma mensagem à igreja, simplesmente. Ou seja, à igreja toda, na sua plenitude.

Assim, os primeiros capítulos do Apocalipse merecem a nossa atenção. Não há nada de importante nos capítulos seguintes que já não tenha sido indicado nos três primeiros capítulos. Dentre as questões que as sete mensagens tem em comum, uma delas é a revelação do remetente. O modo de se revelar é diferente para cada igreja. Porém, fica claro que se trata do mesmo remetente. Cada auto-apresentação revela uma peculiaridade associada ao primeiro capítulo de Apocalipse.

Vejamos a apresentação à igreja em Éfeso: "Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: Estas são as
palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro" (Apocalipse 2. 1. Existe uma referência ao capítulo 1, versos 12 e 16). Este padrão segue em todas as sete mensagens.

Quem é, portanto, 'aquele' a quem pertencem as palavras a serem escritas e enviadas às igrejas? Quem tem toda as coisas em suas mãos?
Quem é o princípio e o fim?
Quem morreu e tornou a viver?
Quem é o Filho de Deus?
Quem é santo e verdadeiro?
Quem é a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da Criação?
Quem é, portanto, o remetente da mensagem?

O Apocalipse é uma mensagem de Deus para a Igreja!

Entre o Medo e a Esperança

Quantos deuses a bíblia retrata?

Será que o Deus do Antigo testamento, dos Evangelhos e do Apocalipse é o mesmo?

Enquanto João escreve as palavras do livro de Apocalipse, ele está preso numa ilha conhecida como Patmos. Roma, a cidade das sete colinas, fica a oeste. As comunidades cristãs para quem João destina os seus escritos ficam na região da Ásia Menor, atual Turquia. Era uma região próspera, com grandes portos e comércio forte. Um grande centro cultural da época.

O império Romano já dava sinais da sua decadência. Na época da composição do Apocalipse o imperador era Nero ou Domiciano. É mais provável que João tenha escrito o Apocalipse durante o reinado de Domiciano (entre os anos 81 ao 96). Domiciano havia instituído o culto ao imperador. Apesar de isso não ser em si uma novidade, com Domiciano o culto ao imperador foi considerado uma lealdade ao império. Assim, procurava-se implantar um governo absoluto sobre os corpos e as almas das pessoas. Todos deveriam chamar Domiciano de 'Senhor e Deus'. Ele mesmo chamava a sua cama de o 'leito de um deus'. O palácio era o seu santuário.

Foi um período de extrema violência e perseguição a todos que se negavam a adorar o imperador como Deus. Todos, além dos cristãos, filósofos, políticos e até membros da própria família que oferecessem resistência eram banidos ou mortos. Nesse caso, o que estava em jogo era a adoração. Domiciano foi o imperador que reivindicou de todas as formas aquilo que pertence somente a Deus.

O cristianismo já havia se espalhado bastante, alcançando, inclusive o círculo dos governantes. Já havia, também, se separado claramente do judaísmo. Domiciano via o cristianismo como grande ameaça contra o culto ao imperador. Os cristão se negavam a prestar culto a qualquer outra divindade.

Com a perseguição, também João acabou preso na ilha de Patmos, um local para onde os prisioneiros do império eram levados. Assim, João escreve com a intenção de levar esperança e orientação a respeito do único Deus que é digno de adoração. Seus irmãos na fé, que continuam sendo mortos e torturados, recebiam a mensagem de Apocalipse com grande alegria e se fortaleciam para continuar fiéis apesar de todas as dificuldades.

O Apocalipse, portanto, não é uma mensagem de terror, medo e perplexidade. Mas, uma mensagem de esperança que visa exortar à coragem, à fé e perseverança em meio às tribulações e dificuldades que possam se abater (confira o Salmo 23). O Deus que se revela no Apocalipse não é outro que aquele revelado em Jesus Cristo nos Evangelhos. É desse Deus que João está falando.

Quem confia não tem motivos para temer!

