domingo, 10 de janeiro de 2021
Tendências na Igreja Pós Pandemia (1)
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Vinho, Café e Igreja
O desenvolvimento do paladar e o consumismo nos modelos de igreja
Bebidas como o vinho e o café possuem características em comum. Ambas podem ser encontradas numa variedade quase infinita.
Eu cresci em meio aos cafezais. Estados como Minas Gerais e Espírito Santo são ricos nessa cultura que fascina tantas pessoas. Além das características dos diferentes cafés é possível falar também de variedade e qualidade.
Hoje moro numa região de vinícolas. A serra gaúcha é famosa por seus parreirais, uvas, sucos e vinhos. Em minhas andanças pelo sul do nosso Brasil fui descobrindo que, assim como fazíamos no interior do estado do Espírito Santo, colhendo, secando, torrando, moendo e passando o nosso próprio café, também muitos pequenos produtores de uvas fazem o seu suco e o seu vinho artesanal.
Relembrando aquela experiência com o café, uma coisa que hoje consigo discernir é que não havia muita preocupação em procurar fazer algo requintado, especial, diferenciado. As famílias simplesmente tomavam café. Era aquele único café: preto, puro, geralmente servido num copo americano. Especialmente o café do tipo arábica que, diziam, é mais próprio para se beber. Os gostos não estavam num refinamento que discerne as sutilezas do sabor de um 'bom' café. Podia variar na torra, se mais fraco ou mais forte, mais quente ou mais frio, com o sem açúcar. Geralmente ficava por aí! Assim, a maioria dos produtores de café, falando especialmente dos pequenos produtores, talvez ainda hoje jamais tenham provado aquilo que nos grandes centros se toma como um 'bom' café, os cafés finos e tal. Eles tomam café com pão, com brote, com bolo, com língua (expressão utilizada quando a situação era precária e não havia o que comer - só tinha mesmo o cafezinho puro, sem nada pra comer ou acompanhar).
Especialistas concordam que o paladar do ser humano é treinado. Podemos desenvolver o gosto pelas coisas. Existe, inclusive, a expressão 'alfabetizar o paladar'. Quem nunca lutou contra a dificuldade de fazer as crianças comerem coisas saudáveis?
Para não tornar essa introdução longa demais, fato é que se insistirmos em provar diferentes vinhos bem como diferentes cafés, notaremos que, com o tempo, não conseguiremos mais tomar aquelas bebidas feitas de qualquer jeito, ignorando as característica do fruto, a falta de cuidado no processo de produção, desatenção à qualidade da matéria prima. Diríamos agora que não mais tomamos café ou vinho. Somos apreciadores de um bom café ou um bom vinho. Nunca mais você conseguiu ir ao supermercado e sair de lá com um daqueles garrafões de vinho barato ou com uma lata de café solúvel.
Se você ficou curioso para saber aonde pretendo seguir com essa conversa toda ou, o que isso tem a ver com esse blog, eu digo: muitas igrejas, com um desejo e um planejamento bem intencionado de serem missionais, contemporâneas, seguiram bons princípios que geraram crescimento da congregação, maior frequência aos cultos e programas da igreja. Assim como bons cafés e bons vinhos miram um público mais seleto, de gosto refinado, muitas igrejas também trataram de aprender com os Shopping Centers.
Aplicaram princípios que melhoraram a qualidade de suas instalações, oferecendo banheiros limpos e cheirosos, espaços amplos e confortáveis, estacionamentos próprios e seguros, espaços e programas excelentes para as crianças, uma pregação cativante, com temas inspiradores e atuais, músicos profissionais capazes de conduzir a uma experiencia de adoração envolvente, tudo com um planejamento de comunicação e marketing profissional, garantindo que a semana seguinte será ainda melhor. Nada disso é, em si, ruim. Assim como não há qualquer problema em querermos desfrutar de um bom vinho. O problema é que, assim como quem desenvolveu seu paladar para apreciar um bom café e um bom vinho não consegue mais tomar 'qualquer' café, 'qualquer' vinho, essa ênfase no crescimento da igreja, na igreja atraente, confortável e sofisticada, acaba focando um público seleto, um segmento classe média da sociedade já bastante acostumado com esse tratamento vip. Um pessoal exigente. Outros, que em termos de experiencia de igreja, foram mimados e tiveram seus 'paladar' eclesiástico alfabetizado nesses novos modelos, caso um dia se mudem, ou, se decepcionem e queiram procurar outra igreja, dificilmente se acostumarão novamente aos modelos, digamos, 'artesanais' ou, simplesmente, tradicionais de igreja.
