domingo, 29 de outubro de 2023

Uma Travessura às Vésperas do Halloween

Uma frase que lembro ter lido na traseira da carroceria de um caminhão quando eu era adolescente nunca mais esqueci: "falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Somente mais tarde viria a conhecer a expressão "frase de para-choque de caminhão". E, só mais tarde ainda, entenderia que a lógica do 'curtir', 'comentar' e 'compartilhar' das redes sociais não se importa com o 'falem bem'. Não importa o que você diga e não importa se sua posição é contra ou a favor. O que vale é que o algoritmo conta a interação. Interagiu, seja para elogiar ou para criticar, seja com like ou deslike, você está favorecendo a popularidade do post. Isso explica muita coisa. Mas, deixemos esse papo de marketing do mundo das mídias sociais de lado por enquanto. 

O principal está claro: "falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Traduzindo para as 'redes': "elogiem ou critiquem, ataquem ou defendam, mas, interajam comigo". E, assim, muitos acabam não se dando conta que seus esforços nas redes podem estar a serviço daquilo que acham estar combatendo. 

Melhor é estar a serviço do Espírito divino do que do inimigo cuja missão é matar, roubar e destruir. Melhor é estar com a Verdade do que com o pai da mentira. Se podemos estar, mesmo que involuntariamente, à serviço de forças superiores, a qual força servimos? 

Em sua biografia de Martim Lutero, Lyndal Roper destaca algo interessante ao relatar como o reformador encarou a viralização de suas famosas 95 teses: "Como Lutero teve coragem de lançar tamanho ataque ao papado e aos valores fundamentais da Igreja? Mais tarde, ele disse que, naquela época, estava como um 'cavalo vendado', obrigado a usar antolhos para se manter na linha reta. E rezava: 'Se Deus quer começar com essa brincadeira me usando, ele devia se virar sozinho, sem meter a mim (isto é, minha erudição) no meio disso'. Descreveu um estado mental em que não tinha pleno controle de suas ações e transferia a responsabilidade a um poder mais alto. Mais tarde, usou várias vezes a palavra 'Spil', jogo ou brincadeira, termo que em alemão pode ter conotações de frivolidade, para descrever as circunstâncias que envolviam a publicação das teses — como se Deus o estivesse usando para fazer alguma travessura e ele não respondesse plenamente pelo que fazia. Um jogo é também uma atividade cujo resultado não se conhece" (ROPER, Lyndal. Martinho Lutero: renegado e profeta. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020). 

Sem doces, a travessura do monge naquela véspera do dia de todos os santos (A palavra Halloween é uma abreviação para a frase “All Hallows' Eve” ou “All Hallows' Evening” que – em inglês – significa a véspera de todos os santos) acabaria gerando consequências que mudaram a história. 

Cabe refletirmos sobre o que temos ajudado a propagar, seja voluntaria ou involuntariamente. A serviço de qual 'espírito' nos deixamos usar? Algumas 'travessuras' podem ser necessárias.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

As verdadeiras Transformações Dependem de Indivíduos Transformados: Lutero e a Reforma

Um homem, uma palavra e um dia na história. O dia 31 de outubro do ano de 1517 ficou marcado como o dia da Reforma. Nesse dia, um monge irrequieto afixou noventa e cinco teses na porta da Catedral do castelo de Wittenberg, desencadeando um debate sobre práticas da igreja. Martim Lutero, o reformador do século 16, é uma figura que ecoa na história para aqueles que se interessam por história, igreja, teologia e cultura ocidental. 


A luta de Lutero com a igreja começou com inquietações profundas em sua alma. Sua batalha envolveu não apenas adversidades externas, mas principalmente seus próprios medos, dúvidas e pecados. Lutero questionava a salvação pessoal e a justificação diante de um Deus santo. Como poderia um Deus santo aceitar um ser humano pecador? 

A vida de Lutero revela que essa luta não é exclusiva dele, mas compartilhada por todos nós, pecadores que resistem à graça de Deus. Somos confrontados pela presença amorosa e redentora de Deus, mas muitas vezes confiamos em nossos próprios méritos, o que nos deixa dependurados em nossas fraquezas. 

Lutero também aprendeu que grandes instituições podem se corromper devido à fraqueza humana. Quanto maior uma instituição, maior seu poder e influência, tornando-se um terreno fértil para a corrupção. O poder e o dinheiro despertam cobiça, e a ambição por títulos e status atrai oportunistas. Lutero corajosamente desafiou essa corrupção e buscou respostas para suas perguntas mais profundas.

