sábado, 10 de abril de 2021

Igreja e Fake News*

Geralmente as pessoas relacionam as notícias falsas à era digital da internet e das redes sociais. No entanto, vamos mais devagar, pois aí já podemos estar acreditando em algo que não corresponde totalmente à verdade. Quem cria e propaga notícias falsas somos nós, as pessoas. Os meios podem até facilitar o processo, no entanto, há sempre alguém operando. A realidade é que notícias falsas são coisa muito antiga. Não precisamos atualizar o vocabulário ou importar estrangeirismos para compreendermos aquilo que realmente queremos dizer com Fake News. Trata-se, tão somente, da velha e bem antiga mentira. 


A primeira Fake News da história é relatada pela bíblia. O primeiro casal que Deus colocou no jardim recebeu orientações claras a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.17). No entanto, a serpente veio colocar em dúvida as orientações de Deus. Quando, finalmente, o clima de suspeita estava instalado, veio a mentira: “Certamente não morrerão!” (Gênesis 3.4). Depois disso, a história da humanidade passou a ser marcada pela mentira, fofocas, boatos, calúnias e dissimulação. Isaías tinha clareza quanto ao mal que a língua pode produzir: “as suas mãos estão manchadas de sangue, e os seus dedos, de culpa. Os seus lábios falam mentiras, e a sua língua murmura palavras ímpias. Ninguém entra em causa com justiça, ninguém faz defesa com integridade. Apoiam-se em argumentos vazios e falam mentiras; concebem maldade e geram iniquidade” (Isaías 59.3-4). 

O termo Fake News tornou-se mais popular a partir das eleições americanas que elegeu Donald Trump presidente dos Estados Unidos em 2016. Mas, entrou definitivamente no vocabulário brasileiro em 2018. Assim, Fake News geralmente aparece associado a uma estratégia política utilizada em campanhas eleitorais. Consiste, basicamente, em criar e disseminar notícias falsas com intuito de gerar uma rejeição contra determinado candidato. Contextos políticos polarizados como foram as eleições presidenciais nos Estados Unidos e no Brasil, favorecem esse tipo estratégia. Isso porque a eleição costuma ser decidida não tanto pelo voto na melhor opção, mas, sim, no “menos pior”, ou seja, a eleição se decide com base na menor rejeição. As Fake News, portanto, fazem o papel de destruir ao máximo a reputação de alguém com o objetivo de gerar no eleitor a maior rejeição possível. Mas, não podemos nos restringir ao contexto político. É conhecido o efeito das Fake News também na área da saúde, da economia, da educação, das famílias e até mesmo da igreja. Vacinas são postas em dúvida quanto à sua eficácia; informações são criadas para impulsionar o preço de produtos e influenciar a bolsa de valores; a história é recontada segundo a versão que interessa a determinada ideologia; casais brigam e até se separam por causa de fofocas; líderes e pastores tem a reputação destruída por inveja e vaidade. 

Ao rejeitar o conselho e orientação de Deus, Adão e Eva deram início a tudo que acompanhamos e vivemos hoje em termos de mentiras e boatos. Se as pessoas criam e propagam notícias falsas, temos hoje uma tecnologia disponível que torna tudo mais rápido e fácil. Enquanto antigamente se observava da janela os acontecimentos e passava-se adiante a interpretação dos fatos de boca em boca, hoje, com grupos de Whatsapp e redes sociais, a fofoca foi elevada a um novo nível. É impressionante a criatividade e o tempo disponível para a criação de notícias falsas. Grandes interesses ocultos fazem com que haja pessoas dedicadas que, inclusive, são pagas exclusivamente para passarem o dia criando boatos que serão propagados na internet. Isso é possível porque sabem que milhões de pessoas estão prontas a passar adiante qualquer coisa que receberem sem se darem o trabalho de verificar a credibilidade da informação. 

Uma das coisas que facilitam a proliferação das Fake News é que elas parecem não ter origem. É muito difícil saber quem criou e de onde partiu. Outra característica desses boatos é que favorecem um clima de ‘nós contra eles’, ou seja, procura identificar os bandidos e os mocinhos do mundo. Como as pessoas, de modo geral, gostam de coisas espetaculares, caímos facilmente na tentação de compartilhar algo sem checarmos antes a veracidade da informação. Também gostamos de parecer atualizados e queremos ser os primeiros a informar amigos e familiares. E, claro, como nós gostamos de nos meter na vida alheia! Assim, tecnologia aliada à nossa natureza caída desenfreada constituem terreno fértil para todo tipo de boataria, calúnia e mentiras. Pode ser que nem tenhamos a intenção, mas, inadvertidamente compartilhamos adiante algo que, por não pararmos antes para refletir e questionar, está destruindo a reputação de alguém. 