Os garrafões toscos, as garrafas pet, as latas e vidros de solúvel, foram feitos para as massas. É o simples e barato que não atrai mais. Minha coleção de rolhas revela que aprendi a apreciar as coisas finas!
Essas pessoas peregrinarão em busca, não do Evangelho, mas, de uma experiencia de consumo satisfatória para elas. É o que Alan Hirsch chama de modelo de igreja alternativa que, geralmente, se apresentam como espaços atraentes ao cliente que busca por espiritualidade e experiência religiosa. O problema é que esse tipo de proposta sempre poderá ser superada por outra. E, o consumidor tende a optar por aquele que lhe oferece maiores vantagens ou, algo mais ao seu 'gosto'. Não surpreende termos um público que se declara cristão ao mesmo tempo que não consegue se encontrar em nenhuma comunidade local.
O mercado de consumo forma consumidores ávidos pela novidade, pela próxima degustação, de preferência, grátis!
O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho em uma festa. E, ao que tudo indica, foi um bom vinho. Não há nenhum problema em aprendermos a apreciar e a desenvolver coisas boas. Deus criou o mundo e na sua avaliação tudo era bom, muito bom. Nossos ambientes, programas e estruturas não precisam ser algo precário, sujo, remendado, escorado, desconfortável. Jamais.
No entanto, cabe o desafio de refletirmos se estamos conseguindo desafiar as pessoas com o Evangelho de Jesus Cristo, atuando para formar comunidades de fé, ou, simplesmente temos investido tempo, recursos e energias para satisfazer um ímpeto consumista que confunde a fé com produtos bem embalados em mensagens de auto ajuda. Uma coisa é satisfazer consumidores. Outra é fazer discípulos. O que Jesus pediu é o segundo. Nas palavras de Alan Hirsch, "o consumo é prejudicial ao discipulado".
Por mais que possamos desenvolver o nosso paladar para as boas coisas da vida, o indispensável continuará sendo aquilo que nutre, matando a sede e a fome todos os dias.
Você já conhece o nosso site?
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
A Igreja Missional na Bíblia
Para você que se interessa pelo tema da Igreja Missional, sugerimos este excelente livro de Michael Goheen. Trata-se de uma abordagem prática e objetiva, perpassando pela Bíblia em busca da compreensão missional. CLIQUE AQUI para adquirir.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
As Parábolas de Jesus
Você também é um admirador das parábolas que Jesus contou?
Nos Evangelhos nós encontraremos quase 40 parábolas contadas pelo mestre ao longo de seu ministério. Em nosso Canal no Youtube comentamos algumas delas.
Nesta primeira temporada da série nós escolhemos 10 parábolas de Jesus para comentar e, assim, oferecer a essência da mensagem destas parábolas pra você.
CLIQUE AQUI para acessar a Playlist.
Tem mais! Estamos disponibilizando um curso sobre as Parábolas. Interpretar bem o texto bíblico é fundamental para todo e qualquer cristão. Ainda mais para pastores, pregadores, líderes de pequenos grupos e estudantes de teologia.
INSCREVA-SE no curso As Parábolas de Jesus AQUI.
domingo, 29 de novembro de 2020
O 'Novo' Normal
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
Um pastor deveria se filiar a um partido político?
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Tomar Decisões Cansa!
1. Para onde estamos indo como Igreja?
2. Por que fazemos o que fazemos?
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
O Que Você Vai Ser Quando Crescer?
Por: Rodomar Ricardo Ramlow
Já não é mais assim que, no Brasil, todo menino quer ser um jogador de futebol e toda menina sonha em ser modelo.