Nascido em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha, Lutero cresceu em uma família de classe média e mostrou interesse precoce pela educação e pelo estudo da lei. Ele ingressou na Universidade de Erfurt para estudar filosofia e direito, seguindo a tradição escolástica da época. 

Durante seus estudos filosóficos, Lutero foi profundamente influenciado pela filosofia escolástica, que buscava harmonizar razão e fé. No entanto, sua experiência pessoal e estudo das Escrituras o levaram a questionar as doutrinas e práticas da Igreja Católica Romana. Sua publicação das "95 Teses" desencadeou a Reforma Protestante, questionando a autoridade papal e enfatizando Jesus, as Escrituras, a fé e a graça de Deus. 

Lutero desenvolveu uma teologia reformada, destacando a justificação pela fé, defendendo que a salvação não depende de obras, mas da fé em Jesus Cristo como Salvador. 

Sua nova perspectiva representou uma ameaça e uma libertação. Rompeu com a autoridade de Roma e afirmou a autoridade de Cristo nas Escrituras, dando acesso a elas para todas as pessoas. Apresentou o Deus da graça, aceitação e perdão incondicional. 

A história de Martim Lutero nos inspira a enfrentar dúvidas, estudar as Escrituras com diligência e buscar uma fé autêntica. Podemos desafiar estruturas estabelecidas em busca da verdade e do crescimento espiritual. Que sua coragem e legado nos encorajem a enfrentar nossas próprias batalhas, confiando no poder transformador do evangelho. 

Que assim como no século dezesseis, vidas transformadas pelo Evangelho continuem a impactar o mundo a partir de verdadeiros discípulos, sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-14).

sábado, 7 de outubro de 2023

Reforma Protestante: ideias devem ser compartilhadas

No século XVI, a internet ainda não existia, muito menos sites e blogs. Na verdade, Johannes Gutenberg tinha acabado de inventar a imprensa de tipos móveis no século anterior. A partir daí, a publicação de livros em maior escala e a preços mais acessíveis mudou para sempre a estrutura da sociedade. Com a queda de até 400 vezes no preço dos livros, a vida intelectual deixou de ser monopolizada pela igreja e pela corte. A alfabetização tornou-se uma necessidade na vida urbana. Um grande número de escritores, músicos, políticos, religiosos, cientistas, médicos e exploradores pôde compartilhar seu conhecimento e inspiração.
Foi no século XVI que um monge se incomodou com vários erros na igreja e lutou por reformas. A igreja católica era a guardiã da cultura ocidental e, durante a Idade Média, acumulou riqueza e autoridade sem precedentes. Além do poder político, o papa detinha o maior poder - as chaves do paraíso e do inferno. Esse poder era mantido principalmente porque a igreja controlava a informação, especialmente a interpretação da Bíblia Sagrada. Desiludido com a rigidez e o controle da igreja, o monge Martinho Lutero começou a estudar profundamente as Escrituras e ousou questionar o sistema vigente. Seu profundo desejo de perdão levou Lutero a estudar a Bíblia, onde compreendeu que o justo viverá pela fé (Romanos 1. 17). Essa nova visão da graça levou Lutero a questionar especialmente a interpretação e o controle da igreja sobre as Escrituras. 

Uma das questões que mais incomodaram Lutero foi a venda de indulgências. Quem comprasse uma indulgência das mãos de John Tetzel adquiria a liberdade das consequências temporais e até eternas do pecado. Foi então que Martinho Lutero decidiu que era hora de um debate maior sobre essas questões. Ele escreveu suas 95 teses e, no dia 31 de outubro de 1517, afixou-as na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha. Essa era a maneira de apresentar os temas e iniciar uma discussão. Não se sabe quem, mas alguém imediatamente obteve uma cópia e traduziu as teses do latim para o alemão, publicando-as e distribuindo-as por todo o país. Em um mês, as teses de Lutero já estavam circulando por toda a Europa. Começava ali uma revolução que mudaria a história. Em uma época em que as informações eram controladas e manipuladas por uma única instituição, uma porta e uma imprensa se tornaram instrumentos de reforma. A porta de Wittenberg foi a rede social de Lutero para publicar suas ideias. A partir desse ponto, ninguém mais podia controlar a disseminação do texto e os debates que surgiam. Até hoje, nenhum post gerou tantos comentários e compartilhamentos!

sábado, 23 de setembro de 2023

A Carta aos Gálatas: Liberdade em Cristo e a Justificação pela Fé

 Você já leu a Bíblia hoje?