Precisamos ser bem claros, portanto. O próprio Jesus também foi vítima das Fake News. Havia tantos boatos e acusações contra Jesus que em certo momento ele foi tirar a dúvida com os discípulos mais próximos: “E vocês, o que dizem?”, perguntou. “Quem vocês dizem que eu sou?” (Lucas 9.20). Jesus tinha uma posição muito clara frente às mentiras e à boataria. Ele reconhecia a fonte dessas coisas: "Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira” (João 8.44). O cristão, portanto, não só cuida para não criar mentiras e boatos como também cuida com aquilo que passa adiante. Existem meios para checar as fontes da informação e evitar que passemos adiante mentiras que destroem a vida de outras pessoas. 

Se, por um lado, é verdade que a mentira primordial levou a humanidade à queda, é fato também que a verdade irrompeu na história na pessoa de Jesus Cristo. A igreja, portanto, é um corpo de pessoas redimidas, cheias do Espírito Santo de Deus, capacitadas a imprimirem um novo rumo para suas vidas. Esse discernimento e compromisso com o Senhor da verdade faz de nós pessoas comprometidas com a verdade. Não podemos tolerar a mentira. Não podemos fazer de nossos perfis nas redes sociais, de nossas conversas pelo Whatsapp, algo dissociado de nossa identidade cristã. Não há espaço para uma vida paralela, por mais que o mundo virtual nos iluda quanto a isso. Pecado continua sendo pecado mesmo que atualizem a forma de se referir aos seus efeitos. O diabo que Jesus identifica como sendo o pai da mentira é o mesmo que hoje é o pai das Fake News. 

Existem apenas duas opções ao cristão: servir à verdade ou à mentira. Servir ao Senhor da verdade ou permanecer escravo do pai da mentira. “Aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz”, afirmou Jesus (João 8.47). Portanto, um cristão jamais se sujeita a ser um criador de notícias falsas, seja qual for a motivação. Se esta parece ser uma questão óbvia, a outra, parece não ser. Trata-se da propagação da boataria mentirosa. A pressa por dar o “furo” na notícia, a motivação por vezes sincera de alertar o outro contra algo aparentemente perigoso, o desejo de parecer engraçado e bem-humorado, e, sim, um desejo secreto de prejudicar alguém, podem surgir como armadilhas em nosso caminho. Além de contribuirmos para o mal, ao compartilhar notícias falsas podemos estar prejudicando o alvo da calúnia e também muitas outras pessoas que, assim como eu, estarão sendo usadas como canais de propagação da mentira. 

Existem muitos e grandes interesses por trás das notícias que circulam nas redes sociais e também nos grandes veículos da mídia. Nem sempre sabemos como nos posicionar em meio a esta verdadeira guerra de informações e narrativas. As Escrituras, no entanto, ainda nos servem de inspiração e apresentam princípios claros. Ao receberem a palavra, os bereanos examinavam tudo para ver se conferia com as Escrituras (Atos 17.11). Este exemplo pode se aplicar também quanto às notícias que a internet lança diante nós. Existem meios para investigarmos os fatos. O próprio Deus já preveniu quanto ao que se espera de seu povo frente às Fake News: "Não darás falso testemunho contra o teu próximo” (Êxodo 20.16). Na dúvida: “Excluir”. Se ainda estamos aprendendo a lidar com todas as novas tecnologias da informação, uma lição importante para começar é que nem tudo precisa ser compartilhado. 

 * Texto originalmente publicado na Revista MOSAICO, ano 04, nº 08 - março de 2019. Uma publicação semestral do sínodo Centro-Sul Catarinense (IECLB).

domingo, 21 de março de 2021

Uma Palavra aos Pastores

Você é pastor? Temos uma palavra a dizer para você que é pastor! 

Você conhece bem as cartas aos Coríntios. Certamente já pregou sobre elas. 

A igreja de Corinto era uma igreja difícil, para dizer o mínimo. Eles estavam divididos. Eles eram carnais. Eles toleravam o pecado. Eles viviam em disputas entre si. Eles discutiram sobre a liberdade cristã, os dons espirituais e a ressurreição. Polêmica era com eles mesmos. 