Revelação em Tempos de Pandemia

O Brasil e o mundo estão passando por um dos mais difíceis períodos de sua história moderna. A pandemia com um novo coronavírus obrigou não apenas a realização de quarentenas e isolamento social, mas, também, todo um repensar da vida, sistemas econômicos e de saúde pública.

Diante de forças que aparentam estar acima da capacidade de compreensão e controle dos seres humanos, costumam surgir as mais diversas e mirabolantes teorias. Talvez você também já tenha recebido mensagens de texto, áudio e vídeo nas redes sociais com apelos diversos. Dentre estas, profecias e referências ao fim do mundo e a volta de Jesus.

Infelizmente, a maioria destas mensagens apocalípticas costumam gerar ainda mais medo e confusão do que trazer segurança e orientação em meio ao caos. O livro bíblico de Apocalipse costuma ser aquele explorado como pano de fundo desse tipo de mensagem de terror e alarmismo.

No entanto, será mesmo que é esta a mensagem do livro de Apocalipse? 

Você sabe qual o significado da palavra apocalipse? 

Apocalipse significa descobrir, desvendar ou revelar. Uma ironia, considerando que apresenta poucas dicas do significado de seus símbolos. O livro da revelação é o menos desvendado da Bíblia.

Apocalipse não é a mesma coisa que escatologia. O termo escatologia tem origem em duas palavras gregas (éschatos = último e logos = estudo). Portanto, teologicamente, 'o estudo das últimas coisas’.

O livro de Apocalipse foi escrito por João, o Apóstolo, filho de Zebedeu (Apocalipse 1. 1 e 4). Porém, há controvérsias. É possível que, assim como divergem alguns historiadores, a carta tenha outra autoria. Há quem acredite ter sido escrito por algum discípulo de João, ou, mesmo um outro Evangelho de João e das 3 cartas de João no Novo Testamento.
João da época. Isso, porém, não compromete o seu conteúdo. João foi alguém que conheceu e andou com Jesus pessoalmente. Foi um dos 12 discípulos. Autor também do Evangelho de João e das 3 cartas de João no Novo Testamento.

Dos 66 livros da Bíblia, o Apocalipse se encontra no final. São 22 Capítulos e 404 versículos. Foi escrito originalmente em grego. Embora o autor não faça citações diretas do Antigo Testamento, dos 404 versículos, 278 fazem alguma referência clara. Muito mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento. Compreende-se porque muitos especialistas afirmam que não é possível obter uma boa compreensão do Apocalipse sem estudar a Bíblia no seu conjunto. As referências ao Antigo Testamento são, principalmente, aos livros de Salmo e de Isaías.

O número sete ocorre com muita frequência no livro. Representa inteireza, ou, plenitude, perfeição espiritual. A palavra hebraica para sete vem de uma raiz que significa 'ser cheio', 'estar satisfeito', 'ter o suficiente'. O sábado é o sétimo dia; Deus fez a Criação em sete dias; a festa de Pentecostes acontece sete vezes sete dias depois da Páscoa. Cada sétimo ano é sabático (descanso para a terra e libertação dos oprimidos – Levítico 25) e depois de sete vezes sete anos, vem o Jubileu. Não se deve perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete (Mateus 18. 22).

O livro foi escrito por volta do ano 90 da era cristã. Portanto, uma época histórica em que vários livros do Novo Testamento já estavam escritos. No entanto, aqui também existem controvérsias. Há quem situe a composição do livros numa época anterior, quando Nero era imperador e os cristãos sofriam severa perseguição. A maioria dos eruditos apontam para uma data posterior, quando o imperador já era Domiciano, que também perseguiu severamente os cristãos. João foi mais um dos perseguidos, por isso, escreve enquanto está preso numa ilha conhecida como Patmos. Seu objetivo é levar uma mensagem de esperança às igrejas perseguidas da região da Ásia Menor. É com essa perspectiva que o Apocalipse deve ser lido.

O Apocalipse é uma mensagem de esperança!