Que tal uma leitura e reflexão numa das cartas do apóstolo Paulo?

O que encontraremos nessa breve carta?

Introdução

A Carta aos Gálatas, encontrada no Novo Testamento da Bíblia, é uma das epístolas mais importantes escritas pelo apóstolo Paulo. Neste artigo, exploraremos o contexto histórico e teológico dessa carta e sua relevância contínua para a compreensão do cristianismo.



Contexto Histórico

A carta foi escrita por volta de 49-50 d.C., após a primeira viagem missionária de Paulo e o Concílio de Jerusalém. Durante essa viagem, Paulo visitou as igrejas na região da Galácia, que abrange a moderna Turquia. No Concílio de Jerusalém, os líderes cristãos chegaram a um acordo sobre a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei Judaica para os gentios convertidos.

O Conflito Teológico

Paulo escreveu a carta aos Gálatas em resposta a ensinamentos errôneos que surgiram nas igrejas da Galácia. Alguns cristãos judaizantes estavam ensinando que os gentios precisavam se submeter à circuncisão e à Lei Mosaica para serem verdadeiros seguidores de Cristo. Isso levou a um conflito teológico crucial.

A Mensagem de Gálatas

A principal mensagem de Gálatas é a justificação pela fé em Jesus Cristo. Paulo enfatiza que a salvação não vem pelas obras da Lei, mas pela fé em Cristo. Ele argumenta que a fé é o caminho para a liberdade espiritual e que os crentes não estão mais sob o jugo da Lei.

Relevância Contínua

A carta aos Gálatas continua a ser relevante hoje. Ela nos lembra que nossa salvação é baseada na graça de Deus e na fé em Cristo, não em nossas obras. Também nos desafia a não nos tornarmos escravos de legalismos religiosos, mas a abraçar a liberdade que temos em Cristo.

Conclusão

A Carta aos Gálatas é uma das joias teológicas do Novo Testamento. Ela nos ensina sobre a importância da fé em Cristo e da liberdade espiritual. À medida que exploramos os ensinamentos de Paulo nesta carta, somos lembrados de que a nossa salvação é um presente gracioso de Deus, recebido pela fé, e que somos chamados a viver em liberdade, servindo a Deus e aos outros com amor.

Boa leitura!

sábado, 29 de julho de 2023

O Pastor e a Ansiedade: Enfrentando Desafios com Fé e Sabedoria

 A ansiedade é um problema crescente no mundo moderno, afetando milhões de pessoas. A vida agitada, as pressões sociais, o uso excessivo da tecnologia e os desafios pessoais são alguns dos fatores que contribuem para essa condição. A ansiedade pode manifestar-se de diferentes formas, prejudicando a saúde mental, emocional e física dos indivíduos. Buscar equilíbrio, apoio e técnicas de gerenciamento de estresse torna-se essencial para enfrentar esse desafio global e promover o bem-estar geral.



Na igreja e entre os cristãos a ansiedade também é uma realidade. Um grupo de pessoas específico que sofre de ansiedade na igreja é o pastor. A ansiedade enfrentada por pastores brasileiros em suas trajetórias de liderança é uma preocupação constante.

Montanha-russa Emocional do Ministério Pastoral

A vida pastoral é como uma montanha-russa emocional, repleta de altos e baixos. Pastores são verdadeiros guerreiros espirituais, conduzindo suas congregações com paixão e dedicação. No entanto, por trás de suas pregações inspiradoras, enfrentam uma batalha silenciosa: a ansiedade.

Os Desafios do Ministério Pastoral

Nossos pastores enfrentam desafios diários. Eles atuam como verdadeiros portos seguros em meio a tempestades, mas muitas vezes enfrentam questões difíceis e que potencializam a ansiedade:

Disponibilidade Constante: O papel do pastor exige disponibilidade 24 horas por dia para emergências, o que pode confundir a linha entre trabalho e vida pessoal.

Isolamento Percebido: Apesar de estarem cercados de pessoas, os pastores frequentemente se sentem sozinhos, incapazes de compartilhar suas lutas com medo de parecerem fracos.

Escrutínio Público: Como figuras públicas, pastores podem sentir pressão para sempre estarem "ligados" e manterem uma imagem específica.