Talvez esta igreja fosse aquele tipo que a maioria de nós NÃO gostaria de pastorear. Bem, talvez, alguns de nós, por outro lado, gostemos de desafios. E é exatamente esse tipo de igreja que gostaríamos de encarar. 

Quem sabe, você esteja liderando uma igreja que tem seus próprios problemas semelhantes. Há dois breves trechos da primeira carta de Paulo aos Coríntios que gostaríamos de destacar. Um do começo e outro do fim da carta: 

"Sempre dou graças a meu Deus por vocês, por causa da graça que lhes foi dada por ele em Cristo Jesus. Pois nele vocês foram enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, porque o testemunho de Cristo foi confirmado entre vocês, de modo que não lhes falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês aguardam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado. Ele os manterá firmes até o fim, de modo que vocês serão irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor" 1 Coríntios 1.4-9 

"Recebam o amor que tenho por todos vocês em Cristo Jesus. Amém" 1 Coríntios 16.24 

Paulo começa esta carta expressando gratidão: “Estou grato a Deus por vocês” e, em seguida, fecha a carta dizendo “Eu amo muito todos vocês”. 

Assim Paulo abre e fecha a sua carta. A maioria de nós, talvez, diria algo diferente para esta igreja: "Vocês são uma grande bagunça". E, seria verdade. Eles estavam bagunçados em suas vidas, relacionamentos, testemunho. A imoralidade era outra marca na vida daquelas pessoas. 

Mas essa bagunça não determinou a palavra de Paulo. Pela graça de Deus, ele manteve seu foco na gratidão e no amor. Quando você faz isso, você pode suportar muitas confusões na igreja - e mostrar a graça transformadora de Deus na maneira como você lidera e ama sua congregação, sua comunidade, a sua igreja local, que você foi chamado a servir. 

Devemos lidar com os problemas, mas a gratidão e o amor superam a tristeza e a frustração. 

Que a gratidão e o amor sejam a marca do teu ministério. 
Deus te abençoe e, seja você, uma benção!

sexta-feira, 12 de março de 2021

O Drama das Escrituras

 
No livro O Drama das Escrituras, os autores propõe um olhar sobre a Bíblia seguindo uma estrutura como a da dramaturgia. Assim, eles propõem um olhar a partir de seis atos. 
(1) O primeiro ato nos fornece informação contextual essencial, apresenta os personagens importantes e estabelece a situação estável que será interrompida pelos acontecimentos que estão prestes a se desenrolar. (2) A primeira ação começa, geralmente com a introdução de um conflito significativo. O meio da peça (3) é a parte em que a ação principal do drama ocorre. Aqui o conflito inicial se intensifica e se torna cada vez mais complicado até (4) o clímax, ou o ponto de maior tensão, após o qual conflito precisa ser resolvido, de um modo ou de outro. Após o clímax vem (5) a resolução, em que as implicações do ato do clímax são elaboradas para todos os personagens do drama e a estabilidade é restaurada. 

Os autores, no entanto, ampliam o entendimento tradicional da dramaturgia em cinco atos incluindo mais um. Eles entendem que ainda há muito mais por vir. 

Assim, o drama bíblico é apresentado da seguinte maneira: 

Ato 1: pontos Deus estabelece o reino: criação 
Ato 2: pontos rebelião no reino: queda 
Ato 3: o rei escolhe Israel: a redenção é iniciada 
Ato 4: a vinda do Rei: Redenção realizada 
Ato 5: propagando a notícia do Rei: a missão da igreja 
Ato 6: A Volta do Rei: Redenção concluída. 

Esta é a maneira que o livro está dividido e se apresenta no sumário.

Venha ler conosco!

quinta-feira, 11 de março de 2021

Pastor: [quase] tudo o que você precisa para continuar a pastorear a igreja em tempos de pandemia

Faz um ano que o Brasil parou. 

Nunca um ano passou tão rápido e, ao mesmo tempo, tão devagar. 

O sentimento é de um déjà vu. Março de 2021 ou março de 2020? Onde estamos? Que diferenças há?

Entramos o mês com aquela sensação de estarmos num grande 'looping'. 

A angústia de muitos pastores e líderes de ministério está em não poder realizar os programas rotineiros da igreja. Sem cultos, sem encontros, longe das pessoas. 

Talvez encontremos aqueles que estejam até felizes com isso. Mas, não vamos focar nestes. 

