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sábado, 6 de fevereiro de 2021

Tendências na Igreja Pós Pandemia (4)

 4. Crescimento das micro igrejas

Não é nenhuma novidade que desde os tempos bíblicos a igreja se reuniu em casas de cristãos para compartilharem da sua fé, orarem e aprenderem sobre Jesus. Com o passar do tempo, a Igreja foi criando instituições e, acelerando o vídeo da história, chegamos às mega igrejas, com templos enormes e capacidade para milhares de pessoas. 


Toda essa compreensão da igreja envolvendo a sua organização, forma e programas sempre foi desafiada pela organicidade da Igreja de Jesus. A Igreja como o corpo de Cristo é, antes de qualquer outra coisa, formada por pessoas. São estas pessoas que criam estruturas, instituições, templos e programas. 

O problema começa quando essas estruturas passam a ocupar o centro dos esforços e da atenção, relegando o Evangelho e a missão de Deus para segundo plano. Uma igreja consciente, porém, que permanece focada na missão de Deus, sempre se perguntará pelas melhores estruturas à serviço da missão em sua própria época e contexto. 

O movimento da Reforma Protestante nos legou a máxima 'Igreja Reformada Sempre Reformando'. Mudanças são inevitáveis. Quando falamos da Igreja de Jesus Cristo, a mensagem, a partir da revelação de Deus, é uma essência imutável, inegociável. Tudo o mais, no entanto, é recipiente que pode ter suas variadas formas. 

O mundo vem revelando um crescimento das micro igrejas, ou seja, pequenos grupos de cristãos que se reúnem nos mais diversos lugares: casas, clubes, praças, saguões de hotel, Cafés, restaurantes, cinemas, parques e etc. O movimento da igreja em 'células' ou em pequenos grupos também não representa nenhuma novidade. 

De que nós estamos realmente falando, aqui, então? 

Existe uma forte tendência que leva a uma nova onda, um impulso no movimento de micro igrejas. As pessoas vão preferir algo consistente, próximo, mais autêntico. A igreja pequena permite um senso comunitário que os grandes eventos não são capazes de suprir. As aglomerações são artificiais em termos de contato pessoal verdadeiro. 

Isso não significa que as mega igrejas e os grandes eventos serão imediatamente extintos. Mas, certamente, quem insistir em apostar aí todas as suas fichas se verá fortemente desafiado. As pequenas igrejas também representarão grande desafio. Os pastores em tempo integral serão cada vez mais raros. A formação teológica tende a ser mais diluída, precária e sincrética. Nada, porém, tão diferente do que vivido pela igreja primitiva.


Nosso Site: www.teologiamissional.com.br

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Tendências na Igreja Pós Pandemia (2)

 2. Aceleração do Declínio das Denominações Tradicionais 

Quando falamos em tendências, é isso: uma inclinação, uma provável direção para onde as coisas podem se mover. Quer dizer que há indícios de que as coisas parecem concorrer para aquela determinada direção. Porém, não se trata de nenhum exercício de adivinhação ou de futurologia.


Com relação a este segundo caso, pode ser que haja uma aceleração no declínio de denominações cristãs históricas. Como já colocado na tendência anterior, uma eventual diminuição na frequência de membros aos programas da igreja, reforçaria aquilo que, agora, dizemos aqui. 

Não estamos falando do declínio da Igreja de Jesus Cristo. Sequer dos movimentos locais dessa igreja. Estamos nos referindo às denominações históricas tradicionais. Não é nenhuma novidade que estas já vem demonstrando seu declínio há algum tempo. 

Grandes instituições, com seu legado histórico e também grande peso burocrático, encontram maior resistência e são menos ágeis diante da necessidade de mudanças. E, se há uma realidade de rápidas mudanças ocorrendo, esta época é agora. 

Já não bastasse o avanço natural na tecnologia, a pandemia veio para acelerar tudo isso de um modo jamais visto. Não há dúvidas de que um decréscimo na participação das pessoas aos programas da igreja inevitavelmente levará também à diminuição de receitas. O quanto as organizações estão preparadas para lidarem com isso e se readequarem? 

A exemplo do estado, muitas denominações se organizaram em estruturas pesadas, burocráticas, caras e ineficientes. A crise da hora pode ser uma oportunidade ou, simplesmente, mais um golpe sobre denominações decadentes. Talvez, para algumas, um golpe de misericórdia fatal!

A oportunidade também pode estar se apresentando. Muitas pessoas estão cansadas de mensagens rasas, com propostas de igrejas personalistas e que abusam da fé dos seus fiéis. Como aproveitar o que resta de um legado de seriedade e sobriedade que ainda é reconhecido por alguns quando o assunto é uma igreja histórica? 

A realidade mostra também que abrem inúmeras igrejas independentes enquanto que, por outro lado, congregações ligadas a denominações histórias vem fechando as portas. Como lidar com esta tendência mais orgânica, informal e que se organiza em redes frente a herança institucional, de paróquias e ocupação geográfica? 