Trabalho Emocional: Pastores frequentemente são os primeiros a serem procurados durante crises pessoais ou luto, mantendo a confidência sobre diversos problemas da congregação.

Pressão Financeira: Muitos pastores enfrentam instabilidade financeira, trabalhando com recursos limitados e, às vezes, recebendo compensação inadequada.

Negligência Pessoal: Pastores podem se envolver tanto em atender às necessidades da congregação que acabam negligenciando suas próprias necessidades físicas e mentais, assim como tempo com família e amigos.

Polarização Crescente: Assim como em outras áreas da sociedade, igrejas têm pessoas em extremos políticos, ideológicos e teológicos, o que pode tornar a navegação espiritual desafiadora e estressante.

Enfrentando a Ansiedade no Ministério:

Apesar dos desafios, existem maneiras práticas de combater a ansiedade no ministério:

  1. Evite Pensamentos Extremos: Em vez de buscar a perfeição, aceite que cometer erros é uma oportunidade de aprendizado. O otimismo é mais saudável do que o idealismo.
  2. Transforme o Estresse em Aliado: Identifique o que causa estresse e direcione sua energia emocional para exercícios produtivos. Concentre-se no que você pode controlar, em vez de se preocupar com o que não pode mudar.
  3. Aprenda a Rir dos Erros: Em momentos difíceis, aprenda a rir de si mesmo. Isso ajuda a aliviar a tensão e a enfrentar as situações com leveza.
  4. Diga "Não" Mais Vezes: Não tente fazer tudo para todos. Defina limites saudáveis e guie as expectativas da congregação de forma realista.

Lembre-se, todo pastor enfrenta estresse, mas é fundamental evitar que a pressão se acumule a ponto de causar ansiedade. Cuidar de si mesmo é essencial para o bem-estar do líder e de sua igreja.

Compartilhe este artigo e juntos, como líderes e cristãos engajados, podemos apoiar uns aos outros para superar os desafios da ansiedade no ministério.

sábado, 15 de julho de 2023

Por que Igrejas Menores Devem se Destacar em Hospitalidade

Descubra por que as igrejas menores têm uma vantagem na área de hospitalidade em comparação com as igrejas maiores e como podem usar essa oportunidade a seu favor.

Quando se trata de hospitalidade, as expectativas dos convidados variam dependendo do tamanho da igreja. Ao entrar em uma igreja extraordinariamente grande, é comum que as pessoas esperem anonimato. Afinal, um ambiente com milhares de metros quadrados e multidões pode parecer menos acolhedor do que uma igreja menor, onde cada indivíduo é mais notado.

Vamos fazer uma analogia. Quando visitamos um estádio de futebol lotado, como o Maracanã para assistir a um Fla x Flu, não esperamos que as pessoas façam um esforço especial para nos receber. Com milhares de pessoas ao redor, a eficiência é priorizada em relação à hospitalidade. Por outro lado, quando entramos em um pequeno restaurante familiar, as nossas expectativas mudam. Nesse contexto, a hospitalidade se torna a prioridade em vez da eficiência.

Claro, igrejas não são estádios nem restaurantes, mas o princípio sociológico se mantém. É desconfortável entrar em um ambiente com poucas pessoas e ser ignorado, enquanto em uma multidão maior, é mais comum passar despercebido.



A Diferença entre Simpatia e Hospitalidade

Muitas igrejas se consideram simpáticas, mas poucas realmente demonstram hospitalidade. O problema é que a simpatia geralmente é direcionada internamente, ou seja, os membros são gentis e amigáveis entre si, mas ignoram os visitantes. No entanto, é possível ser amável sem oferecer hospitalidade genuína. A hospitalidade vai além da simpatia e envolve generosidade e sacrifício em relação aos visitantes. No Novo Testamento, a palavra grega para hospitalidade significa amar aqueles que estão do lado de fora.

Em sua primeira carta, o apóstolo Pedro ressalta a importância da hospitalidade:

"O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam criteriosos e sóbrios na oração. Acima de tudo, amem-se sinceramente, pois o amor cobre uma multidão de pecados. Sejam também hospitaleiros, uns para com os outros, sem reclamar. Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas várias formas"

1 Pedro 4:7-10 (NVI)

Essas palavras de Pedro nos mostram que a hospitalidade é uma maneira de a igreja brilhar em meio ao caos do mundo. Além disso, independentemente dos dons espirituais, todo crente é chamado a praticar a hospitalidade. De fato, a hospitalidade amplifica e aprimora todos os outros dons espirituais. Infelizmente, esse ministério essencial muitas vezes é subestimado nas igrejas, mas cada membro deve se esforçar para exercê-lo!