A saída logo encontrada foi o de seguir para a internet. Muitos investiram em equipamentos eletrônicos, outros precisaram contratar um plano de internet melhor, sem falar no desafio de falar para uma câmera ou um smartphone. Sem ver as pessoas, suas expressões e reações, o sentimento é de frustração. Ainda assim, há que se fazer algo. 

Não dá pra simplesmente esperar que as coisas voltem ao normal. Surgiram os cultos online, criou-se polêmica em torno da Santa Ceia virtual, logo a igreja estava na rede. 

Muitos pastores descobriram que este não é um mundo tão amistoso. A lógica comunicacional nas redes é um desafio à parte. Os membros já tinham suas preferências quando se tratava de mensagens e músicas via meios eletrônicos. Já havia aqueles ministérios e pastores pop que se utilizavam da internet, com textos em sites e blogs, vídeos em canais diversos, aplicativos variados. Tudo bem feito, com bastante empenho e profissionalismo. Por que agora esses membros deixariam estas opções para "consumirem" programas amadores, vídeos mal editados, áudios ruins, tudo feito em ambientes improvisados, em "estúdios" com luz deficitária? 

Difícil. 

Onde estaria o erro? 

Ouso dizer que o erro está na consciência da vocação pastoral. 

Pastor pastoreia

Se concordamos nisso precisaremos partir da pergunta correta: Como pastorear em tempos de distanciamento social? 

Boa parte do que conhecemos como o Novo Testamento, na Bíblia, são cartas de Paulo que procurava, de alguma maneira, pastorear e ensinar os cristãos nas pequenas comunidades que surgiam na época. Algumas dessas cartas, como Filemon, Filipenses, Colossenses e Efésios foram escritas enquanto o apóstolo encontra-se preso. 

Embora, diferentemente dos camponeses que acompanhavam Jesus, Paulo fosse um intelectual instruído pelos rabis, seu coração pastoral se revela como em passagens como esta: 

"Deus, a quem sirvo de todo o coração pregando o evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como sempre me lembro de vocês em minhas orações; e peço que agora, finalmente, pela vontade de Deus, seja-me aberto o caminho para que eu possa visitá-los" (Romanos 1.9-10) 

Nada substitui o encontro presencial, o abraço, o tom na voz, a expressão facial, o estar ali, por inteiro. Há circunstâncias, porém, que impedem que as coisas sejam sempre como nós gostaríamos que fossem. 

O equívoco, embora a motivação estivesse correta, talvez tenha sido, no caso de muitos, apostar tudo naquilo que os outros estavam fazendo. A busca por modelos frente a emergência de continuar, apesar do lockdown, fez com que muitos líderes e pastores se aventurassem num mundo que lhes era estranho. As referências existentes não estavam lá por causa de uma pandemia. Elas já estavam lá antes disso. Fazia parte de outro tipo de estratégia, outra leitura de realidade.
 

Cabe, portanto, a pergunta: 

Como pastorear em tempos de distanciamento social? 

Sem nos darmos conta, talvez, agimos motivados pelas perguntas erradas: 
O que fazer agora? 
Como mostrar serviço quando os templos estão fechados? 
Como continuar justificando a minha subsistência? 
O que fazer para não deixar os membros na mão? 

A pergunta correta é: como pastorear em tempos de distanciamento social? 
Como continuar presente na vida das pessoas, ouvindo suas dores, aconselhando em momentos de crise, orando com elas e por elas? 
Como continuar capacitando ou preparando "os santos para a obra do ministério"? (Efésios 4.12). 

Sim, pastorear é a palavra chave. Se você preferir, pode assumir também o pastorear na dimensão do cuidado: como cuidar de pessoas em tempos de crise e de isolamento social? 

Permitam-me começar a responder esta questão lembrando o desafio da empatia. Colocar-se no lugar dos membros da igreja pode ser de grande auxílio. 
O que eles já tem a sua disposição, independentemente da pandemia e do isolamento social? 
Internet, conteúdos diversos, computadores, smartphones. Tudo isso já estava e continua presente sem qualquer interferência. O que a pandemia pode ter causado é o acesso a novos conteúdos. Mas, não vamos nos iludir, nossas mensagens e 'cultos online' não representaram nenhuma novidade para a maioria deles. Para aqueles de nós que só, agora, às pressas, tivemos que desbravar este mundo virtual, entramos numa concorrência pra lá de desleal. 