Aos líderes e pastores cabe a reflexão e o planejamento. O que teremos daí só o tempo dirá!

terça-feira, 30 de junho de 2020

Igreja Digital


Qual igreja surgirá após a quarentena? 

Das lives e dos textos disponíveis muitos se fazem esta pergunta. O que podemos dizer mesmo é que ninguém tem essa resposta. Podemos, no máximo, arriscar algumas tendências. Ainda assim, a igreja de Jesus possui características que nenhuma pandemia seria capaz de alterar. 

Um assunto sobre o qual muito se fala é da igreja digital. A quarentena fez com que líderes e pastores tivessem que mergulhar no mundo das tecnologias da comunicação. As empresas e desenvolvedores dessas tecnologias também se mexeram. Nunca se viu tantos recursos disponíveis e acessíveis a baixo custo. Aquilo que até poucos meses estava disponível apenas para grandes e ricas organizações, hoje está ao alcance de todos. 

A exposição aberta na internet implica riscos e oportunidades. Assim como milhões de pessoas em potencial poderão conhecer o pastor, a igreja, a teologia de determinada comunidade cristã e sentir-se atraída, também existe a possibilidade da exposição negativa. Muita coisa vem sendo feita às pressas, de forma improvisada, sem planejamento. Aqueles que já estavam nesse meio antes da Pandemia estão à frente, com um nível de profissionalização que lhes garante uma vitrine mais atraente. 

Fato é que há muita coisa acontecendo. Muitas perguntas vem surgindo. Milhões de pessoas estão consumindo os produtos digitais que as igrejas estão produzindo. Das dúvidas que surgem, alguém poderia legitimamente perguntar: seria essa participação virtual das pessoas nas programações da igreja a mesma coisa que uma presença e participação física? 

A realidade da igreja antes da Pandemia já revelava um público rotativo. Aquelas pessoas que circulam, sem se vincularem a nenhuma igreja local específica. Agora, com tantas ofertas na internet, esse público não tende a aumentar e se solidificar? São tantas opções! Afinal, qual seria a razão para me vincular se posso buscar o melhor de cada oferta conforme o meu agrado? Quando a quarentena terminar, teremos aumento ou declínio no comparecimento dos programas presenciais? 

Outro ponto que levanta dúvidas diz respeito às ofertas e contribuições. Sabemos que as igrejas são sustentadas por ofertas voluntárias. Como ficará essa realidade após a Pandemia? As pessoas continuarão contribuindo para uma igreja local ou direcionarão suas doações para os líderes mais carismáticos e sedutores do mundo digital? As facilidades das doações via cartão de crédito, transferências com débito em conta e outros deixarão espaço para velhas práticas que pedem dinheiro vivo em cestas, envelopes e carnês? 

Ainda uma última questão muito séria diz respeito ao desafio geracional. Talvez você já tenha ouvido referências que falam do 'virtual' como oposição ao 'real'. É um engano que as novas gerações não cometem. Pois para estes o mundo digital é real. Uma comunidade virtual é real. Eles se sentem plenamente envolvidos e atuantes nas redes sociais e no universo da internet. Eles simplesmente não entendem a razão de uma igreja local precisar se resumir apenas em eventos presenciais. Esta geração não procura por uma igreja em placas, listas telefônicas, programas de rádio, murais ou coisas assim! Logo, reproduzir pura e simplesmente na internet aquilo que já acontece num evento presencial não será suficiente para alcançar esta geração.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Entre o Medo e a Esperança

Quantos deuses a bíblia retrata?

Será que o Deus do Antigo testamento, dos Evangelhos e do Apocalipse é o mesmo?

Enquanto João escreve as palavras do livro de Apocalipse, ele está preso numa ilha conhecida como Patmos. Roma, a cidade das sete colinas, fica a oeste. As comunidades cristãs para quem João destina os seus escritos ficam na região da Ásia Menor, atual Turquia. Era uma região próspera, com grandes portos e comércio forte. Um grande centro cultural da época.

O império Romano já dava sinais da sua decadência. Na época da composição do Apocalipse o imperador era Nero ou Domiciano. É mais provável que João tenha escrito o Apocalipse durante o reinado de Domiciano (entre os anos 81 ao 96). Domiciano havia instituído o culto ao imperador. Apesar de isso não ser em si uma novidade, com Domiciano o culto ao imperador foi considerado uma lealdade ao império. Assim, procurava-se implantar um governo absoluto sobre os corpos e as almas das pessoas. Todos deveriam chamar Domiciano de 'Senhor e Deus'. Ele mesmo chamava a sua cama de o 'leito de um deus'. O palácio era o seu santuário.

Foi um período de extrema violência e perseguição a todos que se negavam a adorar o imperador como Deus. Todos, além dos cristãos, filósofos, políticos e até membros da própria família que oferecessem resistência eram banidos ou mortos. Nesse caso, o que estava em jogo era a adoração. Domiciano foi o imperador que reivindicou de todas as formas aquilo que pertence somente a Deus.