Cinco Maneiras Simples de Fortalecer o Ministério de Hospitalidade

Como tornar a visita a uma igreja memorável para um convidado? Em grandes multidões, a experiência em si pode ser o aspecto memorável, mas em ambientes menores, o que as pessoas valorizam é a conexão pessoal. Embora as igrejas maiores recebam mais visitantes devido ao seu tamanho, elas nem sempre conseguem assimilá-los. Por outro lado, uma igreja de tamanho médio tem uma oportunidade melhor de estabelecer conexões pessoais com os convidados.

O problema é que muitas igrejas, tanto grandes quanto pequenas, não dão a devida importância ao ministério da hospitalidade para aproveitar essa oportunidade. Elas acreditam que serem amáveis entre si é o suficiente para que os visitantes se sintam acolhidos, mas na realidade, muitos convidados se sentem ignorados ou excluídos quando ninguém se esforça para oferecer uma hospitalidade genuína.

Como, então, uma igreja menor pode se destacar na hospitalidade? Veja cinco dicas práticas:

  1. Aloque mais recursos do orçamento: Seu orçamento deve refletir as prioridades do ministério. Não economize em hospitalidade! Reserve um valor para que o pastor possa convidar os visitantes e suas famílias para um almoço após o culto. Além disso, um simples cartão de agradecimento escrito à mão pode causar uma impressão duradoura.
  2. Não negligencie sua presença online: Monitore suas redes sociais e responda rapidamente às perguntas. Mantenha seu perfil do Google atualizado com informações corretas, como endereço, horários dos programas, telefone e horário de funcionamento. Em seu site, inclua fotos reais dos membros da congregação, evitando o uso de imagens de internet. E lembre-se de não usar uma foto vazia do templo como imagem principal!
  3. Capacite os voluntários para causarem uma boa primeira impressão: A atenção pessoal faz toda a diferença na hospitalidade. Cumprimentar alguém com um aperto de mão e um sorriso é um gesto amigável, mas a verdadeira hospitalidade envolve conversar, acompanhar a pessoa até o um lugar no templo, sentar-se ao lado dela e conhecê-la melhor, além de convidá-la para um momento de comunhão após o culto. Lembre-se: é importante que, após uma interação, você realmente conheça melhor a pessoa.
  4. Destaque os convidados no culto e faça um acompanhamento: Agradeça aos convidados do púlpito a cada semana (sem mencioná-los pelo nome). Peça a eles que forneçam suas informações de contato, usando cartões de conexão com QR Codes para facilitar o preenchimento digital. Certifique-se de ter canetas disponíveis nos assentos. Entre em contato com cada convidado pelo menos três vezes, seja por telefone ou e-mail. Aqueles que forneceram um endereço físico também devem receber um bilhete de agradecimento escrito à mão. Por fim, convide-os para participar de um grupo pequeno ou classe de escola dominical.
  5. Dê o exemplo: Igrejas hospitaleiras têm pastores hospitaleiros. O livro de Tito (Tt 1) é claro nesse aspecto. Se os pastores não praticam a hospitalidade, não estão aptos para liderar suas igrejas. Ter convidados em sua casa é tão importante quanto possuir uma doutrina sólida. A hospitalidade começa com o pastor!

Hospitalidade é a oportunidade que muitas igrejas menores estão deixando passar. Francamente, a boa hospitalidade é escassa em nossa cultura. No entanto, a igreja pode causar uma impressão memorável e ter um impacto maior investindo nesse ministério tão importante.

Fonte: Esse texto é uma adaptação do original publicado em  Church Answers Blog.

quinta-feira, 13 de julho de 2023

O Sacerdócio na Bíblia: Mediadores Entre Deus e a Humanidade

Introdução

No contexto religioso, a figura do sacerdote desempenha um papel crucial como autoridade e ministro dos ritos sagrados. Ele é o responsável por administrar os rituais religiosos, especialmente os de sacrifício e expiação. No Antigo Testamento, o sacerdócio era restrito à tribo de Levi. A história do sacerdócio começa com Arão, passando por Eleazar e Finéias, como mencionado em Números 25.11ss. Eles serviam como mediadores entre Deus e os homens, seguindo rigorosos padrões de pureza e desempenhando diversas funções, desde oferecer sacrifícios até ensinar a lei de Deus ao povo.