A pergunta, portanto, precisa ser pelo que os membros não tem neste momento. Aquele membro que escuta e, talvez, auxilia financeiramente, algum pastor ou ministério que ele acompanha pela televisão ou pela internet, quando precisa de uma visita, um aconselhamento, uma palavra de esperança para o momento de luto, a quem ele recorre? 
Será que aquilo que falta aos membros nesse momento de crise não é a mesma coisa que já faltava antes? 
Se você é um pastor diligente, independentemente da crise do novo coronavírus, já tinha o endereço, número de telefone e de WhatsApp dos membros da tua igreja local. Com um ano de paralisações, quantas vezes você já ligou para cada um dos membros que você tem sob os teus cuidados? 

Escutar a voz do pastor, ouvir uma palavra direta, um contato exclusivo, tem muito valor. Talvez a pessoa até se surpreenda. Você, então, começará a conversa de modo bem natural: "Eu liguei para saber como vocês estão!"

A maioria de tudo aquilo que os pastores e as igrejas tem produzido para suprir a necessidade ministerial pressupõe ouvidos atentos. Como emprestar nossos ouvidos à escuta 'de lá pra cá' é o verdadeiro desafio!

terça-feira, 9 de março de 2021

A Grande História

Quando nós conhecemos uma pessoa nova, geralmente nós nos apresentamos contando algumas coisas da nossa história. Também queremos saber alguma coisa da história da outra pessoa. Assim, nossas vidas acabam refletindo que fazemos parte de uma história. 

O livro O Drama das Escrituras, dos autores Craig Bartholomew e Michael Goheen, foi escrito originalmente para uma disciplina de teologia bíblica. O objetivo do livro é que o leitor possa compreender a verdadeira natureza das Escrituras: que elas são a história de Deus, a história verdadeira do mundo. E, também, desenvolver uma categoria abrangente do enredo da Bíblia: criação, pecado e Redenção. 

"O drama das escrituras conta a história Bíblica da Redenção como uma narrativa unificada e coerente da obra contínua de Deus em seu reino"

 A tendência é que as pessoas leiam a Bíblia de forma fragmentada. Assim, os autores pretendem apresentar uma visão unificada das Escrituras . 

"Quando permitimos que a Bíblia se torne fragmentada, há o perigo dela ser absorvida em qualquer outra história que esteja moldando a nossa cultura e ela, assim, deixará de mudar nossa vida como deveria"

A tese dos autores é que as Escrituras, a Bíblia, é uma história unificada convincente da qual podemos depender. E também é uma história em que cada um de nós tem lugar. 

Três ênfases desta obra, conforme os autores: 
1. O escopo abrangente da obra Redentora de Deus na criação. 
2. O lugar do Cristão na história bíblica . 
3. A centralidade da missão na história bíblica. 

A pergunta colocada no prólogo da obra é a seguinte: O que significa dizer que a vida humana é moldada por uma história? 

É preciso estar atento à grande história para compreendermos qualquer acontecimento em nossas vidas. A melhor maneira para as pessoas se conhecerem é contarem umas às outras a sua história. Mas, para dar sentido à nossa vida, devemos nos basear apenas em nossas histórias pessoais? Haveria uma grande história, um pano de fundo, uma verdadeira história que daria sentido às nossas histórias? Qual seria a história verdadeira da qual a minha vida faz parte? 

"A pergunta é se a fé que encontra o seu foco em Jesus é a fé com a qual buscamos entender toda história ou se limitamos essa fé há um mundo particular de religião e entregamos a história pública do mundo a outros princípios de explicação” (Lesslie Newbigin)

Se a Bíblia apresenta a verdadeira história de todo o mundo, é por meio de Jesus que o Cristão deveria buscar entender toda a vida e a totalidade da história. A questão é se nós compreendemos de fato qual é a verdadeira história bíblica. 

A fonte imbuída de autoridade para essa história cristã é a própria Bíblia. A Bíblia chega a nós na forma de uma grande história. Assim, "ela funciona como a palavra de Deus imbuída de autoridade para nós quando se torna a única história básica por meio da qual entendemos nossa própria experiência e pensamento e o fundamento sobre o qual baseamos as nossas decisões e ações".

Se você deseja conhecer mais dessa grande história venha participar conosco do Clube da Leitra Missional. CLIQUE AQUI para entrar no grupo de WhatsApp. 

domingo, 7 de março de 2021

Clube da Leitura Missional

Sabe quando você está lendo um livro e se empolga? 