O cristianismo já havia se espalhado bastante, alcançando, inclusive o círculo dos governantes. Já havia, também, se separado claramente do judaísmo. Domiciano via o cristianismo como grande ameaça contra o culto ao imperador. Os cristão se negavam a prestar culto a qualquer outra divindade.

Com a perseguição, também João acabou preso na ilha de Patmos, um local para onde os prisioneiros do império eram levados. Assim, João escreve com a intenção de levar esperança e orientação a respeito do único Deus que é digno de adoração. Seus irmãos na fé, que continuam sendo mortos e torturados, recebiam a mensagem de Apocalipse com grande alegria e se fortaleciam para continuar fiéis apesar de todas as dificuldades.

O Apocalipse, portanto, não é uma mensagem de terror, medo e perplexidade. Mas, uma mensagem de esperança que visa exortar à coragem, à fé e perseverança em meio às tribulações e dificuldades que possam se abater (confira o Salmo 23). O Deus que se revela no Apocalipse não é outro que aquele revelado em Jesus Cristo nos Evangelhos. É desse Deus que João está falando.

Quem confia não tem motivos para temer!

Revelação em Tempos de Pandemia

O Brasil e o mundo estão passando por um dos mais difíceis períodos de sua história moderna. A pandemia com um novo coronavírus obrigou não apenas a realização de quarentenas e isolamento social, mas, também, todo um repensar da vida, sistemas econômicos e de saúde pública.

Diante de forças que aparentam estar acima da capacidade de compreensão e controle dos seres humanos, costumam surgir as mais diversas e mirabolantes teorias. Talvez você também já tenha recebido mensagens de texto, áudio e vídeo nas redes sociais com apelos diversos. Dentre estas, profecias e referências ao fim do mundo e a volta de Jesus.

Infelizmente, a maioria destas mensagens apocalípticas costumam gerar ainda mais medo e confusão do que trazer segurança e orientação em meio ao caos. O livro bíblico de Apocalipse costuma ser aquele explorado como pano de fundo desse tipo de mensagem de terror e alarmismo.

No entanto, será mesmo que é esta a mensagem do livro de Apocalipse? 

Você sabe qual o significado da palavra apocalipse? 

Apocalipse significa descobrir, desvendar ou revelar. Uma ironia, considerando que apresenta poucas dicas do significado de seus símbolos. O livro da revelação é o menos desvendado da Bíblia.

Apocalipse não é a mesma coisa que escatologia. O termo escatologia tem origem em duas palavras gregas (éschatos = último e logos = estudo). Portanto, teologicamente, 'o estudo das últimas coisas’.

O livro de Apocalipse foi escrito por João, o Apóstolo, filho de Zebedeu (Apocalipse 1. 1 e 4). Porém, há controvérsias. É possível que, assim como divergem alguns historiadores, a carta tenha outra autoria. Há quem acredite ter sido escrito por algum discípulo de João, ou, mesmo um outro Evangelho de João e das 3 cartas de João no Novo Testamento.
João da época. Isso, porém, não compromete o seu conteúdo. João foi alguém que conheceu e andou com Jesus pessoalmente. Foi um dos 12 discípulos. Autor também do Evangelho de João e das 3 cartas de João no Novo Testamento.

Dos 66 livros da Bíblia, o Apocalipse se encontra no final. São 22 Capítulos e 404 versículos. Foi escrito originalmente em grego. Embora o autor não faça citações diretas do Antigo Testamento, dos 404 versículos, 278 fazem alguma referência clara. Muito mais do que qualquer outro livro do Novo Testamento. Compreende-se porque muitos especialistas afirmam que não é possível obter uma boa compreensão do Apocalipse sem estudar a Bíblia no seu conjunto. As referências ao Antigo Testamento são, principalmente, aos livros de Salmo e de Isaías.

O número sete ocorre com muita frequência no livro. Representa inteireza, ou, plenitude, perfeição espiritual. A palavra hebraica para sete vem de uma raiz que significa 'ser cheio', 'estar satisfeito', 'ter o suficiente'. O sábado é o sétimo dia; Deus fez a Criação em sete dias; a festa de Pentecostes acontece sete vezes sete dias depois da Páscoa. Cada sétimo ano é sabático (descanso para a terra e libertação dos oprimidos – Levítico 25) e depois de sete vezes sete anos, vem o Jubileu. Não se deve perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete (Mateus 18. 22).

O livro foi escrito por volta do ano 90 da era cristã. Portanto, uma época histórica em que vários livros do Novo Testamento já estavam escritos. No entanto, aqui também existem controvérsias. Há quem situe a composição do livros numa época anterior, quando Nero era imperador e os cristãos sofriam severa perseguição. A maioria dos eruditos apontam para uma data posterior, quando o imperador já era Domiciano, que também perseguiu severamente os cristãos. João foi mais um dos perseguidos, por isso, escreve enquanto está preso numa ilha conhecida como Patmos. Seu objetivo é levar uma mensagem de esperança às igrejas perseguidas da região da Ásia Menor. É com essa perspectiva que o Apocalipse deve ser lido.

O Apocalipse é uma mensagem de esperança!