Os novos tempos e as novas tecnologias permitiram também às crianças ampliarem os seus horizontes.
Enquanto, sim, ainda muitas sonham em ser astronauta, há também tantos que sonham em ser youtuber ou tiktoker.
Embora não haja qualquer necessidade de acelerar nada na vida das crianças, o fato é que as brincadeiras de infância acabam despertando a imaginação e influenciando, de alguma maneira, as futuras vocações.
Vocação é algo fundamental na vida de qualquer pessoa. É muito triste saber, no entanto, que tantas pessoas não podem dedicar-se ao seu verdadeiro chamado. Isso acontece por diversas circunstâncias.
Num país com tantas dificuldades econômicas e de educação como é o caso do Brasil, ter um emprego, para muitos, já é um sonho realizado.
Enquanto aguardamos dias melhores, podemos tentar fazer a nossa parte, aquilo que nos cabe, para somar na vida das pessoas.
Olhando para a minha própria trajetória, já trabalhei na lavoura, desde adolescente. Depois, trabalhei num bar, numa fábrica de costura, numa loja de conveniências, numa igreja e numa faculdade.
Enquanto não podemos nos dedicar àquilo que realmente queremos, precisamos manter e o foco e perseguir os nossos sonhos. Assim, nos fortalecemos na certeza de que muitas coisas em nossa vida são provisórias. São degraus, etapas de aprendizado e crescimento.
A verdadeira vocação está para além de trabalho, emprego, profissão e carreira. Descobrir isso é libertador. É uma reflexão que trabalha em nossa motivação, naquilo que nos move todos os dias.
Podemos trabalhar para ganhar mais dinheiro, obter uma promoção, sermos reconhecidos pelas pessoas, ou, simplesmente para trazermos o sustento para casa. Quando compreendemos a nossa vocação, no entanto, percebemos que se trata de dar a nossa própria contribuição ao mundo numa determinada área.
Para descobrir o seu lugar e fazer a diferença no mundo, é necessário compreender como funciona a vocação.
Vocação tem a ver com chamado. É isso que a palavra vocação significa: um chamado. Uma voz que chama. Podemos imaginar a voz de uma mãe que chama o filho ou a filha para lhe auxiliar numa tarefa. Um pai que chama o filho para auxiliar na preparação do almoço.
Estas pequenas atividades inescapáveis do dia a dia, porém, ainda não tocam a profundidade e abrangência universal e existencial da vocação.
Se a vocação consiste num chamado para dar a nossa própria contribuição no universo, então, a voz que chama é maior, está além da confusão de vozes humanas. Não basta um pai que deseja que eu seja advogado, uma mãe que gostaria que eu fosse médico, a universidade que me quer pós graduado e assim por diante.
É mais que um sonho. Vai além de nossos pais que tanto gostariam de ver realizado nos filhos os sonhos que eles mesmos viram frustrados em suas vidas. Vai além da demanda de um mercado frio, impessoal e competitivo.
Quando encontro a minha vocação, faço escolhas que nem todos compreenderão. Os critérios mudam. Promoções, maiores salários, status, poder, tudo isso fica para segundo plano. Haverá, até mesmo, quem te chame de louco por causa das coisas que você é capaz de abrir mão.
Ainda assim, vale a pena. Haverá também aqueles que te compreenderão. Estes, geralmente, são aqueles que te amam e que também já descobriram a sua própria vocação. Eles também ouviram a voz e atenderam o chamado.
domingo, 20 de setembro de 2020
Sobre Pastores Que Estão Prestes a Desistir
O tempo de pandemia gerou muita reflexão. Também na igreja, é claro. Muitas pessoas pararam para refletir sobre a vida, as prioridades, as coisas que realmente importam.
Recentemente uma famosa jornalista surpreendeu muita gente ao anunciar mudanças em sua vida. Ao deixar uma grande emissora focada em notícias ela afirmou que deseja priorizar seus propósitos daqui pra frente.