Você vai fazendo descobertas interessantes. Gostaria de compartilhar sobre aquilo que está lendo com alguém. Aquele se torna um livro que você passa a recomendar aos amigos e familiares. 

A leitura é algo prazeroso, mas, também solitário. Por isso, nos alegramos quando encontramos alguém que leu o mesmo livro e, assim, temos com quem compartilhar impressões. 

Se você é um amante dos livros certamente sabe que nem sempre é fácil encontrar pessoas que leram ou estão lendo a mesma obra. Por isso, existem os clubes de leitura. E, felizmente, as novas tecnologias de comunicação favorecem ainda mais esta iniciativa. 

Um clube de leitura reúne pessoas com interesse num mesmo livro. Pessoas que estão lendo um livro e que gostariam de compartilhar impressões com outros a respeito do que estão lendo. Esta é uma experiência gratificante. Qualifica a leitura. Discutir e compartilhar conhecimento a partir de uma leitura em comum, portanto, é um dos objetivos de um clube de leitura. Sem dúvidas ler e saber que temos um grupo com quem compartilhar nos envolverá ainda mais na leitura. Ouvir outras percepções, ser desafiado com questionamentos e insights alternativos é estimulante. Se nós já saímos da leitura de um livro melhores do que entramos, imagine fazendo parte de um grupo com outras pessoas que estão fazendo a mesma imersão que nós!? 


Os Canais #EuLeio e Teologia Missional, do YouTube, criaram o Clube da Leitura Missional

Além dos benefícios já mencionados, o Clube da Leitura Missional tem o objetivo de fortalecer a igreja brasileira, incentivando a leitura e o conhecimento. E, também desenvolver nos cristãos uma visão ampla e profunda das Escrituras, uma eclesiologia missional a partir de uma teologia missional. 

Os livros selecionados partirão sempre da perspectiva da edificação pessoal e do nosso envolvimento no Corpo de Cristo, a Igreja de Jesus. Resumindo tudo isso, cremos que com um clube de leitura com foco em obras selecionadas estaremos contribuindo e nos capacitando como instrumentos a serviço da missão de Deus no mundo. 

Se você ficou interessado entre agora no nosso Grupo de WhatsApp. Ali você será informado em detalhes sobre esta iniciativa. 

O Clube da Leitura Missional começará no mês de abril com a leitura do livro O Drama das Escrituras dos autores Craig Bartholomew e Michael Goheen. 


Para mantermos o propósito e os objetivos de um grupo assim a participação em cada grupo específico será limitado. Maiores informações você encontra em nossas páginas e perfis nas redes sociais. 

segunda-feira, 1 de março de 2021

Discipulado em Tempos de Distanciamento Social

O que é o discipulado? 

Palavra recorrente na igreja. Tema de livros, retiros, pregações e palestras. Muito falado. Mas, será compreendido? 

Discipulado é, certamente, uma das palavras mais ambíguas na vida da igreja. Muitos líderes de igreja não possuem uma definição clara de discipulado. Existem percepções diversas no seio da igreja. 

Há quem veja o discipulado como uma transferência de conteúdos. Alguém que sabe mais ensina alguém que sabe menos. Um líder que já leu e estudou bastante transfere o seu conhecimento para alguém outro que está começando. 

Para outros o discipulado é mais um dos programas da igreja. Assim como existem os cultos, o encontro de jovens, as reuniões de líderes e outros, há também o programa de discipulado. 

A mentoria de um para um também é uma maneira de se conceber o discipulado. Uma pessoa acompanhando outra pessoa, compartilhando com o mentoriado da experiência de vida do mentor. 

Uma variação da anterior seria a mentoria em grupo. O princípio é semelhante. Em vez de acompanhar e compartilhar com uma pessoa, faz-se com um grupo maior de pessoas. 

Algumas igrejas podem compreender o discipulado como envolver a pessoa num pequeno grupo. A compreensão é de que ali o discípulo estaria recebendo todo o necessário num processo de discipulado. 

Aqueles que acreditam que o melhor aprendizado acontece na prática, podem sustentar que o melhor discipulado acontece quando se envolve a pessoa em algum ministério da igreja. O envolvimernto no ministério colocaria a pessoa em contato com outras pessoas e levaria ao desenvolvimento de dons e habilidades. 

Existe também aquela compreensão de que o discipulado seria envolver a pessoa num programa de treinamento. Com isso ela aprenderia certas táticas, comportamentos, atitudes que a tornariam um verdeiro cristão. 