O Papel do Sacerdote no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, o sacerdote era fundamental para as relações do povo de Deus com o divino. Era a ele que o povo se dirigia para buscar orientação e respostas de Deus. Além disso, o sacerdote tinha a responsabilidade de lidar com os oráculos da sorte, conhecidos como Urim e Tumim, e também de garantir a adequação das oferendas e sacrifícios apresentados. Sua função primordial era a comunicação da Torá, a lei de Deus, aos membros da comunidade.

A Transformação do Sacerdócio no Novo Testamento

A figura do sacerdote sofre uma transformação significativa no Novo Testamento por meio de Jesus Cristo. Ele se torna o verdadeiro Sumo Sacerdote, oferecendo-se como sacrifício perfeito para expiar os pecados da humanidade e reconciliar a humanidade com Deus. Diferentemente dos sacerdotes anteriores, Jesus é tanto a vítima quanto o próprio sacerdote. Seu sacerdócio é eterno e superior a todos os outros sacerdotes, proporcionando acesso direto a Deus para todos os crentes.

A Superioridade do Sacerdócio de Cristo

A carta aos Hebreus apresenta a superioridade do sacerdócio de Cristo. Ele pertence à ordem de Melquisedeque, como mencionado nos Salmos 110.4 e Hebreus 5.6. Jesus ofereceu um sacrifício perfeito que agradou a Deus, estabelecendo-se como o único mediador entre Deus e a humanidade. Seu sacrifício substituiu a necessidade de outros sacrifícios e mediações, proporcionando perdão e reconciliação com Deus.

A Doutrina do Sacerdócio de Todos os Cristãos

A Reforma Protestante trouxe uma importante compreensão do sacerdócio. Martim Lutero enfatizou que todos os cristãos são sacerdotes e têm o direito de interpretar as Escrituras sem a necessidade de intermediação. A doutrina do sacerdócio de todos os crentes permitiu a participação ativa das autoridades civis na Reforma, uma vez que os cristãos têm a responsabilidade de buscar a reforma da igreja.

Conclusão

A figura do sacerdote na Bíblia desempenha um papel crucial como mediador entre Deus e a humanidade. Desde os sacerdotes levitas do Antigo Testamento até Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote perfeito do Novo Testamento, a função do sacerdócio evoluiu para trazer reconciliação, expiação e acesso direto a Deus para todos os crentes. Como uma comunidade sacerdotal, todos os cristãos são chamados a representar Deus para o mundo, obedecendo à Sua vontade e compartilhando o evangelho da salvação.

Espero que este artigo tenha esclarecido o significado e a importância do sacerdócio na Bíblia. Se você tiver mais dúvidas ou quiser discutir outros assuntos relacionados, fique à vontade para comentar abaixo.

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Quantos Canários Ainda Precisam Morrer?

Durante décadas, a partir do início dos anos 1900 na Grã-Bretanha, os mineiros de carvão levavam canários em uma gaiola quando desciam para as minas escuras. Os canários eram altamente sensíveis ao monóxido de carbono, muito mais do que os humanos. O gás monóxido de carbono é incolor e inodoro, e os humanos geralmente têm apenas sintomas leves no início. Os vapores letais podem tirar a vida de uma pessoa rapidamente, muitas vezes sem aviso prévio. 

Assim, os mineiros de carvão observavam os canários conforme avançavam mais profundamente nas minas. Se um canário repentinamente demonstrasse que sua vida estava se esvaindo, os mineiros sairiam rapidamente da mina. Eles haviam recebido um aviso antecipado que salvava suas vidas. 

O processo dos canários sacrificiais foi tão útil na Grã-Bretanha que alguns mineiros continuaram a usar os pássaros até 1986, quando a legislação britânica determinou que os mineiros tinham que substituir seus canários por detectores eletrônicos de monóxido de carbono mais eficazes. Os detectores eram muito mais eficientes e precisos.


Em muitas igrejas os canários estão sendo ignorados enquanto líderes e pastores seguem teimosamente para um fundo escuro e sem retorno.

Diminuição na frequência aos programas da igreja. Diminuição no número de membros. Cada vez menos ofertas e contribuição espontânea. Cada vez menos investimento em missões. Poucas pessoas se voluntariando para auxiliar nos trabalhos. Não surgem mais novas lideranças. As pessoas que ainda fazem parte da igreja demonstram insatisfação. 

Os 'canários' estão morrendo.