O exemplo serve para alertar a igreja sobre seus pastores. Em seu blog, o consultor de igrejas Thom S. Rainer afirma que tem se comunicado com muitas equipes pastorais durante o período da quarentena devido ao COVID-19. Sua constatação é que muitos desses pastores estariam demonstrando um forte desejo por deixar o ministério.
Embora Rainer seja conhecido também em círculos internacionais, provavelmente ele esteja baseando suas informações mais ao contexto norte americano. Ainda assim, não nos parece difícil deduzir que pode ser, sim, uma tendência mais geral. Períodos como este que passamos não são comuns. A parada forçada certamente levou muitos de nós a refletir e repensar. O quanto tudo isso será capaz de gerar impulsos para mudanças mais radicais ainda está para ser constatado.
No entanto, embora o caráter específico de muitas mudanças ainda não estejam tão evidentes, de uma coisa poucos parecem duvidar: haverá mudanças. No caso de pastores demonstrando o desejo de deixar o ministério para focar em outras carreiras, Thom Rainer afirma se tratar de uma tendência que a crise do COVID-19 apenas exacerbou. A mudança já era latente.
Há um detalhe importante aqui. Rainer não afirma que esses pastores estejam tão somente frustrados e desejosos por abandonar o ministério. Certamente há, entre eles, alguns assim. Mas, acontece que há um desejo por novos modelos frente às igrejas negativas e apáticas que vem caracterizando parte do segmento cristão.
Entre os motivos listados por Rainer, pastores estariam desejando mudanças em seu ministério porque também eles estão cansados com a pandemia. Pastores, geralmente, gostam de pessoas. E, estão sentindo falta do contato, dos relacionamentos, de pastorear. Tiveram tempo para refletir sobre tudo isso. E, se perguntam se uma retomada na rotina significa, de fato, poderem dar prioridade a sua verdadeira vocação.
Tantos pastores também estariam cansados da politização que se fez em torno da pandemia. Veem suas igrejas divididas politicamente, fazendo das máscaras, do isolamento, do ter ou não ter eventos públicos muito mais uma bandeira política do que uma genuína preocupação com a segurança geral.
Embora nem tudo se resuma a números, existe muita pressão sobre os pastores nessa área. O número de membros e a arrecadação financeira das igrejas recaem sobre os pastores. Muitos vivem a insegurança de como será daqui pra frente: os membros retornarão? A igreja conseguirá seguir em frente? Haverá recursos suficientes? Haverá necessidade de cortes? Será possível continuar apoiando todos os ministérios como antes? O futuro financeiro nebuloso gera ansiedade e medo.
Muitos pastores estariam experimentando um crescimento no número de críticas recebidas depois da pandemia. Os motivos podem ser diversos. É evidente que os membros das igrejas também estejam cansados e angustiados. Para muitos, o alvo mais evidente das críticas é o pastor. Sem falar da pressão de membros que exigem posicionamentos públicos de seus pastores frente a temas políticos e ideológicos diante dos quais é difícil se posicionar sem se comprometer com algum segmento e, consequentemente, desagradar ainda mais.
Há ainda muitos pastores que experimentaram aumento na carga de trabalho. Embora muitas pessoas vejam o trabalho pastoral meramente como executar e coordenar programas, a realidade é que o serviço pastoral vai muito além disso. A realidade de pandemia obrigou a muitos a se adequarem para continuarem parecendo relevantes. O desafio da realidade digital levou a novos aprendizados, mais esforço, novas atividades. Tudo isso aliado ao fato de que a demanda por atendimento pastoral cresceu durante a pandemia.
Enfim, pastores também sentem se esgotados, pressionados e desanimados.
Talvez nem todos sintam-se encorajados a declarar suas intenções. Mas, não será surpresa se você também ouvir de seu pastor que ele está desejando mudar.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Da Caixinha de Promessas aos Memes da Internet
“a exegese é o estudo cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o significado original que foi pretendido. A exegese é basicamente uma tarefa histórica. É a tentativa de escutar a Palavra conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; descobrir qual era a intenção original das palavras da Bíblia” (Gordon Fee & Douglas Stuart),