Não poderia faltar a ideia de que o discipulado acontece enquanto a pessoa comparece aos cultos. Algumas igrejas sequer utilizam a palavra discipulado. Entendem que os cultos e, quem sabe algum outro programa, seja suficiente para a caminhada cristã. 

Para ampliar esta lista lembramos ainda a leitura da Bíblia. Esta provavelmente seja a disciplina de maior impacto no discipulado. Com tudo parado há tanto tempo, devido a pandemia do novo coronavírus, como garantir que o discipulado da igreja continue? Certamente o impacto está em fazer aquilo que menos se faz.

Incentivar as pessoas a lerem e estudarem as Escrituras. Ironicamente isso pode significar, para muitas igrejas, simplesmente fazer algo diferente. Estudar a Bíblia pode ser feito sozinho. Mas, também pode ser algo realizado por duas ou três pessoas. 

A ideia de uma igreja simples, sem tantos eventos e programas, pode ser a verdadeira força da igreja. O tempo de pandemia e isolamento tem dado uma grande oportunidade para pastores e líderes repensarem o seu ministério e o seu modelo de igreja. 

Se você é um líder ou pastor em uma igreja local faça a si mesmo esta pergunta: 

O que é o mínimo que se deve esperar de um membro da igreja? 

Algumas respostas que podem surgir: que participe frequentemente dos cultos; que esteja envolvido num pequeno grupo; que seja um doador; que se envolva em um ministério; etc. 

Mas, qual é o entendimento que a sua igreja tem a respeito do discipulado? Como o definiria? O que nós, como igreja, estamos realizando para fazer discípulos? O que temos feito e que leva o discípulo a parecer mais maduro? O que precisamos fazer e que ainda não estamos fazendo? 

Entre as várias definições possíveis que poderemos encontrar, uma maneira de compreendermos o discipulado seria: Inspirar e equipar pessoas a diariamente dizerem sim à missão e ao reino de Deus. 

Não se trata, aqui, de uma inspiração sentimental qualquer. Mas, aquela que vem do Espírito Santo de Deus. Equipar envolve o processo de aprender enquanto segue Jesus. Aprender não apenas como um mero repassar conteúdos, mas, como alguém que está com Jesus. 

Aprender a Bíblia ainda não é discipulado, praticar o que ela nos ensina, sim. 

Portanto, o que é discipulado? 
Discipulado cristão é comprometimento com uma pessoa: a pessoa de Jesus Cristo. Começa, portanto, com um relacionamento com Ele.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O Reino de Deus nas Parábolas e nos Milagres de Jesus

Ao longo de seu ministério na Terra Jesus ensinava, contava parábolas e realizava milagres. Enquanto suas parábolas ilustravam o reino de Deus, os milagres eram a manifestação concreta da chegada desse reino. 

Sim, com Jesus o reino de Deus chegou! 

Compreender, portanto, as parábolas e os milagres de Jesus, nos ajudam a compreendermos melhor o próprio reino de Deus. Pensando nisso, preparamos duas séries em nosso Canal no Youtube, uma sobre os Milagres e outra sobre as Parábolas de Jesus. 

Caso você se interesse, temos ainda as parábolas em forma de um curso que você pode fazer pela internet: CLIQUE AQUI.
Confira aqui o primeiro vídeo da série sobre os milagres de Jesus. trata-se da vez em que Jesus transformou água em vinho.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Jesus Não é o Caminho Para Deus

Por: Rodomar Ricardo Ramlow


Seja como uma afirmação de fé ou, seja para negar a sua verdade, você também já deve ter escutado a frase de que todos os caminhos levam a Deus

Sim, alguns creem que não importa em que ou em quem se creia. No fim, é tudo a mesma coisa. 
Outros discordam. Creem que se há um Deus Ele não é determinado pela nossa subjetividade, mas, é uma realidade que está para além de nós. Logo, há uma verdade que importa descobrir e crer. 

Para o cristão a segunda opção parece óbvia. Afinal de contas todo cristão que conhece as Escrituras, especialmente o Evangelho, já leu quando Jesus Cristo fez a seguinte afirmação: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14.6). 

Jesus é exclusivo. Único. Ele é o caminho e não uma possibilidade entre outros. Porém, resta ainda algo a ser melhor compreendido aqui. Jesus é o caminho, mas, não o caminho para Deus. 

O que isso significa? 

Para compreendermos isso melhor vamos recorrer ao nosso dia a dia e àquilo que sabemos da realidade. O que é um caminho? 

Um caminho, uma trilha, uma estrada, uma rodovia. Não importa, tudo isso tem, no fundo, o mesmo objetivo. É o meio que nos leva até outro lugar. Pensando bem, a verdade é que o caminho, em si, não nos leva a lugar nenhum. Nós é que precisamos nos colocar no caminho se desejarmos chegar lá. Se eu descer o pequeno elevado que dá da minha casa até a rua, encontrarei, de imediato, duas direções possíveis: posso descer a rua, à direita, ou, subir, na direção da rodovia. Se decidir pela esquerda, logo encontrarei três novas opções: a direita, a esquerda ou, atravessar e seguir rumo a outro bairro. Enfim, muitos caminhos, muitas possibilidades de destino. 

Quando nós pensamos no caminho como um meio, acabamos simplesmente, dando menos importância a ele. Imagine só: você está em Porto Alegre. Deseja chegar na cidade de Gramado. Por mais que haja um belo caminho, com atrações e belezas ao longo das rodovias, o mais importante no processo são você e o lugar onde você deseja chegar. Alguém poderia lembrar ainda que existem mais caminhos do que apenas um para se fazer esta viagem. O que seria verdade. 

Em que tudo isso pode nos ajudar na compreensão daquilo que Jesus está nos dizendo no Evangelho de João? Antes de afirmar ser ‘o’ caminho, Jesus diz algo que nem sempre lemos com a devida atenção. O contexto é que Jesus está oferecendo palavras de conforto, ânimo e esperança aos discípulos. E, então, entre outras coisas, ele diz que “vocês conhecem o caminho para onde vou” (João 14.4). Isso, para logo depois, dizer que é, Ele mesmo, o caminho. 

Como entender isso? 

Jesus estaria a caminho de Deus ou seria Ele o caminho para Deus? Atrevo-me a dizer que a resposta é: nem uma coisa e nem outra. Já dissemos que em nossa experiência os caminhos e rodovias não passam de referências secundárias, um meio para nos levar aonde realmente desejamos ir. Depois que chegamos ao nosso destino, o caminho fica para trás. Sequer pensamos mais nele. 

Será que é este o tipo de caminho que vemos em Jesus? Ele não passa de um meio para os nossos próprios objetivos? E, quando alcançamos aquilo que queremos nós, simplesmente, o esquecemos!? No máximo o procuraremos novamente quando precisarmos chegar a outros lugares!? Ou, quem sabe, para obtermos outras coisas!?

Lamentavelmente a nossa cultura utilitarista, em que nos acostumamos a usar tudo para satisfação de nossos próprios interesses, pode acabar desenvolvendo esse tipo de relação também com Deus. O primeiro detalhe é que Jesus não disse que ‘vocês conhecem o caminho por onde vou’. A preposição ‘por’ designa a maneira mais usual com que nós nos referimos aos caminhos: um meio para se chegar a algum lugar. Mas, Jesus diz ‘vocês conhecem o caminho para onde vou’. O sentido muda com a preposição ‘para’ que exprime direção ou lugar de destino. 

  • Resumindo: Jesus não fala de um caminho no sentido de um ‘meio’ mas de um destino, ou, um ‘lugar’ onde estar. 

Ao dizer que está no caminho e, ao mesmo tempo, que é o caminho, Jesus está reafirmando outro ponto que Ele deixará evidente mais adiante: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14.9). Enfim, é como se Jesus estivesse dizendo: Aquele que está em mim está no caminho. Aquele que está no caminho está em mim. 

Isso quer dizer que Jesus não é um meio para se chegar a Deus ou a qualquer outro destino. Aqui, o caminho é o destino. Quem viver preocupado com um destino que relativiza o caminho, perderá ambos, o caminho e o destino. 

Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (João 14.10), arremata Jesus. 

Você crê que Jesus está no caminho e que o caminho é Ele? 

Em Jesus, caminho e destino se confundem numa única paisagem. O discipulado consiste em aprendermos a desfrutar de ambos, do caminho que é destino e do destino que é caminho. 

Podemos parar de correr atrás do carro como cachorros ansiosos. Pois quando focamos só e demais um destino, em algum momento vai acontecer de o carro parar com o pneu ao alcance dos dentes, então pararemos também, sem sabermos o que fazer. 

Se não soubermos desfrutar de uma vida com Jesus hoje, o que achamos que vai ser depois, quando Ele retornar?

sábado, 20 de fevereiro de 2021

As Parábolas de Jesus

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